Por
Alexandre Giesbrecht
Apesar de a temporada ainda estar no início, as boas campanhas
do Columbus Blue Jackets e do Minnesota Wild, quando comparadas aos
percalços que o Nashville Predators tem enfrentado, levantam
a questão: será que seus irmãos de expansão,
dois anos mais novos, deixaram os Preds para trás? O time do
Tennessee, em seu quinto ano de existência, viu seu total de pontos
declinar pela primeira vez na última temporada e, com uma campanha
desastrosa de 2-8-2-4 depois de 16 jogos, está a caminho da pior
temporada da história da franquia.
Enquanto isso, o Wild (11-5-3) e os Blue Jackets (7-7-1-1), de apenas
três anos de idade, têm os melhores começos de temporada
de suas curtas histórias, aparentemente tendo evoluído
bastante desde a temporada passada.
Não resta dúvida que uma série de contusões,
além de uma tabela que começou com uma grande carga de
jogos fora de casa, atrapalhou bastante os Predators, a ponto de deixá-los
disparados na última colocação da Conferência
Oeste. Outro fator que pesa é a política do gerente geral
David Poile, de manter seus jovens prospectos no elenco, algo que o
diferencia de seus colegas em Columbus e St. Paul.
Poile acha que a política trará resultados em longo prazo,
mas, no presente, não há como ignorar o fato de que, ao
menos por alguns jogos, os Predators estarão atrás de
qualquer time do Oeste que venham a enfrentar. Com a palavra, o GG do
Nashville: "Definitivamente, não acho que estejamos sendo
ultrapassados. Acho que podemos jogar de igual para igual com qualquer
time e que estamos no caminho certo".
Quem amargou a última posição no Oeste em 2001-02
foi justamente o Columbus, que teve, além disso, o pior ataque
da liga, com apenas 164 gols uma média de exatos dois
por jogo. Mas os Jackets fizeram sérios ajustes no elenco no
fim da temporada e nas férias, notadamente ao adquirir o zagueiro
Jaroslav Spacek e assinar com os agentes livres Andrew Cassels, Luke
Richardson e Scott Lachance. Cassels lidera o time com 21 pontos, enquanto
Richardson e Lachance, com seus mais de 20 minutos por jogo cada, têm
dado experiência à zaga.
O gerente geral Doug MacLean também fez uma troca em busca da
primeira escolha no último recrutamento, usando-a para trazer
o talentoso atacante Rick Nash, que, ainda novato, conseguiu vaga no
elenco. "Temos cerca de dez novos jogadores em relação
ao começo da temporada passada, então acho que temos um
time melhor", filosofa MacLean. "Acho que os três agentes
livres realmente mudaram a cara do nosso time. Eles não têm
uma presença tão vocal no vestiário, mas são
todos veteranos de qualidade, com experiência e boas reputações,
que lideram pelo exemplo. E Cassels foi uma grande adição
para nossa vantagem numérica".
Já o Minnesota terminou o ano passado apenas quatro pontos à
frente dos Predators, mas têm hoje a segunda melhor campanha na
conferência. A mais famosa cara nova é justamente um ex-Predator,
Cliff Ronning, que marcou 19 pontos em seus primeiros 18 jogos. Ele
tem sido um companheiro de linha perfeito para a estrela em ascensão
Marian Gaborik, que marcou 30 gols em seu segundo ano como profissional
e já tem 11 em 2002-03.
Junte a isso um grupo de anônimos que trabalham duro, ao comando
do técnico Jacques Lemaire e às excelente atuações
de Manny Fernandez no gol, e dá para se ter uma idéia
de por que o Wild já tem 11 vitórias.
O central Doug Weight, do St. Louis, tem a sua versão: "Quando
você abre a porteira logo nos primeiros cinco jogos e tem sucesso
como um time jovem, como o Minnesota fez, você ganha muita confiança.
Eu assisti aos jogos deles, eles foram umas quatro ou cinco vezes seguidas
para a prorrogação, e dava para sentir, pelo estádio
e pela eletricidade no elenco, que eles iriam ganhar. Por outro lado,
se você tem um time jovem e começa perdendo alguns jogos,
como o Nashville, você se abate, e isso acaba com a sua confiança.
Você pega a síndrome do 'Oh, não, lá vamos
nós de novo'".
Os Predators têm o time mais novo entre os quatro mais recentes
times de expansão. A média de idade em Nashville era de
27,1 no começo da temporada, a sétima mais jovem da liga.
Com as contusões de veteranos como Scott Walker, Greg Johnson
e Vitali Yachmenev, a média de idade caiu para 26,6. No seu último
jogo, o elenco dos Preds tinha 18 jogadores com menos de 300 jogos no
currículo, o que dá cerca de quatro temporadas da NHL.
Com a juventude vem a inconsistência. Como exemplo, tomemos Denis
Arkhipov, que marcou 20 gols no ano passado e tem um até agora
em 2002-03, ou Scott Hartnell, que, de 41 pontos no ano passado, passou
para apenas dois neste.
"Dos três times (Nashville, Minnesota e Columbus), nós
fomos o que escolheu colocar mais rápido os jovens no time",
avalia Poile. "Nossa filosofia é que, no final das contas,
estaremos melhores se os jogarmos no fogo de cara. Um time como o Minnesota
escolheu deixar mais de seus principais prospectos nas ligas menores,
ao invés de no elenco da NHL. Então a pergunta é
se deveríamos ter deixado alguns dos nossos nas ligas menores
ou de juniores, e esta pergunta não poderá ser respondida
provavelmente por muitos anos".
A julgar pelos resultados até agora na temporada, o Nashville
vai ter de confiar nesse futuro.
E o atacante Brett Hull, do Detroit, concorda com ele: "Cada um
tem seu estilo e seu time. Se você vir a NFL e comparar o jeito
que o Jacksonville [Jaguars] e o Carolina [Panthers] entraram, o Carolina
chegou e se recheou de veteranos. Eles eram bons no começo, mas
depois todos se aposentaram e eles foram direto para o chão.
Então eu acho que você tem de ficar com os seus jovens
e os desenvolver. Não vai ser fácil".
E não é para ser.
|
Alexandre Giesbrecht, 26 anos, continua ouvindo direto o novo
CD de Jerry Cantrell. |
|
|
VENDO OS OUTROS COMEMORAR
A dura rotina do Nashville de Vladimir Orszagh (à direita)
segue nesta temporada (Paul Warner/AP - 12/11/2002) |
|