Por
Thomaz Alexandre
É, nós já sabíamos que não seria
possível pedir mais que isso. Com Chris Pronger fora até
o ano novo, Scott Young seduzido por Dallas, Al McInnis envelhecendo,
o talentoso fracassado Martin Rucinsky como maior contratação
do ano e um desfile carnavalesco bizarro, à Joãozinho
Trinta, de goleiros, o que poderíamos pedir do (atenção
na pronúncia: como você fala o St. Louis a seguir?) St.
Louis Blues?
Não uma campanha inicial de 8-1-1!
É isso mesmo: oito vitórias. Os Blues são líderes
da Divisão Central sem ter nem mesmo um goleiro com quatro vitórias.
Brent Johnson, aquele que o gerente geral Larry Pleau acredita ser o
indiscutível futuro dos Blues, começou a temporada lesionado.
Fred Brathwaite assumiu. Durante uma partida, Brathwaite se lesionou
e colocou o calouro Curtis Sanford, de 23 anos, na fogueira. Sanford
se segurou bem e conseguiu a vitória no seu primeiro jogo. Até
se contundir no jogo seguinte, que, com Brathwaite fora, tinha a "lenda
austríaca" Reinhard Divis como suplente.
Não é exagero, não: Divis tornou-se lendário
na Áustria, ao tirar a seleção nacional das divisões
inferiores e leva-los à Divisão 1, o que também
os credenciou a disputar as Olimpíadas. Nem que fosse como coadjuvante.
Divis também fez fama no Worcester (se pronuncia Wuster) Ice
Cats, da AHL. E comprovou-a ao substituir Sanford, que já estava
aliviando o reserva. Divis jogou o fim do jogo em que Sanford saiu,
mais um completo e parte de um terceiro, com campanha de 2-0-0 e alcançando
97,1% de defesas. Até que se contundiu.
Já ouviram falar da ECHL? É a segunda maior liga de desenvolvimento
para a NHL, perdendo para a AHL apenas. E lá os Blues foram buscar
Cory Rudkowsky, que estava de reserva a partir de segundo jogo de Divis.
Quando este se machucou, ainda com o jogo empatado, ele entrou e defendeu
todos os dez chutes que viu, vencendo para o St. Louis. No jogo seguinte,
Brathwaite estava de volta.
Só Deus sabe o que "Hervey" (apelido de Joel Queneville,
técnico) fez para tirar tanto de goleiros que rodavam como se
fizessem parte das linhas de patinadores. Mas, junto com as maiores
oportunidades que deu ao novato Boguniecki, que foi fundamental no renascimento
de Doug Weight e Cory Stillman (ambos em ritmo de ter as melhores temporadas
de suas carreiras, após uma 2001-02 catastrófica para
ambos), e a integração de Petr Cajanek e Barret Jackman,
que foi aprender com McInnis, Queneville fez dos Blues mais um líder
de divisão improvável.
Assim como o fez Robbie Ftorek. Não eram os Bruins que estavam
a um passo de montar um time campeão? Eles mesmos, que, logo
após ouvirem coisas do tipo, não renovaram com Byron Dafoe
nem com Bill Guerin, perderam Martin Lapointe para a enfermaria e tiveram
todas as propostas recusadas por Kyle McLaren? O Boston Bruins, que
deveria ser um dos piores times do Leste após perder seu melhor
defensor "fica-em-casa", seu brigador mais valioso, seu goleiro
titular e seu atacante mais badalado?
Repasse a pergunta aos Capitals. Ao destruir o time da capital ianque
por 7-2, os Bruins chegaram a oito jogos invictos, numa campanha de
6-0-2 e uma vitória sobre os Avs no caminho. E com muitas histórias
de goleiro pra contar, também.
