Por
Alexandre Giesbrecht
A Divisão do Pacífico certamente será uma das mais
intrigantes nesta temporada. No ano passado a dúvida era se eram
os Stars ou os Sharks os grandes favoritos, e os Sharks decepcionaram
miseravelmente. Já neste ano os Stars despontam como favoritos
claros, mas têm na cola os Mighty Ducks, atuais vice-campeões
depois de uma campanha surpreendente nos últimos playoffs. E
mais: os outros três times na divisão, Kings, Coyotes e
os próprios Sharks são totais incógnitas.
Depois do fiasco de proporções bíblicas, o time
de San Jose sofreu uma profunda reformulação e deixou
o rol dos favoritos. Saíram os ídolos Owen Nolan e Teemu
Selanne, sendo substituídos por desconhecidos como Jonathan Cheechoo
e Alex Korolyuk. Ou seja: a experiência, que sempre foi uma aliada
dos Sharks, vai jogar contra neste ano. Não se engane, contudo.
Os jovens hoje no elenco têm um belo futuro pela frente, e não
devem tardar a dar alegrias à torcida.
No gol, continua Evgeni Nabokov, que não teve um segundo ano
à altura do primeiro e deve se arrepender até hoje do
chilique que o levou a perder boa parte do início da temporada
passada. Não seria justo culpá-lo unicamente por tudo
o que aconteceu, já que o time inteiro afundou na classificação,
mas sem dúvida ele teve influência.
Quem teve um segundo ano, o primeiro como titular, maravilhoso foi Marty
Turco, hoje ídolo em Dallas. Sua média de 1,72 gols sofridos
por jogo foi a menor na liga desde 1940, o que demonstra talento, e
não mera sorte. Mas não espere números tão
espetaculares, pelo simples fato que a defesa perdeu sua pedra fundamental,
Derian Hatcher. Para piorar as coisas, ele foi para outro favorito da
conferência, o Detroit Red Wings. Sem Hatcher e também
se Darryl Sydor, a defesa fica menor e menos violenta.
Vai ser especialmente interessante ver como ficarão os novos
pares atrás. Hatcher sempre foi consistente ao lado do mais técnico
Sergei Zubov. Com Teppo Numminen ao lado do russo, o time ganha em ofensividade,
mas fica a perigo atrás. Uma maneira de solucionar isso poderia
ser com alguma combinação com a atual segunda dupla, mais
agressiva, de Richard Matvichuk e Philippe Boucher, mas isso acabaria
com uma boa química que surgiu por lá.
Mesmo assim, os Stars ainda são favoritos tanto na divisão
quanto na conferência. Afinal, o ataque continua poderoso, com
o talentoso Mike Modano liderando bons jogadores, como Bill Guerin,
Jason Arnott, Pierre Turgeon e Stu Barnes.
Os Ducks conseguiram a proeza de perder um grande nome e substituí-lo
por outro à altura. Paul Kariya deu adeus à Califórnia
e foi literalmente alugado pelo Avalanche, que pagará uma mixaria
para tê-lo no seu impressivo ataque. Como recompensa, ganhará
passe livre ao final da campanha, quando terá liberdade para
achar alguém disposto a pagar o que ele acha que merece.
Para seu lugar, veio Sergei Fedorov. Também chegou Vaclav Prospal.
Os Ducks chegaram aonde chegaram na temporada passada graças
principalmente à defesa - a quem estou querendo enganar?; Foi
graças a Giguere, mesmo. Agora têm uma primeira linha mais
do que capaz, com os dois citados acima mais Petr Sykora, o que deve
garantir um estrago maior do que o que Kariya costumava impor.
As outras linhas obviamente não terão o mesmo peso, mas
devem ser equilibradas. Steve Thomas vai fazer alguma falta, mas Steve
Rucchin, Rob Niedermayer, Jason Krog, Stanislav Chistov e Samuel Pahlsson
têm alguma categoria e, sob um sistema seguido à risca,
proporcionam profundidade suficiente para manter os Ducks na briga pelo
mando de gelo na primeira fase dos playoffs.
Os Kings certamente não vão nem se preocupar com o mando
de gelo na primeira fase. Só chegar aos playoffs pode ser considerado
um feito para um elenco limitado. Em 2003-04, o time sofreu pela falta
de profundidade. As contusões de Jason Allison e Adam Deadmarsh,
que perderam boa parte da temporada, praticamente mataram o ataque.
Com ele, foi para o espaço também a vaga para os playoffs.
O técnico Andy Murray também vai ter de enfrentar dois
grandes problemas. O primeiro é que desde que ele assumiu o comando,
o time sempre joga apenas para o gasto na primeira metade e depois deslancha
um pouco. Essa deslanchada não ocorreu na última temporada
justamente por causa das contusões. O outro problema não
se sabe qual é; só se sabe que mora no Staples Center,
onde o time mal manteve os 50% no ano passado.
Já os Coyotes, que surpreenderam a todos em 2001-02 chegando
aos playoffs com um elenco bastante jovem, mantiveram a juventude, mas
o mais provável é que seu desempenho seja mais parecido
com o da temporada passada, em que o time teve alguma competitividade,
mas não o suficiente para brigar por uma vaga na forte Conferência
Oeste.
O goleiro Sean Burke continua sendo a peça mais importante de
um time sem um artilheiro nato na primeira linha. Foi graças
a ele que o time de Phoenix chegou aos playoffs duas temporadas atrás.
Na última temporada, ele teve problemas com contusões,
mas, em seus 22 jogos, os Yotes tiveram uma campanha de 14-6-2, o que
se sobressai ainda mais ao se comparar com a campanha final do time,
de parcos 31-35-11-5.
Se Burke conseguir se manter sem contusões e com atuações
brilhantes, os Coyotes têm uma chance de entrar, talvez na oitava
colocação. Sem isso, vai ser mais uma temporada para o
jovem time ganhar experiência.
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Alexandre Giesbrecht não recomenda
Chico Buarque. Prefere algo que tem mais a ver com a guerra que
é a NHL: Stalingrado, de Antony Beevor. |
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SAÚDE! Jonathan Cheechoo
é um dos jovens jogadores que começam a aparecer no
elenco dos Sharks (Richard Lam/AP - 28/09/2003) |
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A DEFESA À FRENTE DELE PIOROU
Os números do goleiro Marty Turco não deverão
ser tão sensacionais nesta temporada (Tony Gutierrez/AP -
02/10/2003) |
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DE CAMISA NOVA Sergei Fedorov
ainda fica estranho em outra cor que não o vermelho (Roy
Dabner/AP - 02/10/2003) |
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NADA DE CRUZ VERMELHA Depois
das contusões que atrapalharam bastante os Kings em 2002-03,
os médicos do time de Dustin Brown esperam descansar nesta
temporada (Chris Carlson/AP - 03/10/2003) |
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CARA NOVA Os Yotes de Tyson
Nash estão de logotipo e uniforme novos. O time? É
praticamente o mesmo (Richard Lam/AP - 25/09/2003) |
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