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7 de novembro de 2003
Gastando, mas nem tanto

Por Alexandre Giesbrecht

Apesar de ter a menor folha salarial da liga, o Wild chegou às finais da Conferência Oeste na última temporada, apelando para um disciplinado jogo de equipe, onde todo e qualquer jogador era importante para o esquema, da estrela ascendente Marian Gaborik ao menos técnico atacante.

Para esta temporada, a folha salarial continuou baixa, mas por dois motivos que afetaram a campanha inicial: dois de seus melhores atacantes, Pascal DuPuis e o já citado Gaborik, estavam sem contrato. Dupuis resolveu seu problema primeiro, assinando por três anos, adicionando mais US$ 1 milhão à folha salarial do Wild para esta temporada. Gaborik demorou um pouco mais, esperando até a última sexta-feira para assinar, também por três anos, mas recebendo US$ 2,9 milhões em 2003-04.

Com os novos contratos da dupla, mais aumentos que outros jogadores do elenco receberam, a folha de pagamento do time saltou dos US$ 20,8 milhões desembolsados no ano passado para US$ 26,8 milhões. Ainda não é praticamente nada, se comparado aos milionários New York Rangers e Detroit Red Wings, mas já um aumento da ordem de quase 30%. A folha, que era a mais baixa da liga, já passou a ser a 27.ª entre 30 times.

"É apenas uma evolução natural, porque vários jogadores quando chegaram aqui eram desconhecidos", explica o gerente geral Doug Risebrough, que também é o presidente do time. "Ou eles eram jovens ou não tinham nenhuma experiência recente na NHL."

Obviamente, com o sucesso da temporada, não seria fácil contentar o elenco. Não era difícil imaginar negociações demoradas como a de Gaborik. Mas até que Risebrough conseguiu renovar rapidamente com alguns jogadores.

O goleiro Dwayne Roloson, que divide o trabalho com Manny Fernandez, teve seu salário quase que quadruplicado: de US$ 600 mil, passou para US$ 2,2 milhões. Os zagueiros Filip Kuba e Willie Mitchell também receberam aumentos generosos, passando, respectivamente, de US$ 775 mil para US$ 1,7 milhão e de US$ 600 mil para US$ 1,35 milhão.

O próprio aumeto de Gaborik foi representativo: na temporada passada, ele ganhava "míseros" US$ 1,075 milhão, salário ainda baseado no teto salarial de novatos, válido para os três primeiros anos de cada jogador na NHL.

"Alguns são grandes saltos", justifica Risebrough. "É compreensível. Mas é fácil para mim justificá-los, porque o desempenho está aí."

O GG só evita se comprometer por longos períodos — a não ser, claro, com sua mulher, em um casamento que já dura 20 anos. Em suas pouco mais de três temporadas no cargo, ele nunca assinou contrato com jogador algum por mais de três anos. Quando o ex-agente de Gaborik, Allan Walsh, tentou verificar a possibilidade de um contrato entre dois e nove anos, dá para imaginar Riseborugh na pele de Tio Patinhas quando alguém vai pedir dinheiro.

Com o fim do acordo coletivo de trabalho, o que ameaça a temporada de 2004-05, realmente está difícil ver novos contratos terem longa duração. Mas isso não significa que já não existam contratos que só expiram depois de todos os cabelos do jogador estarem brancos.

Dois bons exemplos são Jaromir Jagr, do Washington, que está cumprindo um contrato de sete anos a US$ 77 milhões no total, e Alexei Yashin, dos Islanders, com um de dez anos a US$ 89,9 milhões. Jagr está sendo oferecido a vários times da liga, sem que os Caps achem alguém disposto a encarar seu salário, e Yashin tem decepcionado em Long Island, embora ainda tenha oito anos para mostrar a que veio (ou simplesmente fazer a torcida arrancar os cabelos).

Lógico que não são todos os jogadores da liga que têm salários astronômicos — quer dizer, astronômicos comparados com outros esportes, não com o que você vê no holerite no fim do mês. O próprio Wild tem uma linha que representa bem essa situação. Somados os salários do central Marc Chouinard, do ponta direita Alexandre Daigle e do ponta esquerda Christoph Brandner, tem-se US$ 1,575 milhão. O salário médio da NHL gira em torno de US$ 1,8 milhão.

Para Risebrough, isso é fruto de uma média muito alta. Mas também pode significar que o time continua a escolher jogadores que tenham algo a provar. Daigle nunca pareceu querer provar algo, apesar de ter sido a primeira escolha no recrutamento de 1993. Só mostrou disposição, mesmo, quando estava brigando por uma vaga no elenco dos Penguins, na pré-temporada do ano passado, mas murchou assim que começaram os jogos para valer. Agora parece estar jogando com consciência.

É o efeito que o Wild parece ter em quem veste a camisa rubro-verde. Independentemente do número de dígitos no holerite.

Alexandre Giesbrecht, 27 anos, já comprou seu ingresso para assistir a "Matrix Revolution", mesmo preocupado com o número de dígitos em seu holerite.
 
  QUATRO VEZES MAIS O goleiro Dwayne Roloson teve seu salário praticamente quadruplicado (David Adame/AP - 24/10/03)

 

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Página publicada em 5 de novembro de 2003.