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23 de maio de 2003
Os Troféus e a NHL: seus significados e critérios

Por Fabiano Pereira

Todos sabemos que a NHL premia os jogadores por diversos motivos, bem diferente do que ocorre no futebol, que só o maior goleador ganha alguma coisa. Daí a vontade da garotada de querer ser apenas centroavante... No hóquei, além da disputa pela Stanley Cup, os times e jogadores podem lutar por alcançar objetivos pessoais que não dependem necessariamente apenas de gols. Por isso, vamos ver o que os times/jogadores ganham por suas performances.

Troféus para a equipe
Clarence S. Campbell Bowl: Concedido à equipe vencedora da Conferência Oeste. Nesta temporada, o Anaheim Mighty Ducks.

Troféu Príncipe de Gales: Este vai para a equipe vencedora da Conferência Leste, ou seja, Ottawa Senators ou New Jersey Devils.

Troféu dos Presidentes: Quem conseguir a melhor campanha entre as equipes durante a temporada regular ganha este troféu. Sim, os Senators de novo.

Stanley Cup: A taça mais famosa do mundo. Ou alguém sabe o nome da taça que entregam nas finais da NBA ou NFL? Claro, é entregue ao campeão de toda liga, após quatro rodadas de playoffs e 16 vitórias.

Troféus individuais
Troféu Jack Adams: Na base da subjetividade, quem ganha é o melhor treinador. E neste caso não vale a equipe ter a melhor campanha. O técnico no caso, precisa comprovadamente ser um dos maiores responsáveis pelo que o time conseguir durante a temporada regular. Pode ser aquele que levou sua equipe aos playoffs com uma equipe contendo poucas estrelas, um técnico que conseguiu fazer o time se recuperar de um mau começo ou jogadores contundidos, ou ainda, um técnico que com um bom elenco consegue fazer a equipe ficar entre as primeiras. Detroit Red Wings, por exemplo. Mas este caso é mais raro. Normalmente é dado ao treinador de uma equipe subestimada ao início da temporada e que consegue surpreender a todos. Detalhe: não valem os playoffs.

Concorrentes: Jacques Martin, Ottawa Senators; Jacques Lemaire, Minnesota Wild; John Tortorella, Tampa Bay Lightning

Troféu Memorial Calder: O melhor calouro da liga recebe este prêmio. Para ser um calouro, o jogador precisa ter menos que 27 anos de idade. Por que? Imaginem quando Roman Cechmanek chegou à liga. Ele e seus 32 anos e vasta experiência em outros países e na seleção tcheca (sim, ele foi reserva de Hasek). É uma vantagem tremenda contra um universitário recém-formado, com espinhas no rosto. Mas este troféu tem um problema, como acaba acontecendo na maioria dos outros. Dificilmente um defensor defensivo recebe este prêmio, por não aparecer muito. Tanto, que o nome de Barret Jackman, dos Blues, só apareceu nesta temporada porque a discussão sobre o fato de defensores voltados somente à defesa não serem valorizados aumentou muito nos últimos anos. Segundo alguns analistas, muitos dos votantes apenas olham números e dão seu voto, o que é totalmente errado.

Concorrentes: Barret Jackman, St. Louis Blues; Rick Nash, Columbus Blue Jackets; Henrik Zetterberg, Detroit Red Wings

Troféu Memorial Lady Bing: Entregue ao jogador que aliar bom jogo com uma boa conduta esportiva. Ou seja: sem penalidades e sem brigas. Este troféu é um prato cheio para defensores que cometem poucas penalidades e ajudam brutalmente sua equipe a ter uma boa defesa. Mas para muitos jogadores é algo ruim. Poucas penalidades no hóquei significa, para muitas pessoas, falta de vontade, raça e virilidade. Foi bem o que Alexander Mogilny dos Leafs disse nas últimas semanas: se ele vencesse o troféu, ele não iria na cerimônia de premiação para receber. Mas é difícil dizer que Nicklas Lidstrom ou Ron Francis não tem vontade, não? Eles normalmente são indicados ao troféu e nunca ninguém disse que falta vontade a eles...

Concorrentes: Nicklas Lidstrom, Detroit Red Wings; Mike Modano, Dallas Stars; Alexander Mogilny, Toronto Maple Leafs

Troféu Memorial Bill Masterton: Este é um troféu que admiro muito quem o ganha. Explico: ele é entregue ao jogador que mesmo com muitas adversidades consegue continuar jogando ou voltar a jogar. Exemplo clássico é Mario Lemieux, quando teve que fazer seu tratamento contra o Mal de Hodgkins, ou John Cullen e sua luta contra a leucemia. Adam Graves, que conseguiu jogar pelos Sharks, mesmo perdendo seu pai e um de seus filhos gêmeos em muito pouco tempo. Jamie McLennan, que voltou a ser goleiro, mesmo após uma acidente de carro. E por aí vai. Não é preciso explicar muito, não? É um troféu que não tem concorrentes, visto que depende de muitos fatores. O último vencedor foi o óbvio Saku Koivu.

