Por
Marcelo Constantino
Qual a melhor forma de vencer? Muitos dirão que é por goleada, produto
do desejo de humilhar o adversário e do prazer de marcar muitos gols.
Para mim, a melhor forma de vitória é quando você vence um jogo apertado
no fim. É quando você explode, é o prazer realizado, o alívio, a redenção,
o soco no ar. É o gol na prorrogação, o gol no fim da partida. Assim
foi a semana do Calgary Flames.
"Espero que esteja sendo divertido para a torcida, porque para mim não
é", diz o defensor Rhett Warrener. "Eu preferiria estar com a vitória
assegurada depois de dois períodos. Mas ganhamos dois pontos".
Saborear uma vitória, uma vantagem, por 20, 40 minutos é bom. Mas explodir
com um gol da vitória no final da partida ou na prorrogação é muito
melhor. O grito de vitória sai bem mais forte da garganta.
Foram três jogos dos Flames na semana e foram três vitórias, todas em
casa. Todas apertadas, conquistadas no fim do jogo ou na prorrogação.
Vejamos.
Na terça-feira, vitória sobre o Toronto Maple Leafs na prorrogação,
com gol marcado por Tony Lindman.
Na quinta-feira, vitória com gol de Martin Gelinas sobre o Montreal
Canadiens quando faltavam 1:14 para o fim.
No sábado, vitória com gol de Dean McAmmond sobre o Chicago Blackhawks
quando faltavam apenas 48 segundos para o fim.
Tudo bem que as vitórias vieram sobre os (ainda?) cambaleantes Toronto
e Montreal e o despretensioso Chicago. Mas estamos falando do Calgary
Flames, time que, em tese, estaria num patamar abaixo de todos esses
três. Talvez no mesmo nível dos Blackhawks.
Com as três vitórias na semana, os Flames alcançaram um surpreendente
aproveitamento superior a 50% em 19 partidas (quase um quarto da temporada
já disputado), o que realmente não quer dizer muito. Apenas uma vez
o time esteve neste patamar, com iguais 19 partidas realizadas, nos
últimos nove anos. Foi em 2001, temporada em que Jarome Iginla esteve
sensacional e alavancou um ótimo início para o time, que se perdeu mais
tarde e acabou eliminado. O pior começo em tempo semelhante foi em 1995,
com apenas três vitórias. Por ironia, foi a última temporada em que
o time chegou aos playoffs.
"Mal estamos acima [dos 50%]", desdenha Warrener. "Nós vencemos os jogos
e vencemos feio, mas acho que temos um melhor jogo do que o que mostramos."
Venceram "feio", Rhett? As três vitórias podem até ser consideradas
feias pelo jogo em si, que seja, ou mesmo por alguma suposta falta de
merecimento por parte dos Flames, mas jamais por terem saído no fim
da partida.
Vencer jogos apertados, vencer partidas no fim, vencer na prorrogação,
tudo isso são características importantíssimas para um time de playoffs.
O Anaheim Mighty Ducks venceu várias partidas assim no ano passado durante
a temporada e depois foi longe na pós-temporada, geralmente vencendo
os jogos por um gol de diferença. Venceram inclusive todas as prorrogações
que disputaram.
Evidentemente que este não é necessariamente o caminho certo que todos
devem percorrer para chegar ao título, mas é claro que se trata de uma
característica forte para um time que quer realmente brigar nos playoffs.
Porém, caindo na real, sabemos que os Flames almejam, se muito,
chegar aos playoffs nesta temporada.
O time tem agora um descanso de cinco dias, depois de encarar as três
vitórias. Esta semana será duríssima, com confrontos contra pesos pesados
do naipe de Colorado Avalanche e Vancouver Canucks pela frente. Qualquer
ponto que vier será lucro.
Brasil na NHL -- Somente a título de curiosidade, o Calgary Flames
é o time onde atua o único jogador da NHL nascido no Brasil, o defensor
Robyn Regehr. Consta que ele nasceu em Recife, filho de missionários
menonitas (uma seita protestante), cresceu na Indonésia, e só foi pegar
em patins aos oito anos de idade.
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Marcelo
Constantino manda um abraço a Alexandre Giesbrecht, Eduardo
Costa e Thomaz Alexandre, amigos e colegas da The Slot BR com
quem esteve na semana passada. |
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VITÓRIA I O defensor
Robyn Regehr protege a área do goleiro enquanto Tie Domi
tenta controlar o disco, na vitória dos Flames sobre os Maple
Leafs na terça-feira (Adrian Wyld/AP - 18/11/2003) |
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VITÓRIA II O goleiro
Mikka Kiprusoff faz uma defesa na partida contra o Montreal Canadiens,
na quinta-feira (Jeff McIntosh/AP - 20/11/2003) |
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VITÓRIA III Toni Lydman,
autor do gol da vitória na prrogação contra
os Leafs, dá um tranco em Travis Moen na partida contra o
Chicago Blackhawks, no sábado (Larry MacDougal/AP - 22/11/2003) |
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