Por
Marcelo Constantino
No último verão norte-americano, o goleiro Dominik Hasek
anunciou que estava encerrando sua carreira. Seu time, o atual campeão
Detroit Red Wings, evidentemente sairia em busca de um substituto e
jogaria pesado para tê-lo. Havia basicamente três opções
de goleiros de gabarito disponíveis no mercado, com passe livre:
Byron Dafoe, Eddie Belfour e Curtis Joseph.
Em Detroit, poucos queriam Dafoe, a maioria ridicularizava Belfour e
era quase consenso que o goleiro a ser contratado era Joseph. Assim
foi feito. CuJo preferiu sair de Toronto para ganhar menos e tentar
ser campeão da Stanley Cup pelos Wings. Os Maple Leafs contrataram,
então, Belfour para o seu lugar.
Barrado em Dallas por Marty Turco, Belfour estava em baixa na NHL. Não
eram poucos os que o menosprezavam e o viam com a carreira já
encerrada. Diversos problemas fora do gelo ocorridos ao longo da carreira
do goleiro contribuíam para esta visão.
A torcida, que adorava CuJo, olhou para o novo goleiro com o rabo do
olho. Quando alguns mais exaltados começaram a dizer que não
o queriam em Toronto, Tie Domi foi quem veio a público defender
o goleiro.
Sem a mesma empatia com o público que caracterizava Joseph em
Toronto, Belfour teria de ganhar a torcida no gelo, com suas atuações.
Teria de colocar em prática o prognóstico que havia feito
na pré-temporada, de que ele se supera quando os críticos
o dão como superado.
Eddie sabia disso: "Especialmente com Curtis saindo e a forma como
os torcedores o adoravam e o apoiavam, quem chegasse aqui para substituí-lo
teria uma recepção pouco calorosa. Já era algo
esperado. Eu estou feliz que estejam me apoiando agora e fico grato
por isso."
De fato, hoje os torcedores não têm do que reclamar quanto
ao goleiro.
Até o fechamento desta edição, Eddie The Eagle
(A Águia), como é chamado, tinha uma média de gols
sofridos de 1,98, ficando atrás apenas, entre goleiros titulares,
de Marty Turco, do Dallas, e Jocelyn Thibault, do Chicago.
Lidera a NHL em shutouts, com cinco, ao lado dos dois goleiros citados
acima e de Jean-Sebastien Giguere, do Anaheim. Com a mesma quantidade
de partidas disputadas, 29, tem uma vitória a mais (16) que Curtis
Joseph (15). E ainda possui o excelente aproveitamento de defesas de
92,9%.
Vale dizer que, com 63 shutouts na carreira, é ainda o líder
entre os goleiros em atividade, com dois a mais que Patrick Roy, do
Colorado.
Enquanto faz sucesso em Toronto, seu rival CuJo sofre com as pressões
e críticas em Detroit, onde o reserva Manny Legace vem fazendo
bonito toda vez que começa uma partida.
E Pat Quinn, gerente geral e técnico dos Leafs, como deve estar?
Pesadamente criticado por substituir um dos grandes goleiros da NHL
por um que supostamente estava em queda brusca, ele resume em apenas
uma palavra a relação que tem com o goleiro da mesma forma
que com outros jogadores: "confiança".
Duro de acreditar, mas, no caso de Belfour, a aposta deu certo.
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Marcelo Constantino indica "Cidade dos Sonhos" e "Ônibus
174" como os filmes mais marcantes a que assistiu no cinema
em 2002. |
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MERGULHO PARA A DEFESA Belfour
em um momento de inspiração contra o Edmonton (Dan
Riedlhuber/Reuters - 28/12/2002) |
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