Por
Humberto Fernandes
O começo de temporada do Detroit Red Wings empolgou os torcedores
como se fosse um prenúncio do que viria pela frente. Tão
logo sonhos começaram a aparecer, a empolgação
ruiu-se em uma semana.
Em 17/10, a classificação mostrava um time competente
dotado de muita sorte. Afinal, os Red Wings haviam derrotado LA Kings,
Ottawa Senators e Vancouver Canucks, todos por 3-2, com finais, de certa
forma, dramáticos. Contra Kings e Canucks, o gol da vitória
foi marcado próximo ao fim do jogo, respectivamente, com 1.7
segundo e 66 segundos restando, e diante dos Senators a vitória
veio na prorrogação. E foi após o terceiro jogo
que os problemas começaram a aparecer.
No primeiro período da vitória sobre os Canucks, Derian
Hatcher rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho direito. As melhores
perspectivas apontaram seu retorno para o fim da temporada regular,
talvez até mesmo em março. Apesar de toda a experiência
do elenco, a ausência de Hatcher foi sentida. Fora de casa, em
atuações questionáveis, os Wings conseguiram perder
para o Pittsburgh Penguins, que até então não havia
vencido na temporada, e para o Montreal Canadiens. Em Pittsburgh, a
liderança de 3-1 não foi suficiente e a virada aconteceu.
De volta a Detroit, duas vitórias fáceis, contra Columbus
Blue Jackets e Dallas Stars, times que possivelmente iniciarão
suas férias em abril. Na partida seguinte, com Steve Yzerman
descansando, os Wings não foram páreos para o New York
Rangers pela primeira vez em alguns anos. Também não foram
bons o suficiente para evitar uma derrota diante do St. Louis Blues.
Após uma péssima atuação neste jogo, Dominik
Hasek sentiu a virilha e viu Curtis Joseph estrear (na temporada) contra
o Nashville Predators. Mais uma derrota e com sabor amargo, após
nove brigas e 210 minutos de penalidades combinados.
O mês de outubro terminou e a maior parte dos problemas sequer
havia surgido. Novembro começou com uma excursão pelo
oeste do Canadá, onde os Wings empataram com o Edmonton Oilers,
levaram uma sacolada dos Canucks e venceram o Calgary Flames
mas perderam Henrik Zetterberg, seu atacante com mais tempo de gelo
até então. O defensor Bryan Allen, dos Canucks, que teve
participação no lance em que contundiu Hatcher, covardemente
acertou seu taco na perna direita de Hank e deixou o sueco com a perna
quebrada. Os médicos apontaram seu retorno em cinco ou seis semanas.
A pior derrota da temporada viria no jogo seguinte, em Detroit,
contra os Predators. O que poderia ser a vingança pela derrota
na semana anterior acabou tornando-se um pesadelo. Os Red Wings venciam
por 3-0 até o fim do segundo período e foram capazes de
sofrer a virada no tempo normal. Os Predators, que haviam derrotado
apenas os Wings em seus nove jogos anteriores, tiveram nessa virada
um fator emocional que os empurraram a vencer oito dos dez jogos seguintes.
Como se não bastasse a derrota de forma vergonhosa, Detroit ainda
perdeu Darren McCarty, com problemas nas costas o "Vingador"
ainda deve ausentar-se por mais algumas semanas. Essas duas infelicidades
somadas à adição de Darryl Bootland foram como
um divisor de águas.
Na semana seguinte, os Wings assinaram com o veterano Steve Thomas,
de 40 anos, por $1 milhão de dólares, e Hasek retornou
de contusão. Apesar de ter quatro jogos em seis noites, sendo
três na estrada, a equipe saiu-se muito bem, vencendo Chicago
Blackhawks (duas vezes) e Dallas Stars e empatando com o Minnesota Wild.
Thomas estreou marcando gol da vitória em resposta aos críticos
eu, inclusive que duvidavam de sua capacidade. Quando
o time parecia estar no caminho certo, mais duas baixas: Hasek e Ray
Whitney, com problemas na virilha. Ambos desfalcam o time desde então.
