Por
Alexandre Giesbrecht
"Quando viemos para cá, estávamos bastante empolgados",
recorda Teemu Selanne. "Ainda estamos empolgados, mas..."
Como diria o semi-ícone pop João Kleber, "pára,
pára, pára"!
A esta altura da temporada dos sonhos do Colorado Avalanche, não
era para haver um "mas". Era para ser apenas um ano de comemorações,
coroações, glórias e uma meia dúzia de recordes
batidos. Isso tudo, mais o início do resgate do hóquei
ofensivo: o Avalanche de 2003-04 seria uma versão século
XXI dos Oilers dos anos 80.
Mas... Apesar de terem sólidos 10-5-1-1 como campanha, os Avs
não estão dominando a liga, não estão impondo
um estilo superofensivo e não estão nem liderando sua
própria divisão. Suas duas principais contratações
das férias, Paul Kariya e Selanne, conseguiram jogar juntos apenas
7 dos 17 jogos da equipe, e longe do domínio que se esperaria
deles, que jogariam juntos na segunda (!) linha.
Ah, sim, o complemento da declaração de Selanne: "Mas
queremos sair e mostrar quão bons podemos ser e como podemos
ajudar este time. É realmente frustrante quando você não
consegue fazê-lo."
Poderia estar pior? É claro que sim: as também potências
Detroit e Dallas têm, respectivamente, 9-7-2 e 7-9-2. Mas como
explicar que o time de Colorado ainda não ganhou de ninguém
que tivesse mais de 50% de aproveitamento? Como explicar que o jogador
mais produtivo tem sido um que não estava lá quando a
temporada começou?
A troca que trouxe Steve Konowalchuk de Washington parece cada vez mais
uma barganha. Ele já tem seis gols pelo novo time e sua versatilidade
tem sido extremamente útil. Ele tem jogado como central, e seu
trabalho na equipe de vantagem numérica é o principal
motivo para esta ter melhorado consideravelmente.
"Quando Steve chegou, sabíamos que ele podia jogar em várias
posições, que ele podia ter vários papéis.
[No último sábado, contra o Dallas], ele jogou na ponta
esquerda, na ponta direita, como central, matou penalidades, ficou na
frente do gol durante vantagens numéricas", comemorou o
técnico Tony Granato. Ele fez tudo. É bom, especialmente
quando seu banco fica desfalcado logo no início do jogo, como
foi [contra os Stars], quando Paul [Kariya] se contundiu."
Enquanto isso, Bates Battaglia continua não jogando nada, mas
agora junto a um grupo que também não está jogando
nada. A única chance de os Caps conseguirem algum retorno parece
ser se o prospecto Jonas Johansson, ponta direita escolhido na primeira
rodada do recrutamento de 2002 e que também foi envolvido na
troca, realmente der certo, e sua temporada com o Kamloops Blazers,
da WHL, tem rendido elogios da mídia.
Se a vinda de Konowalchuk só tem dado alegrias, o mesmo ainda
não se pode dizer da vinda de Kariya. O ex-arrimo dos Mighty
Ducks veio para ganhar um décimo do salário que tinha
em Anaheim, para tentar ganhar uma Copa Stanley – e virar um agente
livre ao final da temporada. Mas seu pulso já virou uma preocupação.
Depois de perder dez jogos por contusão, acabou machucando o
mesmo pulso pouco mais de três períodos após voltar.
Com um elenco lotado de estrelas, não deveria ser tão
difícil substituir Kariya, mas os Avs também perderam
Peter Forsberg, o atual dono do Troféu Art Ross, que anda com
problemas em algum músculo abdominal. Parece ser uma contusão
normal, mas nunca se sabe quando uma contusão normal passa a
ser recorrente e acaba limitando sua participação nos
jogos que realmente importam, isso se simplesmente não o tirarem
deles.
Também não ajuda muito a recente aposentadoria de Patrick
Roy. Não deve ser fácil para o suíço David
Aebischer substituir uma lenda. Ele tem sido competente, mas não
brilhante, com nove vitórias e dois shutouts. Ele tem provavelmente
até março para mostrar que está preparado para
os playoffs. Se não conseguir, aumentam as possibilidades de
o gerente geral Pierre Lacroix adquirir um goleiro experiente na data-limite
de trocas. Será que, no desespero, os Wings mandariam Curtis
Joseph para Denver?
Para um time de que se esperava muito, o Avalanche ainda demonstrou
muito pouco. Tudo bem que os jogos ainda não importam grande
coisa, e ainda há tempo para melhorar. Até acho que o
time vai melhorar, mas o sonho de ver uma reencarnação
dos Oilers de 20 anos atrás permanece... um sonho.
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Alexandre
Giesbrecht, 27 anos, está se preparando para encontrar
outros três colunistas da Slot BR no fim de semana. |
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CONTUNDIDO NOVAMENTE As contusões
de Kariya não têm deixado que a dupla que ele faz com
Selanne produza a contento (Paul Connors/AP - 13/11/2003) |
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