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6 de junho de 2003
O fim de uma era no hóquei

Por Marcelo Constantino

Sobre Roy já há artigos em profusão atualmente e aqui na Slot estamos muito bem servidos com matérias do Rafael e do Eduardo. Eu apenas gostaria de dar o meu pequeno depoimento sobre este grande goleiro, tão amado e odiado, focando nos momentos que melhor presenciei: nas batalhas contra os Red Wings.

Não há qualquer dúvida de que a rivalidade entre Detroit Red Wings e Colorado Avalanche não seria a mesma se Patrick Roy não fosse um dos seus mais destacados integrantes.

Foi por causa de uma derrota acachapante de 11-1, que a então máquina russa dos Red Wings aplicara no Montreal Canadiens no fim de 1995, que Roy foi parar no Avalanche. Naquela partida o técnico dos Habs, Mario Tremblay, relutou em substituir o goleiro, até que o fez quando levou o nono gol. Isso rendeu uma pública insatisfação de Roy, que pediu pra sair e acabou negociado para os Avs em troca de banana, isto é, Andrei Kovalenko, Martin Rucinsky e Jocelyn Thibault. Os Avs ainda levavam Mike Keane na troca. Pierre Lacorix deve rir até hoje.

Em Denver ele reviveu seus melhores momentos.

Artista principal do famoso 26 de março de 1997, quando protagonizou uma fantástica briga com Mike Vernon no meio do gelo, tentou repetir a dose no ano seguinte, literalmente chamando Chris Osgood para a briga. Os Wings estavam à meia-bomba naquele momento e a briga trouxe boas lembranças, marcando uma nova retomada do time.

Em 2002, Dominik Hasek saiu de sua área para juntar-se a uma confusão na área de Roy. Ele mesmo já sabia da lenda em Detroit, que diz que, para ser campeão pelos Red Wings, o goleiro deve brigar com Roy. Assim aconteceu, mesmo que eles não tenham brigado.

Não haveria tanto prazer em Detroit naquele gol da Estátua da Liberdade e na goleada seguinte (evidentemente falando dos jogos 6 e 7 das finais da Conferência Oeste de 2002), se do outro lado não estivesse o melhor dos goleiros - e também o mais arrogante deles. Essa era outra marcante característica dele. Roy era insuportavelmente arrogante. Insuportavelmente porque ele era realmente o melhor. Não era impenetrável, mas era o melhor.

Qualquer um sabe que ele poderia ainda render algumas temporadas a mais como um dos melhores goleiros da NHL. Ganharia facilmente na casa dos 8-10 milhões por ano, se quisesse. Poderia tentar ainda mais Stanley Cups no Colorado. Ainda assim, preferiu sair por cima, uma temporada depois daquela que ele mesmo considerou a melhor de sua carreira, a regular de 2001-2002.

Anos atrás foi Wayne Gretzky que se aposentou. Mario Lemieux foi e voltou, mas deve se aposentar em definitivo agora. Dominik Hasek foi na temporada passada. Agora é a vez de Roy. Os grandes do esporte, dos maiores da história, se vão quase ao mesmo tempo.

Enfim, adeus Partick Roy. Por anos você desafiou quem quer que fosse à sua frente. Algumas vezes perdeu o desafio, mas várias de suas conquistas dificilmente serão alcançadas.

É o fim de uma era no hóquei.

Marcelo Constantino aproveita para aplaudir de pé outro esportista que se aposenta, um dos maiores da história do esporte nacional: Oscar Schmidt.
 
  FIM DE UMA ERA Seguindo o estilo de sempre, Patrick Roy chama os holofotes para si em plenas finais de Stanley Cup e anuncia o fim de sua vitoriosa carreira (David Zalubowski/AP - 28/05/2003)

 

 

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Página publicada em 4 de junho de 2003.