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31 de outubro de 2003
Reviravolta na gangorra de Giguere e Théodore

Por Marcelo Constantino

Na temporada passada nós observamos o calvário do goleiro José Théodore, MVP do ano anterior, que esteve péssimo e foi determinante para a não classificação do Montreal Canadiens para os playoffs. Observamos também a ascensão de outro goleiro à elite, Jean-Sébastien Giguere, até então muito pouco conhecido na liga. Ele liderou o Anaheim Mighty Ducks a uma mágica campanha nos playoffs, chegando ao jogo 7 das finais da Copa Stanley.

Mudou a temporada e mudou a posição de cada um na gangorra. Giguere amarga o início pavoroso dos seus Mighty Ducks, enquanto Théodore parece ter recuperado aquela forma que o levou a ser reconhecido como o MVP de 2002.

É bem verdade que não se pode culpar Giguere por qualquer uma das derrotas que o Anaheim sofreu até aqui. De certa forma ele tem feito sua parte, mas falta aquele brilho do goleiro que conquistou vitórias e números inacreditáveis nos playoffs até ser campeão da Conferência Oeste. Era disparado o que mais via borracha pela frente e, ainda assim, era o que apresentava os melhores números. As vitórias nas séries contra os Wings, Stars e Wild já lhe valeram antecipadamente o Troféu Conn Smythe, como o jogador mais importante dos playoffs, mesmo estando no time que não foi o campeão.

A magia que acompanhou Giguere até a final contra o Minnesota Wild já havia se dissipado nas finais da Copa, esta é a verdade. Adicione a isso a velha cantilena de que todo time azarão que faz uma bela campanha nos playoffs e perde no fim, faz uma péssima temporada no ano seguinte, e temos o Anaheim de hoje. Foi assim recentemente com Florida Panthers, Washington Capitals e Carolina Hurricanes. Tem sido assim nesta temporada com os Ducks e o Wild. Claro, ainda é cedo para qualquer indicativo mais eficaz, mas o fato é que Giguere está em baixa.

E quem está em alta novamente é José Théodore, com seu Montreal Canadiens. Ele é a chave do time mais tradicional e vitorioso da NHL, que, de certa forma surpreende neste começo. Depois de uma péssima campanha e sem adição de reforços, o time tem em Théodore novamente o líder a guiar rumo aos playoffs.

Em 2001-2002 ele liderou os Canadiens rumo aos playoffs, onde eliminaram o Boston Bruins, primeiro colocado na Conferência. Com números expressivos na temporada (GAA de 2,11 e 93,1% de aproveitamento de defesas) e atuações mais ainda, ele acabou vencendo os Troféus Hart e Vezina, e isso numa temporada que foi uma das melhores da carreira de um goleiro chamado Patrick Roy. Era sua consagração individual.

Veio a temporada seguinte, um novo e gordo contrato para os padrões canadenses, e uma nuvem negra instalou-se permanentemente sobre sua cabeça. Atuações fracas, chutes defensáveis entrando, derrotas. Jeff Hackett, seu reserva durante boa parte da temporada, ganhava cada vez mais tempo de jogo e geralmente fazia bonito. Nada parecia dar certo para Theo.

A temporada passada foi tão ruim para ele que alguns já o consideravam disponível para ser negociado este ano, chegando a fazer torcedores dos Avs sonharem. A gerência repetia que isso não aconteceria, por preço algum, mas boatos não respeitam declarações. Théodore perdeu onze partidas a mais do que venceu e terminou com números ruins para seu porte: GAA de 2,89 e 90,8 % de aproveitamento. Como ele era a chave do sucesso do time, os Canadiens não abriram porta alguma e não foram aos playoffs.

José Théodore apresentou-se para esta temporada na melhor forma em que já esteve, graças a um programa especial de condicionamento físico exercitado nas férias. E despontou com um bom começo. Vitórias, atuações sólidas, shutouts.

Já são dois shutouts acumulados, exatamente a mesma quantidade obtida em toda a temporada de 2002-2003. Sim, esta temporada tem tudo para bater o recorde de quantidade de zeros no placar, mas, ainda assim, é um bom indicativo de que o ano passado é para ser esquecido.

No fechamento desta edição, na segunda-feira, Theo estava com GAA de 2,38 e aproveitamento de defesas de 91,3%, números bons, porém já bastante arranhados pelas duas goleadas seguidas sofridas recentemente, por 6-2 frente ao Senators e 5-0 frente aos Flyers.

As duas derrotas recentes demonstram que ajustes são necessários, ainda que deva ser levado em consideração que o time dos Habs é realmente bem inferior a Sens e Flyers. Na temporada MVP de Théodore, ele também passou por maus momentos no início, como numa série de quatro derrotas seguidas entre outubro e novembro de 2002, em que o time marcou apenas quatro gols e sofreu 18.

Tal qual 2001-2002, ele vem sendo o principal jogador do time, constantemente figurando entre as três estrelas dos jogos dos Habs. Na quinta-feira passada os Canadiens receberam os Islanders em Montreal. A defesa jogou mal e permitiu 34 chutes contra o gol de Théodore, sendo 17 deles no terceiro período, enquanto o time disparou apenas 21 sobre o goleiro Rick DiPietro. A partida foi dominada amplamente pelo time de Long Island. O resultado? Montreal 3-0. Isso mesmo, shutout para Théodore, seu segundo na temporada. Possivelmente seu melhor momento este ano. Estrela número um da partida.

Marcelo Constantino já estava com esta matéria praticamente pronta antes de José Théodore sofrer 11 gols em duas partidas, seis contra os Senators no sábado e mais cinco contra os Flyers na segunda-feira. Não queime a fita, Theo!
 
  DE VOLTA AO ESTRELATO José Théodore dá saudações à torcida depois de ser escolhido a estrela número um da partida contra os Islanders, quando obteve um shutout e 34 defesas na vitória por 3-0 (Francois Roy/AP - 23/10/2003)
   
 
 

EM BAIXA Jean-Sébastien Giguere (35) não é culpado pelo péssimo início do Anaheim Mighty Ducks nesta temporada, mas afunda no mesmo barco (Jeff Mitchell/Reuters - 08/10/2003)

   
 
  SEGURANÇA Théodore faz uma defesa na partida ed quinta-feira contra os Islanders (Francois Roy/AP - 23/10/2003)

 

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Página publicada em 30 de outubro de 2003.