Por
Alexandre Giesbrecht
O Dallas começou bem a temporada de 2002-03. Na verdade, começou
muito bem. Ainda estão bem, mas não mais nos moldes
que caracterizaram os primeiros meses. Não estão mais
disparados na frente e têm a incômoda companhia do Detroit
na disputa pelo primeiro lugar no Oeste.
É lógico que eles ainda são favoritos para a Stanley
Cup, embora agora dividam esta primazia com Red Wings (cada vez mais
favoritos em seu fantástico final de temporada), Senators, Canucks,
Devils, Avalanche e Flyers. A volta do goleiro Marty Turco foi um grande
alívio. Apesar de o reserva Ron Tugnutt ter sido um substituto
à altura, muitos em Dallas não o viam como o goleiro para
levar o time a sua segunda Stanley Cup em quatro anos. Isso porque Tugnutt
foi praticamente uma estrela solitária em três anos nos
Blue Jackets, além de ter no currículo uma grande atuação
pelos Penguins nos playoffs de 1999-2000.
As dúvidas agora vêm do ataque: Bill Guerin, contratado
a peso de ouro no início da temporada, ainda está se recuperando
de uma cirurgia na coxa. Na melhor das hipóteses, ele vai perder
os dois primeiros jogos da pós-temporada. Mas, como ele está
sem jogar há mais de um mês desde 27 de fevereiro,
quando o zagueiro Chris Phillips, do Ottawa, deu-lhe uma joelhada na
coxa , ele ainda vai provavelmente precisar de alguns dias de
treinamento duro, o que pode significar perder até a primeira
rodada inteira.
E Guerin não é o único problema enfrentado pelos
Stars. Pierre Turgeon, de fora por causa de uma operação
no tornozelo, é outra estrela do ataque que tem andado de muletas.
Mas, no caso dele, a espera deve ser ainda maior: ao menos mais três
semanas, o que pode significar uma eventual volta só depois da
segunda rodada.
Na defesa, a preocupação é com Lyle Odelein, que
voltou a patinar com seus companheiros de time na última segunda-feira,
mas não jogou contra o Buffalo naquela noite. Até o fechamento
desta edição, não se sabia se o técnico
Dave Tippett o usaria contra o Anaheim na quarta-feira. O técnico
disse que é importante descobrir o que Odelein, que está
tratando uma contusão no pé, pode fazer antes dos playoffs.
Isso deve significar mudanças na defesa para os dois últimos
jogos, que podem afetar o entrosamento.
"Certamente isso é um desafio para o resto do time",
disse o gerente geral Doug Armstrong ao jornal Dallas Morning News.
"Tentamos lidar com isso no dia-limite de trocas, ao adicionar
Stu Barnes. Acho que a profundidade deste time era nosso ponto forte
no iníci da temporada. Agora ela está sendo testada. Temos
muita confiança nos jogadores deste time."
Ao mesmo tempo que os playoffs no horizonte representam um perigo cada
vez maior para um time que não está com 100% dos seus
jogadores intactos, a situação do Dallas não deixa
de ser invejável, principalmente para times que sofreram com
contusões que os tiraram da briga pelos playoffs, como Phoenix
e até mesmo Nashville.
Mesmo que o time acabe se dando mal nos playoffs, pelo menos uma coisa
boa a torcida de Dallas deve ver: dois ex-Stars que sempre mantiveram
uma relação de amor e ódio com a torcida lutando
já na primeira rodada. O Toronto de Ed Belfour, o goleiro que
levou os Stars a seu único título, em 1999, já
garantiu matematicamente a quinta colocação no Leste,
enquanto o Philadelphia do técnico Ken Hitchcock, também
ex-Dallas, está quase garantido na quarta colocação.
Belfour quer ansiosamente levantar a Staney Cup (convenhamos, nada muito
fácil com o elenco que os Leafs têm à mão)
e mostrá-la às pessoas que não acreditaram nele,
e você pode apostar que um dos primeiros nessa lista é
Hitchcock. O temperamental técnico, que era adepto das críticas
a suas estrelas de vez em quando, teve alguns desentendimentos com o
goleiro quando os dois estavam em Dallas.
Na sua última temporada com os Stars, em 2001-02, Belfour foi
mal e achou que o então técnico do time não o tratou
com o respeito que Patrick Roy recebe em Denver, por exemplo. Bem, para
ser sincero, Belfour achou a mesma coisa em relação a
Rick Wilson, o técnico interino que substituiu Hitchcock quando
da sua demissão, em janeiro de 2002.
Hitch merece crédito. Ele sabia como paparicar Belfour, mas sabia
também como alfinetá-lo. Até Belfour ruir no final,
Hitch sabia como entendê-lo. É por isso que, quando eles
se enfrentarem, há que se dar uma ligeira vantagem a Hitchcock,
por conhecer a psique de seu adversário. Como assistente de técnico
na seleção canadense, ele soube exatamente como parar
Mike Modano, estrela do Dallas, nas finais das Olimpíadas de
Inverno de 2002, e ele deve saber melhor que ninguém como superar
Belfour em uma série melhor-de-sete.
Será uma série cheia de trocas de farpas, em que ninguém
estará mais interessado do que o pessoal em Dallas.
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Alexandre Giesbrecht, 26 anos, descobriu mais um fã de
hóquei e do Alice In Chains em John Buccigross, comprou o
fantástico DVD de "Lilo & Stitch" e ainda fuçou
em alguns quilos de jornais velhos que trouxeram boas lembranças.
Tudo isso em um só fim de semana. |
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POR ENQUANTO, ALEGRIA Os Stars
esperam continuar a comemorar nos playoffs, mas as contusões
são um obstáculo (Tony Gutierrez/AP - 23/03/2003) |
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