Contrariaram toda a imprensa ao escolher John Grahame como titular,
ao invés de Steve Shields. Grahame está contundido gravemente,
e Shields deu seu passo à frente. Assim como o calouro (mas,
com mais de 25 anos, ele não é considerável pelas
regras do Troféu Calder) Tim Thomas. Com 35 defesas nos já
citados 7-2 e ainda um 4-3 sobre o Edmonton, Thomas nem pôde sentir
o gostinho da AHL 2002-03.
Não que ele quisesse.
À frente de Thomas e de Shields, Nick Boynton é a sensação,
com seu jogo sem furos, ao lado do ofensivo Bryan Berard e do experiente
Hal Gill. Michael Grosek é um dos atacantes que também
não se importa em proteger o que é de seus goleiros.
Na artilharia pesada estão o 17.º capitão Joe Thornton,
o goleador Glen Murray e seu já inseparável Josef Stumpel,
além do russo "vai-ou-não-vai" Sergei Samsonov,
pontuadores surpreendentes como Per-Johan Axelsson e Brian Rolston,
além do intimidador e favorito da torcida P.J. Stock. Esse grupo
deixa os mais que favoritos Leafs com metade de seus pontos.
Já viemos de St. Louis (aquela mesma), estamos no Leste e precisamos
descer ao Sudeste. Para aprender a falar St. Louis (diferente do nome
da capital do Missouri, agora com sotaque francês).
É, apesar de toda a surpresa dos Blues, o St. Louis mais interessante
da temporada está mesmo em Tampa Bay. E seu primeiro nome é
Martin (com sotaque, igual ao treinador dos Sens).
Com 1,74 m (E.J. Hradek, da ESPN, diz que já o viu sem patins
e não passa muito de 1,65 m), muita habilidade, velocidade e
uma dedicação além do comum para jogadores deste
perfil, Martin St. Louis vem sendo o artilheiro de seu time e um dos
principais na liga.
Se ser um dos 5 mais na liga jogando pelo Lightning não fosse
pouco, ele ainda poderia dizer que ajuda a fazer do Lightning deste
ano um time diferente. Pelo menos por enquanto, como nos conta Alessander
Laurentino. O que já é surpreendente, sabendo que este
time conseguiu perder mais do que vencer em nove de dez anos, e ficar
fora da pós-temporada na mesma proporção.
St. Louis é um dos melhores jogadores em cinco-contra-cinco na
liga, carregando, por enquanto, um +9. Se não bastasse, 20% de
seus pontos foram marcados nos cinco últimos minutos das partidas,
e seu chute é hoje o mais temido da NHL, tendo convertido 9 gols
em 28 tentativas (33%).
É bom aprender a pronunciar seu nome e sobrenome de agora em
diante...
Quando aprender, você, jogador dos NHLs da EA Sports, quem sabe
queira montar o time personalizado dos melhores nomes do hóquei.
Me despeço com a dica:
Tkachuk - Reinprecht - Jaromir Jagr (linha enrola-línguas)
Fedor Fedorov - Mats Sundin - Martin St Louis
Stu Barnes - Lemieux - Boyd Devereaux
Dixon Ward - Espen Knutsen - Smirnov
Niinimaa (sem comer nenhuma vogal...) - Leschyshyn (...nem consoante)
Derek Morris - Vishnovsky
Hamrlik - Sekeras
Khabibulin
Hnilicka (sem esquecer de pronunciar o "c" mudo separado do
"ka")
Pasi Nurminen
Reservas: Lecavalier, Rick Nash, Pascal Dupuis
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Thomaz Alexandre espera que a contusão de Tkachuk não
mande sua coluna e seu time personalizado pelos ares. |
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DIVIS DEFENDE Lenda Austríaca,
top na AHL, invicto na NHL (BBCi Sports - 13/02/2001) |
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PRONTO PARA MARCAR Em cerca
de um segundo Martin St, Louis vai marcar um gol contra Dan Blackburn,
dos Rangers (Mark Lennihan/AP - 21/10/2001) |
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