A sequência invicta poderia ter sido ainda maior se o time não
tivesse perdido o segundo jogo do "home-and-home"
contra o Columbus Blue Jackets. Com três jogadores do Grand-Rapids
Griffins, afiliado da AHL, no elenco, os Wings golearam o Wild em Minnesota,
no jogo que antecedia o retorno a Detroit.
Em casa, com CuJo supostamente no gol supostamente porque ele
levou três gols em míseros nove chutes , os Wings
foram derrotados pelo conturbado Washington Capitals. No jogo seguinte,
com o querido goleiro Manny Legace de volta ao gol, a equipe enfiou
sonoros 7-1 pra cima dos Oilers, tendo a infelicidade de perder Tomas
Holmstrom com uma grave contusão no ombro. Mais tristes ainda
devem ter ficado os torcedores dos Griffins, que viram mais um jogador
ser chamado para Detroit. Holmstrom deve ficar um bom tempo ausente.
Apesar de mais esse incidente, a equipe seguiu goleando, com 6-0 pra
cima do New York Islanders, com direto a gritos de "Manny! Manny!"
vindos da torcida. Na noite seguinte, em St Louis, outra ótima
atuação de Legace manteve os Wings no jogo e a virada
no fim selou a atual boa campanha de oito vitórias em onze jogos.
É difícil entender como a equipe melhorou nos últimos
jogos apesar de não contar com seis importantes titulares, incluindo-se
aí o goleiro. De certa forma, percebe-se que Bootland e Thomas
causaram impacto no elenco, de maneiras diferentes: o prospecto faz
a torcida lembrar-se de Sean Avery, negociado para os Kings na vinda
de Mathieu Schneider, por seu estilo de jogo agressivo, tornando-se
inclusive o líder do time em minutos de penalidades, enquanto
o veterano, que pouco deveria atuar, marcou cinco gols em dez jogos.
Outro fator muito importante tem sido o alto nível do jogo de
Legace. Em suas seis atuações dentro da boa sequência
de onze jogos, o goleiro defendeu 95% dos chutes e conseguiu seu primeiro
shutout na temporada. Não é de hoje que a torcida
confia em Emmanuel Francis Legace II.
Os demais destaques da equipe nos últimos jogos são
alguns velhos conhecidos. No ataque, os gols da máquina Brett
Hull, em busca de ser o terceiro maior goleador da história da
liga, e as assistências de Pavel Datsyuk, um mágico com
seu instrumento de trabalho. A defesa que outrora afundou o time agora
está bem organizada, com a parceria de Nicklas Lidstrom e Chris
Chelios. Menção honrosa para Jason Woolley, eterno injustiçado.
Por último, a pergunta que não quer calar: como foi que
Boyd Devereaux marcou o gol da vitória no jogo de sábado
contra os Blues? Milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive
nós brasileiros, viram essa aberração sob patins
fazendo algo muito incomum para sua inexistente habilidade.
Devereaux só não é pior que Bart Stevenson, do
Macaé Oilers.
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Humberto Fernandes, na primeira de suas 13
semanas de férias, pode voltar a contribuir com The Slot
BR. |
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UM É POUCO... Com a
dura tarefa de substituir Dominik Hasek, Manny Legace demonstra
seu talento defendendo um contra-ataque de Ethan Moreau, do Edmonton
Oilers (Rebecca Cook/Reuters - 26/11/2003) |
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DOIS É BOM... Rick
Nash (esquerda) e Trevor Letowski tentam superar Legace na derrota
dos Red Wings para o Columbus Blue Jackets por 3-0. O goleiro falhou
em um gol (Jay LaPrete/AP - 20/11/2003) |
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LEGACE É DEMAIS! Se
não fossem as defesas do goleiro no primeiro período,
os Red Wings nem precisariam retornar para o restante da eventual
vitória sobre o St Louis Blues (Tim Parker/Reuters - 29/11/2003) |
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INACREDITÁVEL Jason
Woolley e Mathieu Dandenault (direita) comemoram com Boyd Devereaux
o gol da vitória marcado por este último. Aprecie
a imagem, porque você não verá outra assim nesse
século (Tom Gannam/AP - 29/11/2003) |
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