Troféu James Norris: Pronto. Aqui está a controvérsia. Teoricamente, este prêmio é dado àquele defensor que mostrar ótimas qualidades como defensor. Ou seja, defender muito bem. Certo? Errado. Apesar de ter melhorado muito, a NHL tinha a tendência a premiar defensores, que como bem diz o Humberto Fernandez aqui da Slot, são praticamente asas esquerdos, como Brian Leetch ou Paul Coffey. Nas últimas temporadas finalmente a liga percebeu o erro que era premiar apenas jogadores que ajudassem ofensivamente em detrimento a monstros defensivos, como Chris Pronger. Só que Pronger além de defender bem, na temporada que venceu o prêmio contribui muito ao ataque também. O mesmo pode se dizer de Chelios e Bourque, por exemplo. E Scott Stevens? Esse sim foi uma injustiça. Mesmo em sua melhor temporada, a de 95, quando os Devils foram campeões e ele jogou bem em todos os lados do gelo, ele não ganhou. Por essas e outras que este prêmio, mesmo quando um defensor recebe, é olhado com certas ressalvas.

Concorrentes: Derian Hatcher, Dallas Stars; Nicklas Lidstrom, Detroit Red Wings; Al MacInnis, St. Louis Blues

Troféu Frank J. Selke: Provavelmente o mais difícil, subjetivo e controverso troféu da liga. Como é entregue ao melhor atacante defensivo da liga, como medir isso? Fala-se de mais/menos, gols em desvantagem numérica, trancos, bom marcador, além de fazer parte de uma boa equipe defensiva. Mas principalmente: depende de quem vota.

Concorrentes: Jere Lehtinen, Dallas Stars; John Madden, New Jersey Devils; Wez Walz, Minnesota Wild

Troféu Vezina: É outra controvérsia. Como medir se um goleiro é bom? Pela quantidade de gols que ele permitiu? Média de gols contra por partida? Percentual de defesas? Shutouts? Mas e se a defesa da equipe for boa? E se o goleiro só encarar chutes fáceis? Bem, o que realmente indica se um goleiro merece uma indicação, é a capacidade que ele tem de crescer nos momentos difíceis de uma partida ou mesmo temporada e carregar a equipe por longos períodos, sua constância e claro, bons números.

Concorrentes: Ed Belfour, Toronto Maple Leafs; Martin Brodeur, New Jersey Devils; Marty Turco, Dallas Stars

Troféu Memorial King Clancy: Segundo a definição, este troféu é concedido ao jogador que dá o maior exemplo de liderança e contribuições humanitárias dentro e fora da quadra. Para nós brasileiros, que mal temos chance de acompanhar a liga, o que dizer de ter que conhecer um jogador em sua vida pessoal para poder premiá-lo? Este é outro prêmio que não tem concorrentes.

Troféu William M. Jennings: Este é claro e direto: ganham os goleiros do time com menor número de gols por partida. Para vencer, cada goleiro da equipe precisa ter pelo menos 25 jogos. Por isso Martin Brodeur ganhou o desta temporada sozinho. Seu reserva, Schwab, não pôde atuar muito, já que o titular dos Devils jogou absurdos 66 jogos.

Troféu Lester Patrick: "Serviço excepcional ao hóquei nos Estados Unidos". Mais bairrista que isso, impossível. Por que não "Serviços excepcional ao hóquei no mundo"? O pior disto tudo é saber que foi o New York Rangers que idealizou esta homenagem. Independentemente disto, ainda vai ser escolhido.

Troféu Maurice Richard: Entregue sem votação ao maior goleador da temporada. Demorou, mas finalmente um troféu destes apareceu na liga para quem marcasse mais gols. É sério, ele foi instituído apenas em 1999, quando Teemu Selanne ganhou. Para vermos, como a estrutura do hóquei difere e muito do futebol.

Vencedor desta temporada: Milan Hejduk, Colorado Avalanche

Troféu Art Ross: Este premia o maior pontuador, nada mais justo.

Vencedor desta temporada: Peter Forsberg, Colorado Avalanche

Troféu Memorial Hart: Basicamente é o jogador mais importante para sua equipe. Ou seja, aquele jogador que faz seus companheiros melhores, que garante vitórias, que carrega a equipe. Aquele goleiro que fecha o gol, aquele jogador que pontua todo jogo, o defensor que evita que a equipe leve muitos gols. Já tivemos Greztky, Lemieux, Messier, Pronger, Fedorov, Théodore. Ou seja, monstros para suas equipes.

Concorrentes: Martin Brodeur, New Jersey Devils; Peter Forsberg, Colorado Avalanche; Markus Naslund, Vancouver Canucks

Prêmio Lester B. Pearson: Seria o mesmo que o Hart, mas com base na votação feita pelos próprios jogadores. Normalmente as diferenças entre o vencedor do Lester Pearson em relação aos indicados do Hart não são gritantes, mas não é sempre que os dois vencedores coincidem.

Troféu Conn Smythe: O melhor jogador de todos os playoffs leva este para casa. Para muitos jogadores, é talvez mais importante que o Troféu Hart Memorial, pois mostra que, quando foi mais importante, o jogador se superou e mostrou seu valor. Geralmente é dado a um jogador vencedor da Stanley Cup, mas se um jogador do time que perde tiver feito um ótimo playoffs, ele ganha.

Fabiano Pereira ficou realmente chateado em saber como surgiu o Lester Patrick...
 
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Página publicada em 22 de maio de 2003.