Por
Fabiano Pereira
Todos sabemos que a NHL premia os jogadores por diversos motivos, bem
diferente do que ocorre no futebol, que só o maior goleador ganha alguma
coisa. Daí a vontade da garotada de querer ser apenas centroavante...
No hóquei, além da disputa pela Stanley Cup, os times e jogadores podem
lutar por alcançar objetivos pessoais que não dependem necessariamente
apenas de gols. Por isso, vamos ver o que os times/jogadores ganham
por suas performances.
Troféus para a equipe
Clarence S. Campbell Bowl: Concedido à equipe vencedora
da Conferência Oeste. Nesta temporada, o Anaheim Mighty Ducks.
Troféu Príncipe de Gales: Este vai para
a equipe vencedora da Conferência Leste, ou seja, Ottawa Senators ou
New Jersey Devils.
Troféu dos Presidentes: Quem conseguir a melhor
campanha entre as equipes durante a temporada regular ganha este troféu.
Sim, os Senators de novo.
Stanley Cup: A taça mais famosa do mundo. Ou alguém
sabe o nome da taça que entregam nas finais da NBA ou NFL? Claro, é
entregue ao campeão de toda liga, após quatro rodadas de playoffs e
16 vitórias.
Troféus individuais
Troféu Jack Adams: Na base da subjetividade,
quem ganha é o melhor treinador. E neste caso não vale a equipe ter
a melhor campanha. O técnico no caso, precisa comprovadamente ser um
dos maiores responsáveis pelo que o time conseguir durante a temporada
regular. Pode ser aquele que levou sua equipe aos playoffs com uma equipe
contendo poucas estrelas, um técnico que conseguiu fazer o time se recuperar
de um mau começo ou jogadores contundidos, ou ainda, um técnico que
com um bom elenco consegue fazer a equipe ficar entre as primeiras.
Detroit Red Wings, por exemplo. Mas este caso é mais raro. Normalmente
é dado ao treinador de uma equipe subestimada ao início da temporada
e que consegue surpreender a todos. Detalhe: não valem os playoffs.
Concorrentes: Jacques Martin, Ottawa Senators; Jacques Lemaire, Minnesota
Wild; John Tortorella, Tampa Bay Lightning
Troféu Memorial Calder: O melhor calouro da
liga recebe este prêmio. Para ser um calouro, o jogador precisa ter
menos que 27 anos de idade. Por que? Imaginem quando Roman Cechmanek
chegou à liga. Ele e seus 32 anos e vasta experiência em outros países
e na seleção tcheca (sim, ele foi reserva de Hasek). É uma vantagem
tremenda contra um universitário recém-formado, com espinhas no rosto.
Mas este troféu tem um problema, como acaba acontecendo na maioria dos
outros. Dificilmente um defensor defensivo recebe este prêmio, por não
aparecer muito. Tanto, que o nome de Barret Jackman, dos Blues, só apareceu
nesta temporada porque a discussão sobre o fato de defensores voltados
somente à defesa não serem valorizados aumentou muito nos últimos anos.
Segundo alguns analistas, muitos dos votantes apenas olham números e
dão seu voto, o que é totalmente errado.
Concorrentes: Barret Jackman, St. Louis Blues; Rick Nash, Columbus Blue
Jackets; Henrik Zetterberg, Detroit Red Wings
Troféu Memorial Lady Bing: Entregue ao jogador
que aliar bom jogo com uma boa conduta esportiva. Ou seja: sem penalidades
e sem brigas. Este troféu é um prato cheio para defensores que cometem
poucas penalidades e ajudam brutalmente sua equipe a ter uma boa defesa.
Mas para muitos jogadores é algo ruim. Poucas penalidades no hóquei
significa, para muitas pessoas, falta de vontade, raça e virilidade.
Foi bem o que Alexander Mogilny dos Leafs disse nas últimas semanas:
se ele vencesse o troféu, ele não iria na cerimônia de premiação para
receber. Mas é difícil dizer que Nicklas Lidstrom ou Ron Francis não
tem vontade, não? Eles normalmente são indicados ao troféu e nunca ninguém
disse que falta vontade a eles...
Concorrentes: Nicklas Lidstrom, Detroit Red Wings; Mike Modano, Dallas
Stars; Alexander Mogilny, Toronto Maple Leafs
Troféu Memorial Bill Masterton: Este é um troféu
que admiro muito quem o ganha. Explico: ele é entregue ao jogador que
mesmo com muitas adversidades consegue continuar jogando ou voltar a
jogar. Exemplo clássico é Mario Lemieux, quando teve que fazer seu tratamento
contra o Mal de Hodgkins, ou John Cullen e sua luta contra a leucemia.
Adam Graves, que conseguiu jogar pelos Sharks, mesmo perdendo seu pai
e um de seus filhos gêmeos em muito pouco tempo. Jamie McLennan, que
voltou a ser goleiro, mesmo após uma acidente de carro. E por aí vai.
Não é preciso explicar muito, não? É um troféu que não tem concorrentes,
visto que depende de muitos fatores. O último vencedor foi o óbvio Saku
Koivu.
Troféu James Norris: Pronto. Aqui está a controvérsia.
Teoricamente, este prêmio é dado àquele defensor que mostrar ótimas
qualidades como defensor. Ou seja, defender muito bem. Certo? Errado.
