Por
Alexandre Giesbrecht
Normalmente, quem fala do Detroit aqui na Slot BR é um dos torcedores
do time, Eduardo, Humberto ou Marcelo. No instante em que escrevo esta
matéria, não sei se algum deles vai falar sobre os Wings.
É, mais uma vez, os Wings são notícia logo na primeira
rodada. Por isso, vou falar (também) sobre eles. Notem que, por
problemas médicos, estou escrevendo no domingo de manhã,
ainda sem saber o resultado do jogo 3, que seria disputado na segunda-feira,
a tempo de ser coberto por esta edição.
Sim, os Wings já passaram por isso no ano passado. Exatamente
a mesma coisa: enfrentaram um adversário teoricamente bastante
inferior e perderam os dois primeiros jogos. Em casa, para piorar. Há
um ano, eram os Canucks, ainda como surpresa e não realidade,
que implodiram nos quatro jogos seguintes, abrindo caminho para o título
do Detroit. Desta vez, são os Ducks, que, antes da série,
não eram uma surpresa tão grande quanto os Canucks, que
estavam embalados por uma magnífica segunda metade da temporada
regular.
"Só porque [viramos] no ano passado não quer dizer
que vamos [virar] neste ano", disse Brendan Shanahan depois do
jogo 2. "Mas temos aquela experiência para nos basear."
A torcida acredita. Mais do que no ano passado. Tomo como exemplo meu
amigo Marcelo Constantino, também colunista aqui da Slot BR.
No dia seguinte ao jogo 2 contra o Vancouver, ele me demonstrou, por
telefone, todo o descrédito quanto a uma virada, que acabou ocorrendo.
Hoje, quando falei com ele, não senti o descrédito.
Pode ser. Mas há uma grande diferença entre os dois momentos:
os Wings perderam os dois primeiros jogos em 2002 mais para si mesmos
que para o adversário. Agora, mesmo jogando muito bem, não
conseguem superar um adversário que deveria estar voando para
a Califórnia preocupado apenas em ganhar o seu "jogo de
honra". O jogo do Vancouver era baseado no ataque; o do Anaheim,
na defesa.
Mais uma diferença: os goleiros. Dan Cloutier, dos Canucks, jogou
bem mas não espetacularmente os dois primeiros
jogos no ano passado, mas depois implodiu junto com o time, chegando,
inclusive, a ser apontado como vilão pelo frango que tomou no
jogo 3, considerado o divisor de águas na série. Já
Jean-Sebastien Giguere, dos Ducks, teve uma atuação histórica
na quinta-feira, fazendo nada menos que 63 defesas no jogo 1
recorde para uma estréia em playoffs. Giguere vem se estabelecendo
cada vez mais nas duas últimas temporadas, e agora deve estar
sentindo que é a sua vez. Se ele mantiver o mesmo ritmo, a tarefa
dos Wings vai se complicar ainda mais.
O Detroit não está jogando mal; está finalizando
mal. Com a vantagem em todos os aspectos técnicos que o time
teve nos dois primeiros jogos, não deveria importar se o goleiro
do outro time é uma estrela em ascensão ou um cone com
rodinhas. Ora, os Wings ganharam até em face-offs, e os Ducks
lideraram a liga nesse quesito durante a temporada regular.
Depois de perder o primeiro jogo, ganhavam o segundo por 2-1 no terceiro
período. Até os 13:34 do terceiro período, para
ser mais exato. Isso depois de perderem inúmeras chances de ampliar
o placar. Acabaram castigados duplamente, pelos gols de Jason Krog e
Steve Thomas. É como Luc Robitaille disse: "Quando você
está assim na frente, tem que conseguir acabar de vez com [o
adversário]. Não fizemos isso [no sábado], então
é bastante decepcionante."
Esse é o tipo de coisa que não pode acontecer, especialmente
nos playoffs. Especialmente quando se está enfrentando um goleiro
em ótima fase. Especialmente quando o seu próprio goleiro
não vai tão bem. Curtis Joseph parou 42 chutes na primeira
partida, é verdade, mas passou boa parte da temporada sendo questionado
é, substituir Dominik Hasek não deve mesmo ser
fácil e tomou gols em dois chutes considerados fáceis.
O técnico Dave Lewis ainda tentou absolvê-lo, mas não
convenceu: "O primeiro gol [Joseph] tinha de ter defendido. Agora,
o terceiro gol foi um contra-golpe, uma bomba [de Thomas] e uma mudança
de ritmo, que deve ter afetado sua reação."
Com a corda no pescoço, aquele time apontado por muitos (inclusive
por todos nós da Slot BR que demos pitacos na semana passada)
como favoritíssimo vai enfrentar os motivados Ducks, fora de
casa, buscando, além da recuperação, um lugar na
história. Se os Wings virarem esta série, serão
apenas o terceiro time na história a virar séries que
perdia por 2-0 em dois anos seguidos os outros foram os Islanders,
em 1975 e 1976, e os Penguins, em 1991 e 1992. E o primeiro a fazer
isso com mando de gelo nas duas séries (esta última informação
você não encontra em outro lugar).
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Alexandre
Giesbrecht, publicitário, comprou (e recomenda) o DVD
"Lilo & Stitch". |
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"NOSSO HERÓI"
Os jogadores do Anaheim cumprimentam o goleiro Jean-Sebastien Giguere
(35) depois da vitória no jogo 2 (Julian H. Gonzalez/Detroit
Free Press - 12/04/2003) |
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O GOL DA MEIA-NOITE O disco
chutado por Paul Kariya na terceira prorrogação entra
no gol defendido por Curtis Joseph, dando a vitória no jogo
1 aos Ducks (Kirthmon F. Dozier/Detroit Free Press - 10/04/2003) |
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OLHA AQUI! Giguere reclama
que um chute de Robitaille na primeira prorrogação
do jogo 1 não teria sido gol. E não foi, apesar da
euforia da torcida (Julian H. Gonzalez/Detroit Free Press - 10/04/2003) |
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