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4 de abril de 2003
O que preocupa Dallas e o que pode alegrá-la

Por Alexandre Giesbrecht

O Dallas começou bem a temporada de 2002-03. Na verdade, começou muito bem. Ainda estão bem, mas não mais nos moldes que caracterizaram os primeiros meses. Não estão mais disparados na frente e têm a incômoda companhia do Detroit na disputa pelo primeiro lugar no Oeste.

É lógico que eles ainda são favoritos para a Stanley Cup, embora agora dividam esta primazia com Red Wings (cada vez mais favoritos em seu fantástico final de temporada), Senators, Canucks, Devils, Avalanche e Flyers. A volta do goleiro Marty Turco foi um grande alívio. Apesar de o reserva Ron Tugnutt ter sido um substituto à altura, muitos em Dallas não o viam como o goleiro para levar o time a sua segunda Stanley Cup em quatro anos. Isso porque Tugnutt foi praticamente uma estrela solitária em três anos nos Blue Jackets, além de ter no currículo uma grande atuação pelos Penguins nos playoffs de 1999-2000.

As dúvidas agora vêm do ataque: Bill Guerin, contratado a peso de ouro no início da temporada, ainda está se recuperando de uma cirurgia na coxa. Na melhor das hipóteses, ele vai perder os dois primeiros jogos da pós-temporada. Mas, como ele está sem jogar há mais de um mês — desde 27 de fevereiro, quando o zagueiro Chris Phillips, do Ottawa, deu-lhe uma joelhada na coxa —, ele ainda vai provavelmente precisar de alguns dias de treinamento duro, o que pode significar perder até a primeira rodada inteira.

E Guerin não é o único problema enfrentado pelos Stars. Pierre Turgeon, de fora por causa de uma operação no tornozelo, é outra estrela do ataque que tem andado de muletas. Mas, no caso dele, a espera deve ser ainda maior: ao menos mais três semanas, o que pode significar uma eventual volta só depois da segunda rodada.

Na defesa, a preocupação é com Lyle Odelein, que voltou a patinar com seus companheiros de time na última segunda-feira, mas não jogou contra o Buffalo naquela noite. Até o fechamento desta edição, não se sabia se o técnico Dave Tippett o usaria contra o Anaheim na quarta-feira. O técnico disse que é importante descobrir o que Odelein, que está tratando uma contusão no pé, pode fazer antes dos playoffs. Isso deve significar mudanças na defesa para os dois últimos jogos, que podem afetar o entrosamento.

"Certamente isso é um desafio para o resto do time", disse o gerente geral Doug Armstrong ao jornal Dallas Morning News. "Tentamos lidar com isso no dia-limite de trocas, ao adicionar Stu Barnes. Acho que a profundidade deste time era nosso ponto forte no iníci da temporada. Agora ela está sendo testada. Temos muita confiança nos jogadores deste time."

Ao mesmo tempo que os playoffs no horizonte representam um perigo cada vez maior para um time que não está com 100% dos seus jogadores intactos, a situação do Dallas não deixa de ser invejável, principalmente para times que sofreram com contusões que os tiraram da briga pelos playoffs, como Phoenix e até mesmo Nashville.

Mesmo que o time acabe se dando mal nos playoffs, pelo menos uma coisa boa a torcida de Dallas deve ver: dois ex-Stars que sempre mantiveram uma relação de amor e ódio com a torcida lutando já na primeira rodada. O Toronto de Ed Belfour, o goleiro que levou os Stars a seu único título, em 1999, já garantiu matematicamente a quinta colocação no Leste, enquanto o Philadelphia do técnico Ken Hitchcock, também ex-Dallas, está quase garantido na quarta colocação.

Belfour quer ansiosamente levantar a Staney Cup (convenhamos, nada muito fácil com o elenco que os Leafs têm à mão) e mostrá-la às pessoas que não acreditaram nele, e você pode apostar que um dos primeiros nessa lista é Hitchcock. O temperamental técnico, que era adepto das críticas a suas estrelas de vez em quando, teve alguns desentendimentos com o goleiro quando os dois estavam em Dallas.

Na sua última temporada com os Stars, em 2001-02, Belfour foi mal e achou que o então técnico do time não o tratou com o respeito que Patrick Roy recebe em Denver, por exemplo. Bem, para ser sincero, Belfour achou a mesma coisa em relação a Rick Wilson, o técnico interino que substituiu Hitchcock quando da sua demissão, em janeiro de 2002.

Hitch merece crédito. Ele sabia como paparicar Belfour, mas sabia também como alfinetá-lo. Até Belfour ruir no final, Hitch sabia como entendê-lo. É por isso que, quando eles se enfrentarem, há que se dar uma ligeira vantagem a Hitchcock, por conhecer a psique de seu adversário. Como assistente de técnico na seleção canadense, ele soube exatamente como parar Mike Modano, estrela do Dallas, nas finais das Olimpíadas de Inverno de 2002, e ele deve saber melhor que ninguém como superar Belfour em uma série melhor-de-sete.

Será uma série cheia de trocas de farpas, em que ninguém estará mais interessado do que o pessoal em Dallas.

Alexandre Giesbrecht, 26 anos, descobriu mais um fã de hóquei e do Alice In Chains em John Buccigross, comprou o fantástico DVD de "Lilo & Stitch" e ainda fuçou em alguns quilos de jornais velhos que trouxeram boas lembranças. Tudo isso em um só fim de semana.
POR ENQUANTO, ALEGRIA Os Stars esperam continuar a comemorar nos playoffs, mas as contusões são um obstáculo (Tony Gutierrez/AP - 23/03/2003)
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Página publicada em 2 de abril de 2003.