Por
Alexandre Giesbrecht
Apesar de ter a menor folha salarial da liga, o Wild chegou às
finais da Conferência Oeste na última temporada, apelando
para um disciplinado jogo de equipe, onde todo e qualquer jogador era
importante para o esquema, da estrela ascendente Marian Gaborik ao menos
técnico atacante.
Para esta temporada, a folha salarial continuou baixa, mas por dois
motivos que afetaram a campanha inicial: dois de seus melhores atacantes,
Pascal DuPuis e o já citado Gaborik, estavam sem contrato. Dupuis
resolveu seu problema primeiro, assinando por três anos, adicionando
mais US$ 1 milhão à folha salarial do Wild para esta temporada.
Gaborik demorou um pouco mais, esperando até a última
sexta-feira para assinar, também por três anos, mas recebendo
US$ 2,9 milhões em 2003-04.
Com os novos contratos da dupla, mais aumentos que outros jogadores
do elenco receberam, a folha de pagamento do time saltou dos US$ 20,8
milhões desembolsados no ano passado para US$ 26,8 milhões.
Ainda não é praticamente nada, se comparado aos milionários
New York Rangers e Detroit Red Wings, mas já um aumento da ordem
de quase 30%. A folha, que era a mais baixa da liga, já passou
a ser a 27.ª entre 30 times.
"É apenas uma evolução natural, porque vários
jogadores quando chegaram aqui eram desconhecidos", explica o gerente
geral Doug Risebrough, que também é o presidente do time.
"Ou eles eram jovens ou não tinham nenhuma experiência
recente na NHL."
Obviamente, com o sucesso da temporada, não seria fácil
contentar o elenco. Não era difícil imaginar negociações
demoradas como a de Gaborik. Mas até que Risebrough conseguiu
renovar rapidamente com alguns jogadores.
O goleiro Dwayne Roloson, que divide o trabalho com Manny Fernandez,
teve seu salário quase que quadruplicado: de US$ 600 mil, passou
para US$ 2,2 milhões. Os zagueiros Filip Kuba e Willie Mitchell
também receberam aumentos generosos, passando, respectivamente,
de US$ 775 mil para US$ 1,7 milhão e de US$ 600 mil para US$
1,35 milhão.
O próprio aumeto de Gaborik foi representativo: na temporada
passada, ele ganhava "míseros" US$ 1,075 milhão,
salário ainda baseado no teto salarial de novatos, válido
para os três primeiros anos de cada jogador na NHL.
"Alguns são grandes saltos", justifica Risebrough.
"É compreensível. Mas é fácil para
mim justificá-los, porque o desempenho está aí."
O GG só evita se comprometer por longos períodos
a não ser, claro, com sua mulher, em um casamento que já
dura 20 anos. Em suas pouco mais de três temporadas no cargo,
ele nunca assinou contrato com jogador algum por mais de três
anos. Quando o ex-agente de Gaborik, Allan Walsh, tentou verificar a
possibilidade de um contrato entre dois e nove anos, dá para
imaginar Riseborugh na pele de Tio Patinhas quando alguém vai
pedir dinheiro.
Com o fim do acordo coletivo de trabalho, o que ameaça a temporada
de 2004-05, realmente está difícil ver novos contratos
terem longa duração. Mas isso não significa que
já não existam contratos que só expiram depois
de todos os cabelos do jogador estarem brancos.
Dois bons exemplos são Jaromir Jagr, do Washington, que está
cumprindo um contrato de sete anos a US$ 77 milhões no total,
e Alexei Yashin, dos Islanders, com um de dez anos a US$ 89,9 milhões.
Jagr está sendo oferecido a vários times da liga, sem
que os Caps achem alguém disposto a encarar seu salário,
e Yashin tem decepcionado em Long Island, embora ainda tenha oito anos
para mostrar a que veio (ou simplesmente fazer a torcida arrancar os
cabelos).
Lógico que não são todos os jogadores da liga que
têm salários astronômicos quer dizer, astronômicos
comparados com outros esportes, não com o que você vê
no holerite no fim do mês. O próprio Wild tem uma linha
que representa bem essa situação. Somados os salários
do central Marc Chouinard, do ponta direita Alexandre Daigle e do ponta
esquerda Christoph Brandner, tem-se US$ 1,575 milhão. O salário
médio da NHL gira em torno de US$ 1,8 milhão.
Para Risebrough, isso é fruto de uma média muito alta.
Mas também pode significar que o time continua a escolher jogadores
que tenham algo a provar. Daigle nunca pareceu querer provar algo, apesar
de ter sido a primeira escolha no recrutamento de 1993. Só mostrou
disposição, mesmo, quando estava brigando por uma vaga
no elenco dos Penguins, na pré-temporada do ano passado, mas
murchou assim que começaram os jogos para valer. Agora parece
estar jogando com consciência.
É o efeito que o Wild parece ter em quem veste a camisa rubro-verde.
Independentemente do número de dígitos no holerite.
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Alexandre
Giesbrecht, 27 anos, já comprou seu ingresso para assistir
a "Matrix Revolution", mesmo preocupado com o número
de dígitos em seu holerite. |
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QUATRO VEZES MAIS O goleiro
Dwayne Roloson teve seu salário praticamente quadruplicado
(David Adame/AP - 24/10/03) |
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