Apesar de ter melhorado muito, a NHL tinha a tendência a premiar defensores,
que como bem diz o Humberto Fernandez aqui da Slot, são praticamente
asas esquerdos, como Brian Leetch ou Paul Coffey. Nas últimas temporadas
finalmente a liga percebeu o erro que era premiar apenas jogadores que
ajudassem ofensivamente em detrimento a monstros defensivos, como Chris
Pronger. Só que Pronger além de defender bem, na temporada que venceu
o prêmio contribui muito ao ataque também. O mesmo pode se dizer de
Chelios e Bourque, por exemplo. E Scott Stevens? Esse sim foi uma injustiça.
Mesmo em sua melhor temporada, a de 95, quando os Devils foram campeões
e ele jogou bem em todos os lados do gelo, ele não ganhou. Por essas
e outras que este prêmio, mesmo quando um defensor recebe, é olhado
com certas ressalvas.
Concorrentes: Derian Hatcher, Dallas Stars; Nicklas Lidstrom, Detroit
Red Wings; Al MacInnis, St. Louis Blues
Troféu Frank J. Selke: Provavelmente o mais
difícil, subjetivo e controverso troféu da liga. Como é entregue ao
melhor atacante defensivo da liga, como medir isso? Fala-se de mais/menos,
gols em desvantagem numérica, trancos, bom marcador, além de fazer parte
de uma boa equipe defensiva. Mas principalmente: depende de quem vota.
Concorrentes: Jere Lehtinen, Dallas Stars; John Madden, New Jersey Devils;
Wez Walz, Minnesota Wild
Troféu Vezina: É outra controvérsia. Como medir
se um goleiro é bom? Pela quantidade de gols que ele permitiu? Média
de gols contra por partida? Percentual de defesas? Shutouts? Mas e se
a defesa da equipe for boa? E se o goleiro só encarar chutes fáceis?
Bem, o que realmente indica se um goleiro merece uma indicação, é a
capacidade que ele tem de crescer nos momentos difíceis de uma partida
ou mesmo temporada e carregar a equipe por longos períodos, sua constância
e claro, bons números.
Concorrentes: Ed Belfour, Toronto Maple Leafs; Martin Brodeur, New Jersey
Devils; Marty Turco, Dallas Stars
Troféu Memorial King Clancy: Segundo a definição,
este troféu é concedido ao jogador que dá o maior exemplo de
liderança e contribuições humanitárias dentro e fora da quadra. Para
nós brasileiros, que mal temos chance de acompanhar a liga, o que dizer
de ter que conhecer um jogador em sua vida pessoal para poder premiá-lo?
Este é outro prêmio que não tem concorrentes.
Troféu William M. Jennings: Este é claro e direto:
ganham os goleiros do time com menor número de gols por partida. Para
vencer, cada goleiro da equipe precisa ter pelo menos 25 jogos. Por
isso Martin Brodeur ganhou o desta temporada sozinho. Seu reserva, Schwab,
não pôde atuar muito, já que o titular dos Devils jogou absurdos
66 jogos.
Troféu Lester Patrick: "Serviço excepcional
ao hóquei nos Estados Unidos". Mais bairrista que isso, impossível.
Por que não "Serviços excepcional ao hóquei no mundo"? O pior disto
tudo é saber que foi o New York Rangers que idealizou esta homenagem.
Independentemente disto, ainda vai ser escolhido.
Troféu Maurice Richard: Entregue sem votação
ao maior goleador da temporada. Demorou, mas finalmente um troféu destes
apareceu na liga para quem marcasse mais gols. É sério, ele foi instituído
apenas em 1999, quando Teemu Selanne ganhou. Para vermos, como a estrutura
do hóquei difere e muito do futebol.
Vencedor desta temporada: Milan Hejduk, Colorado Avalanche
Troféu Art Ross: Este premia o maior pontuador,
nada mais justo.
Vencedor desta temporada: Peter Forsberg, Colorado Avalanche
Troféu Memorial Hart: Basicamente é o jogador
mais importante para sua equipe. Ou seja, aquele jogador que faz seus
companheiros melhores, que garante vitórias, que carrega a equipe. Aquele
goleiro que fecha o gol, aquele jogador que pontua todo jogo, o defensor
que evita que a equipe leve muitos gols. Já tivemos Greztky, Lemieux,
Messier, Pronger, Fedorov, Théodore. Ou seja, monstros para suas equipes.
Concorrentes: Martin Brodeur, New Jersey Devils; Peter Forsberg, Colorado
Avalanche; Markus Naslund, Vancouver Canucks
Prêmio Lester B. Pearson: Seria o mesmo que o
Hart, mas com base na votação feita pelos próprios jogadores. Normalmente
as diferenças entre o vencedor do Lester Pearson em relação aos indicados
do Hart não são gritantes, mas não é sempre que os dois vencedores coincidem.
Troféu Conn Smythe: O melhor jogador de todos
os playoffs leva este para casa. Para muitos jogadores, é talvez mais
importante que o Troféu Hart Memorial, pois mostra que, quando
foi mais importante, o jogador se superou e mostrou seu valor. Geralmente
é dado a um jogador vencedor da Stanley Cup, mas se um jogador do time
que perde tiver feito um ótimo playoffs, ele ganha.
|
Fabiano Pereira ficou realmente chateado em saber como surgiu o Lester Patrick... |
|
|