Por
Thomaz Alexandre
Ao analisar tudo por que passou o St. Louis Blues na temporada 2002-2003,
as evidências nos levam a atribuir a esta um adjetivo como "problemático",
"difícil" talvez.
Exceto sua campanha de 31-18-8-6.
Ciranda e rumores de goleiros
-- Para começar a temporada, os Blues levaram a novos horizontes
seu famoso azar com goleiros.
Brent Johnson, o titular esperando, não fez sequer pré-temporada.
O reserva Brathwaite bem que tentou assumir o posto, mas a mosquinha
também o picou e os jogadores de liga menor Curtis Sanford e
Reinhard Divis acabaram se tornando a dupla de goleiros do time.
Até que Curtis também caiu lesionado, e Cory Rudkowsky
foi chamado da ECHL para ajudar Divis. O mesmo Divis que, na temporada
passada, terminou seu jogo com o Worcester Ice Cats da AHL e pegou imediatamente
uma carona para St. Louis, onde se uniu ao time no início do
segundo período para servir de reserva.
Brathwaite finalmente retornou, mas nada de Johnson. Para não
arriscar com nenhum dos reconvocados, St. Louis adquiriu Tom Barrasso,
goleiro veterano que foi o sexto goleiro a jogar pelo time na temporada.
Com participação pífia, permitindo mais de três
gols em média por jogo, o velho Tom não se firmou e está
de malas prontas.
Johnson voltou e passou a receber a maior parte das escalações
a demérito de Brathwaite. Mas não vem correspondendo,
e o time já pensa num veterano para defender suas traves nos
playoffs. Rumores dão conta de que St. Louis pode adquirir Sean
Burke do Phoenix Coyotes além de Brian Savage se ceder Johnson
e Mark Van Ryn. Mesmo que as peças adjuntas mudem, a troca Johnson
(jovem, baixíssimo salário, jogando em um time que quer
a Copa Stanley) por Burke (veterano, quase 4 milhões por ano,
em um time na prática eliminado) tem os ventos a seu favor.
Para quem acha que a performance defensiva do time foi afetada por todos
esses assuntos de goleiros, alguns números: os Blues têm
a 13ª defesa menos vazada da liga e a quinta melhor unidade de
matar penalidades. Além dos dois principais goleiros, os três
reservas emergenciais também tem campanhas vitoriosas. Melhor:
os três passaram pela NHL por um punhado de semanas apenas e todos
saíram invictos. Divis venceu seus dois jogos com mais de 97%
de defesas e média de gols cedidos inferior a 0,8 por jogo. Rudkowsky
viu apenas 30 tacadas a sua frente, mas defendeu todas.
Isso tudo, ainda, com três importantes desfalques à frente
do gol: o melhor defensor, o capitão e o MVP.
Entre o melhor momento da temporada e
o pior da carreira -- Existem duas opções
para a carreira de Chris Pronger após uma temporada quase anulada
por uma cirurgia corretiva do pulso: voltar a jogar e tentar levar os
Blues à Terra Prometida num script hollywoodiano ou se aposentar
aos 28 anos.
Pronger ainda não está em condições de jogar,
mas essa semana passa do levantamento de pesos leves a alguns testes
no gelo. Por enquanto não se deve esperar mais que cinco minutos
de patinação por treino.
Jogadores chave como Cory Stillman e Keith Tkachuk garantem que ao mesmo
tempo em que o time se prepara para buscar a copa sem Pronger, que ele
é sim o melhor jogador dos Blues e que sua volta seria o maior
bônus possível. Pronger tem 342 pontos, 1000 minutos de
penalidades e +128 em 637 jogos durante nove temporadas na liga. Com
62 pontos, 92 minutos de penalidade (marca mais baixa da carreira em
temporadas com mais de 60% dos jogos disputados) e +52 durante 79 jogos,
Pronger venceu o Troféu Norris para melhor defensor e o Hart
para jogador mais valioso da liga em 2000.
Apesar da vontade de voltar e jogar para vencer, Pronger sabe que uma
decisão leviana pode levá-lo a ter o punho danificado
para sempre. Uma volta ao primeiro estágio pós-cirurgia
deve ser irreversível, e qualquer dano ou esforço extra
ao punho pode ser o catalisador. Assim como ficou incapaz nas semanas
seguintes à intervenção, Pronger não poderia
nem carregar mais seu filho no colo. Coisa que ele já admitiu
não querer sacrificar por uma volta.
