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10 de outubro de 2003
Prévia da Divisão Noroeste - Parte 1

Por Alessander Laurentino

Edmonton Oilers -- Apesar dos problemas financeiros, os Oilers conseguiram renovar com praticamente todo mundo. Ryan Smith, Ethan Moreau, Brad Isbister, Georges Laraque e Marty Reasoner estão todos com novos contratos, faltando apenas Mike Comrie e Jason Smith.

Nos últimos tempos os Oilers vêm conseguindo superar a maioria das expectativas ao conseguir chegar aos playoffs e quase sempre serem muito difíceis de serem batidos. Quem não lembra das lendárias vitórias sobre o Colorado nos playoffs?

Devido às limitações impostas por estar sediado numa cidade considerada pequena em termos de mercado e, portanto, também em termos de suporte financeiro, os Oilers acabaram se limitando a jogadores mais jovens e mais baratos, não podendo segurar suas estrelas, como aconteceu com Bill Guerin, Curtis Joseph e Doug Weight. Recentemente também perderam Todd Marchant.

Por essas e outras os Oilers são conhecidos na NHL como "The Little Team That Could".

Mantendo a base da última temporada, os Oilers torcem para que Tommy Salo seja realmente decisivo para uma nova classificação aos playoffs e, quem sabe, uma corrida um pouco mais longa na pós-temporada, mesmo que tenham que enfrentar mais uma vez o Dallas Stars.

As glórias dos anos oitenta continuam fazendo sombra nas gerações seguintes, e a torcida, embora reconheça as limitações atuais da franquia de Edmonton, não admite que o time fique fora dos playoffs. Como tradição não se discute, chegando aos playoffs os Oilers certamente serão um osso duríssimo de se roer novamente.

No geral, os Oilers formam um bom time, mas têm azar de estarem localizados na Conferência Oeste, onde há times bons de sobra, tornando a briga por uma vaga nos playoffs muito mais complicada que no leste. Apesar disso, os Oilers chegaram nos playoffs em seis das últimas sete temporadas.

O que parece preocupar a torcida de Edmonton é que times que ficaram de fora nos últimos playoffs, como o San Jose Sharks, Chicago Blackhawks e o LA Kings têm batalhado nessa pré-temporada no sentido de melhorarem e terem chances reais de disputar uma vaga na pós-temporada, o que conseqüentemente dificultaria mais ainda o trabalho dos Oilers, que depende praticamente apenas de novos talentos e revelações, devido à dificuldade financeira de manter suas estrelas.

Os Oilers representam o melhor que existe no hóquei, com um time disposto, jovem e centrado no ataque, com um estilo aberto que joga e deixa jogar. Representam diversão pura. Além disso sua torcida é apaixonada verdadeiramente pelo time, apesar da escassez de vitórias e das conquistas num passado nem tão recente assim, já que a última glória veio em 1990. Pela certeza da diversão que os Oilers representam na liga seria fantástico que eles conseguissem chegar nos playoffs, mas que ninguém se engane: esse ano tudo parece ser mais difícil.

Calgary Flames -- O que esperar de um time que há sete temporadas não consegue chegar nos playoffs? O que dizer então quando eles trocam um jogador como Chris Drury, que, se não chega a ser astro na NHL, certamente era em Calgary? Será que Iginla voltará a brilhar ou vai acabar sendo negociado com algum grande time da liga?

As dúvidas são muito maiores que as certezas naquela região da província de Alberta, no Canadá. Além de Drury, Bob Boughner também foi trocado. Até o momento as caras novas em Calgary são jogadores como o já rodado Steve Reinprecht, além de Rhett Warrener, Jesse Wallin, K. Oliwa e Josh Green.

O uniforme também foi modificado e agora eles têm uma camisa vermelha com o "C" em preto como a camisa oficial para os jogos em casa. Outra novidade é a formalização de um acordo com o Las Vegas Wranglers da ECHL (??) como o segundo afiliado dos Flames, que poderão colocar até 5 jogadores nos Wranglers.

Você está achando que não há muito o que dizer sobre os Flames? Acertou! Falar sobre os Flames exige, no mínimo, uma grande força de vontade, afinal, como falar de algo que não desperta interesse pela liga afora nem apresenta mudanças que mostrem que o time pode realmente dar uma guinada no caminho que vem trilhando nos últimos anos?

Há mais de meia década a franquia de Calgary se transformou no saco de pancadas da Conferência Oeste e vencê-los tem sido algo como chutar cachorro morto.

Darryl Sutter agora acumula as funções de técnico e gerente geral, mas com as limitações do seu elenco e a limitação financeira, parece que os Flames terão mais um ano difícil pela frente. Drury, o atacante mais talentoso do time, foi negociado em troca de Reinprecht, que não chega a impressionar, e Boughner foi embora por praticamente nada, devido basicamente ao salário e à idade, ambos considerados altos demais pela gerência.

