Por
Alexandre Giesbrecht
Não, eles ainda não são aqueles favoritos do início
da temporada passada. Mas estão muito mais perto disso do que
do desastre iminente que pareciam ser antes do início desta.
Desastre este que parecia estar se concretizando quando os jogos começaram,
e a campanha afundou até chegar a 1-5-4.
Estou falando dos Sharks.
Depois de uma sólida temporada 2001-02, quando faltou apenas
uma vitória para alcançar as finais do Oeste, o time ganhou
status de favorito para 2002-03, mas o que se viu foi um time apático,
aparentemente trespassado por seu próprio salto alto, que não
conseguiu chegar sequer aos playoffs.
Para esta temporada, projetava-se um San Jose Sharks em reconstrução,
trocando peças em busca de um novo lugar ao sol. O primeiro a
sair foi o capitão Owen Nolan, ainda na data-limite da temporada
passada. O próximo acabou sendo o goleiro reserva Miika Kiprusoff,
que foi estrelar no Calgary em novembro. E muitos cogitavam que o seguinte
seria Vincent Damphousse.
Só que a reviravolta deu novas esperanças ao time. Depois
de devorar os Kings por 5-0, na sexta-feira, os Sharks passaram a dividir
com o próprio time de Los Angeles a primeira colocação
na Divisão Pacífico, algo que já representava um
sonho distante em setembro e que, com o mau começo em outubro,
parecia praticamente impossível.
Que ninguém ache, entretanto, que estou recolocando o San Jose
no rol dos favoritos. Eles estão jogando bem, é verdade,
mas ainda acho difícil que cheguem muito longe nos playoffs,
mesmo que ganhem a divisão. Ganhar a divisão, aliás,
é algo realista, hoje.
Os Kings, que passaram quase a temporada no topo do Pacífico,
têm perdido jogadores a rodo por contusão, incluindo Adam
Deadmarsh, que nem sabe se vai conseguir voltar a jogar e Jason Allison.
Já os Stars, que dominaram a divisão nos últimos
anos, têm elenco para dominar, mas não têm conseguido
produzir. Os Ducks, depois de chegar às finais da Copa Stanley
no ano passado, vivem uma temporada de altos e (muito mais) baixos,
sem saber se quem faz mais falta é Paul Kariya, que já
saiu, ou Jean-Sebastien Giguere, que continua no time, sem mostrar o
brilhantismo de maio passado. Já os Coyotes, sem conseguir dinheiro
para montar um time competitivo, surpreendem até certo limite,
e já ficariam contentes com uma vaga para os playoffs em oitavo.
Se o panorama não se alterar, os Sharks competirão pelo
título da divisão, mas uma vaga para os playoffs está
cada vez mais próxima. Mais jogadores estão produzindo
bem. Patrick Marleau lidera o time em gols (16) e pontos (26), e Damphousse
lidera em assistências (17), com o zagueiro Brad Stuart em segundo
(14). Marco Sturm (11 gols, 21 pontos) e Jonathan Cheechoo (11 gols,
18 pontos) também vêm bem.
A linha de Cheecho, que incluía Scott Thornton e Mike Ricci,
tinha caído de produção nas últimas semanas,
mas a substituição de Ricci por Wayne Primeau fez renascer
a química da linha. Nos 14 jogos antes da mudança, Cheechoo
tinha um gol, e Thornton, nenhum. Desde então, o time tem 4-1-1-1,
Cheechoo marcou quatro gols e Thornton marcou um importante gol contra
os Wings.
Ricci, que também não vinha produzindo a contento, acabou
relegado à quarta linha. Aquele que sempre foi conhecido como
o coração do time ficou numa situação difícil,
pois tornar-se-á agente livre irrestrito ao final da temporada
e, com seus US$ 3 milhões de salário, o terceiro maior
salário do elenco, não será fácil achar
algum time para levá-lo em uma troca.
Que ele tem condições de recuperar o prestígio,
ninguém duvida, e ele é um dos poucos jogadores dos Sharks
que poderia ter o benefício da dúvida, não apenas
por parte da torcida, que o adora, mas também por parte do GG
Doug Wilson. Na temporada passada, por exemplo, ele jogou 75 partidas
com um problema nas costas que exigiu cirurgia durante as férias
e não usou como desculpa para más atuações.
Mas esses não são os motivos por que os Sharks conseguiram
dar essa virada. Um deles certamente é o goleiro Evgeni Nabokov.
Ele não está ao mesmo nível de duas temporadas
atrás, mas voltou a dar segurança ao resto do time, algo
que não aconteceu em 2002-03. A ascenção do reserva
Vesa Toskala também não pode ser ignorada. Toskala tem
6 das 13 vitórias do time.
Marleau, que não foi tão bem na campanha que quase levou
o time às finais de conferência, subiu de produção
na temporada passada, mas, sem ajuda do resto do time, não conseguiu
ser um fator. Mas nesta temporada, no ritmo que está mantendo,
vai quebrar seus recordes pessoais de gols, pontos, gols em vantagem
numérica, gols da vitória e chutes. E ainda tem sido bem
mais constante que em qualquer momento de sua carreira.
Este ainda não será o ano dos Sharks, mas a fênix
começa a renascer das cinzas e promete dar trabalho.
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Alexandre
Giesbrecht, publicitário, deseja um feliz ano novo
a todos os leitores da Slot BR. Ele está saindo de férias,
e ficará uma semana sem escrever. |
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TEMPO DE COMEMORAR Jonathan
Cheechoo é um dos responsáveis pela reviravolta na
temporada dos Sharks (Dino Vournas/AP - 26/12/2003) |
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