Como apreciador do hóquei, é difícil torcer contra
a volta de Pronger. Como torcedor de algum time candidato a pós-temporada,
"ver Chris sorrindo pelos corredores do Savvis Centre em dia de
jogo dos Blues não pode ser bom sinal". Palavras de Ken
Hitchcock, quando da partida Flyers x Blues em meados de fevereiro.
Puxa daqui, aperta dali... --
Todos sabem o quanto Doug Weight precisou ouvir em seu
primeiro ano na terra da Budweiser. Um lucrativo negócio de US$
9 milhões, e números questionáveis no gelo.
Por incrível que pareça, na temporada em que Weight voltou
a fazer o que mais sabe, o falatório dobrou.
Enquanto de um lado a imprensa exagera e exagera e não pára
de exagerar ao alinhar Weight com Lemieux, Wayne Gretzky e Adam Oates
como um dos grandes passadores do jogo, do outro lado ela não
entende o especialista.
Após 28 jogos sem marcar gols, Weight desencantou em rede vazia
contra os Predators. 12 gols na temporada, 28 jogos sem gols, e um gol
no 29º com rede vazia. É só desses números
que os críticos lembram.
Se os Blues venceram a maior parte desses 28 jogos, não importa.
Se Eric Boguniecki e Cory Stillman, jogando na linha de Weight, tiveram
seqüências de partidas marcando gols nesse período,
muito menos.
Weight teve 29 assistências nos 28 jogos em que não marcou
gols.
Agora, os Blues adorariam tê-lo de volta já.
Mais desfalques? Logo agora...
-- Se o cúmulo do azar é ter jogador contundido em pleno
Jogo das Estrelas, podem crer que St. Louis já visitou este solo.
Doug Weight saiu com a ajuda de dois médicos do gelo do National
Car Rental Center em Sunrise durante a festa de meia-temporada. Depois
de recuperado, Weight acaba de ser atingido por um disco no jogo de
11 de fevereiro em Buffalo. Já perdeu 8 jogos por lesão
na temporada. Weight é o líder do time em assistências,
atrás apenas de Mario Lemieux.
Jamal Mayers, importante asa direito defensivo, está fora até
o próximo campeonato.
Keith Tkachuk, quarto da equipe em pontos, líder em gols e peça
chave na já baleada vantagem numérica, acaba de ser suspenso
por um perigoso choque em cruz no pescoço de Wes Walz do Minnessota
Wild. Ainda não foi julgada a suspensão, mas a variedade
de Conduta anti-desportiva (e exclusão do jogo) recebida por
Tkachuk após o lance prevê pena mínima de 10 jogos.
Keith estréia dia 27 como comentarista nos jogos dos Blues transmitidos
pela Fox Sports Net local.
Apenas Andrei Khavanov e o calouro Barrett Jackman não perderam
jogo algum por contusão na temporada. O que indica a fragilidade
do plantel como um todo.
Já sem Pronger, sem Mayers, com Tkachuk suspenso por x jogos
e por talvez mais uma semana sem Weight, os Blues vão precisar
superar as adversidades para vencer a Divisão Central. O Detroit
Red Wings, se reerguendo e agora voltando a contar com Steve Yzerman,
vêm com tudo tentanto evitar outra adversidade que seria ficar
em segundo na Central, quarto ou quinto na Conferência Oeste,
e estrear nos playoffs contra o perdedor entre Canucks e Avs na corrida
do noroeste.
Precisar correr contra os Wings para fugir de um confronto prematuro
com Vancouver ou Colorado. Apenas mais um obstáculo para Hervey?
O Panorama de Quenneville para os playoffs
-- Mesmo com todos os contras, Hervey já provou que tem profundidade
por toda a organização até as ligas menores.
Tem um time que preza pela alta carga energética em cada turno,
buscando atacar com quatro linhas. Ao longo dos anos, Quenneville tem
sido um dos melhores na NHL em treinar times especiais.
Só falta mesmo, depois de anos tentando, levar tudo isso através
da transição para os playoffs.
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Thomaz Alexandre, estatístico, estima que sua rejeição
pelo carnaval seja um evento certo. |
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