Outrora considerado um goleiro promissor, Roman Turek tem decepcionado muitas vezes em Calgary e, como a defesa do time também não ajuda, a pressão sobre Turek deve aumentar consideravelmente nesta temporada. Será que Turek conseguirá responder à altura? Em 65 jogos na última temporada ele venceu 27 e perdeu 29, empatando outras 9 vezes.

Para completar a lista de preocupações e razões para fracassar novamente, as contusões andam rondando os Flames. Se já não bastassem Robyn Regehr, Chris Clark e Denis Gauthier no departamento médico, na partida contra os Oilers na última quinta-feira pela pré-temporada, Steve Reinprecht acabou se contundindo e lesionando novamente o ombro operado recentemente.

Se você não é torcedor dos Flames, pode respirar aliviado. Se por outro lado, for, então só resta torcer que por um daqueles milagres que acontecem esporadicamente no esporte os Flames surpreendam na temporada que se inicia. Afinal, sonhar não custa nada, não é mesmo?

Vancouver Canucks -- Após decepcionar sua torcida e a imprensa local nas semifinais da Conferência Oeste na última temporada, o Vancouver Canucks não fez grandes mudanças no seu elenco, praticamente mantendo a mesma base que vem jogando junto há algum tempo.

Algumas peças saíram, como Trent Klatt e Murray Baron, que assinaram com LA Kings e com os Blues, respectivamente, além de Darren Langdon, através do Recrutamento de Desistência. Porém o espaço parece ter sido reposto com peças no mínimo equivalentes com a chegada de Jiri Slegr, Magnus Arvedson e Mike Keane, além da aquisição de Johan Hedberg, ex-Penguins, para disputar a vaga de Cloutier no gol.

Mantendo a política de não fazer contratações de impacto que poderiam custar milhões de dólares aos cofres da franquia, o gerente geral Brian Burke e a comissão técnica apostam alto no time do ano passado além de alguns jovens prospectos como Jason King, Brandon Reid, Ryan Ready, Tyler Bouck, Mikko Jokela e, nem tão mais prospecto assim, Bryan Allen.

Certamente a torcida de British Columbia espera mais que uma chegada às semifinais de conferência nesta temporada, mas será que o time realmente tem condições de disputar a Copa Stanley?

Não há dúvidas que o colapso do time ao perder uma série que liderava por 3 - 1 acabou enterrando a melhor chance de ser campeão da copa Stanley que os Canucks tiveram nos últimos dez anos, desde o vice-campeonato de 1994. Além disso, times como os Sharks e os Kings estarão melhores nesta temporada e deverão brigar por uma vaga nos playoffs.

A maior aposta e esperança do time de vancouver deverá ser novamente a linha formada por Markus Naslund, Todd Bertuzzi e Brendan Morrison, uma das linhas mais dominantes da liga na última temporada. Some-se a isso a constante evolução dos gêmeos suecos Henrik e Daniel Sedin, a garra de Matt Cooke, a qualidade defensiva e ofensiva de jogadores como Ed Jovanovski, Brent Sopel e Matthias Ohlund, além dos sólidos Sami Salo, Jarkko Ruutu e Artem Chubarov.

A grande dúvida mesmo está atrás da defesa, embaixo do gol. Cloutier é um goleiro bom apenas para a temporada regular? Cloutier já entregou o time em playoffs anteriores, afinal quem não lembra do incrível frango do meio da rua que mudou a história da série Canucks x Red Wings em 2002? E as péssimas atuações contra o Minnesota nos últimos playoffs? Sem falar que Cloutier por pouco não estragava a virada dos Canucks sobre os Blues na primeira rodada dos últimos playoffs. Como então vencer um campeonato sem um goleiro que possa pelo menos não atrapalhar num tempo em que é quase uníssona a máxima que todo time campeão começa com um grande goleiro? Para tentar melhorar nesse fundamento foi que a gerência da franquia resolveu apostar na contratação de Johan Hedberg.

Não, dificilmente Burke torraria 8 ou 9 milhões de dólares em CuJo, mas se Cloutier não aproveitar essa que deverá ser sua última chance é provável que Burke peça a aprovação do dono do time para abrir a carteira e trazer um goleiro que possa alimentar o sonho do campeonato.

Nesta temporada que se inicia os Canucks deverão brigar para se manterem no topo da liga, mas conscientes de que não será uma jornada fácil nem curta. Porém, se conseguirem, a glória será inevitável, o desfile pela Robson Street uma consequência e o céu será o limite.

Alessander Laurentino é colunista da The Slot BR.
 
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Página publicada em 8 de outubro de 2003.