Por
Marcelo Constantino
Detroit Red Wings e Colorado Avalanche caminham em curvas inversas.
Duas semanas atrás, estes times estiveram na capa da Slot BR,
e eu escrevi sobre ambos. Quinze dias depois, as coisas mudaram bastante.
Aquele Detroit 4-2 Colorado parece ter
sido um ponto de ruptura para ambos os times.
De lá para cá, os Avs engataram de vez e já estavam
havia nove jogos sem perder até o fechamento desta edição.
Venceram os Wings por duas vezes, meteram dois hat tricks seguidos,
Peter Forsberg tem sido um dos jogadores mais quentes da liga e Patrick
Roy voltou a ter atuações estelares. Tudo isso sem o capitão
Joe Sakic, que está machucado. Este é o verdadeiro Avalanche,
que definitivamente está de volta ao grupo dos favoritos ao título.
Já o Detroit vem ladeira abaixo desde aquela partida, que ganhou
sem merecer. Atuações inconsistentes, algumas até
vexatórias (como na partida em que deixaram os Predators empatar
depois de abrirem 5-2 no placar) marcam o período. Melhoraram
recentemente, nos dois jogos seguidos contra os Avs, mas perderam ambos.
E, no fechamento desta edição, finalmente Brett Hull marcou
seu gol 700, contra os Sharks. É um peso a menos para o time,
que insistia em direcionar o jogo para ele atingir esta marca.
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Depois da segunda derrota para os Avs, Sergei Fedorov decidiu reclamar
publicamente do seu tempo de jogo. Jogador de inquestionáveis
talento e irregularidade, o russo começou a temporada jogando
como MVP, para depois, como sempre ocorre desde 1996, cair de produção.
Isso já deixou de ser novidade; ninguém mais espera pela
explosão do "verdadeiro" Fedorov na temporada. Dave
Lewis deve tê-lo deixado no banco para observar Forsberg jogando,
o que talvez lhe sirva como inspiração.
Corre a notícia de que ele irá pedir na casa dos US$ 12
milhões para a próxima temporada. Com a falência
se instalando em dois clubes, a maioria tendo prejuízo e uma
greve à vista, o mercado estará restrito para tamanho
valor. Dificilmente os Kings, para onde ele quer ir, bancarão
esta quantia.
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Depois da parada para o Jogo das Estrelas, o próximo grande evento
da NHL antes dos playoffs é o dia-limite de trocas. Este artigo
já estava quase pronto quando tivemos a notícia da troca
de Alexei Kovalev, a "blue chip" deste ano, de volta para
o New York Rangers. Ficou defasada, mas vale a mostrar a lista que eu
apresentaria sobre os times que imaginava onde ele iria parar, exatamente
como estava:
1) Colorado Avalanche - Pierre Lacroix consegue tudo o que quer e, para
isso, vem rifando Martin Skoula e Alex Tanguay desde o começo
da temporada. O problema (ou solução) é que agora
ambos estão jogando muito bem, como todo o time.
2) New Jersey Devils - Nenhum dos reais candidatos ao título
deste ano precisa tanto de um goleador como eles.
3) New York Rangers - O que mais fazem os Rangers além de contratar
e demitir?
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E lá se vão os Rangers novamente. Contratando e contratando.
Pense bem. Melhor: não pense; olhe o elenco deste time, repare
nos nomes: Lindros, Bure, Leetch, Richter, Poti, Holik, Kasparaitis,
Messier, Nedved e, agora, Kovalev.
Tal qual a troca por Pavel Bure, conseguiram pegar Kovalev a preço
de banana, tamanho é o desespero financeiro dos Penguins. Tal
qual quando da troca por Pavel Bure, agora possuem um elenco "digno
para a disputa da Stanley Cup". Enfim, o filme tem sido o mesmo
do ano passado. Veremos se termina da mesma forma.
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Além de Kovalev, há vários outros jogadores pipocando
como candidatos a trocas no dia-limite. Vamos ver o que ocorrerá
com os jogadores do Buffalo Sabres, atualmente administrado pela NHL.
É bem provável que os times procurem por Miroslav Satan,
Chris Gratton e até pelo sobrevalorizado defensor Alexei Zhitnik.
Como a NHL-gerente irá atuar?
Um jogador que vem tendo sua saída dada como certa é Vyacheslav
Kozlov, do Atlanta Thrashers. Slava está jogando como há
muito não jogava, tanto em termos de quantidade como de qualidade.
Outro do Atlanta que deve sair é o sempre eficiente Shawn McEachern.
São jogadores que os Thrashers adorariam manter no elenco, mas
os ouvidos estarão sempre abertos.
Dois jogadores de peso que andam sendo pouco citados em possíveis
trocas, mas que podem sair pelo preço adequado: Zigmund Palffy
e Owen Nolan.
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Quando vi Mario Lemieux perdendo as estribeiras e partindo para a briga
contra o Florida Panthers, num jogo em que o Pittsburgh Penguins foi
goleado por 6-0, imaginei o pior dos mundos para ele e para os Penguins.
Lemieux é como um tiozão sabe-tudo. Fica estranho vê-lo
partindo para a briga daquela forma. A palavra frustração
aviltava. Sempre o imaginamos um jogador alheio a isso, com uma serenidade
ímpar, diferente do jogador comum.
Veio o jogo seguinte, e Super Mario voltou à situação
natural e estável (para ele) de MVP, marcando quatro assistências
na vitória dos Penguins sobre o Boston Bruins por 5-2. Pena que,
sem Kovalev no time, só um milagre os coloca nos playoffs.
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Tudo bem que Martin Lapointe é um jogador sobrevalorizado na
NHL, mas que ele está numa maré de azar, isso ele está.
Acaba de se machucar novamente. Não fosse o salário e
a duração do contrato dele, seria candidato em potencial
a ser negociado no dia-limite de trocas.
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Eu já estava acreditando que a NHL realmente iria coibir o agarra-agarra
até o fim desta temporada playoffs inclusive , quando,
finalmente, a roda-viva dá a sua volta e a história se
repete (sempre como farsa). Aquele rigor contra o anti-jogo já
está acabando. Isso pode ser observado em qualquer jogo que você
tenha a oportunidade de assistir pela ESPN. Mas você pode comprovar
também ainda que isso não seja um indicador perfeitamente
correto pela queda no número de penalidades marcadas nas
partidas. Os abutres estão por cima novamente.
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Marcelo Constantino mal consegue acreditar que, dentro de um mês
e meio, a Slot BR completará um ano. Parabéns antecipados
a todos, leitores e articulistas. |
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QUENTES Martin Skoula, Rob
Blake, Milan Hejduk e Alex Tanguay celebram o primeiro gol do Colorado
na vitória por 5-3 sobre o Detroit (David Zalubowski/AP -
08/02/2003) |
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