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6 de novembro de 2002
De Séin Lúis a San Luí, por Boston, contra as adversidades

Por Thomaz Alexandre

É, nós já sabíamos que não seria possível pedir mais que isso. Com Chris Pronger fora até o ano novo, Scott Young seduzido por Dallas, Al McInnis envelhecendo, o talentoso fracassado Martin Rucinsky como maior contratação do ano e um desfile carnavalesco bizarro, à Joãozinho Trinta, de goleiros, o que poderíamos pedir do (atenção na pronúncia: como você fala o St. Louis a seguir?) St. Louis Blues?

Não uma campanha inicial de 8-1-1!

É isso mesmo: oito vitórias. Os Blues são líderes da Divisão Central sem ter nem mesmo um goleiro com quatro vitórias. Brent Johnson, aquele que o gerente geral Larry Pleau acredita ser o indiscutível futuro dos Blues, começou a temporada lesionado. Fred Brathwaite assumiu. Durante uma partida, Brathwaite se lesionou e colocou o calouro Curtis Sanford, de 23 anos, na fogueira. Sanford se segurou bem e conseguiu a vitória no seu primeiro jogo. Até se contundir no jogo seguinte, que, com Brathwaite fora, tinha a "lenda austríaca" Reinhard Divis como suplente.

Não é exagero, não: Divis tornou-se lendário na Áustria, ao tirar a seleção nacional das divisões inferiores e leva-los à Divisão 1, o que também os credenciou a disputar as Olimpíadas. Nem que fosse como coadjuvante.

Divis também fez fama no Worcester (se pronuncia Wuster) Ice Cats, da AHL. E comprovou-a ao substituir Sanford, que já estava aliviando o reserva. Divis jogou o fim do jogo em que Sanford saiu, mais um completo e parte de um terceiro, com campanha de 2-0-0 e alcançando 97,1% de defesas. Até que se contundiu.

Já ouviram falar da ECHL? É a segunda maior liga de desenvolvimento para a NHL, perdendo para a AHL apenas. E lá os Blues foram buscar Cory Rudkowsky, que estava de reserva a partir de segundo jogo de Divis. Quando este se machucou, ainda com o jogo empatado, ele entrou e defendeu todos os dez chutes que viu, vencendo para o St. Louis. No jogo seguinte, Brathwaite estava de volta.

Só Deus sabe o que "Hervey" (apelido de Joel Queneville, técnico) fez para tirar tanto de goleiros que rodavam como se fizessem parte das linhas de patinadores. Mas, junto com as maiores oportunidades que deu ao novato Boguniecki, que foi fundamental no renascimento de Doug Weight e Cory Stillman (ambos em ritmo de ter as melhores temporadas de suas carreiras, após uma 2001-02 catastrófica para ambos), e a integração de Petr Cajanek e Barret Jackman, que foi aprender com McInnis, Queneville fez dos Blues mais um líder de divisão improvável.

Assim como o fez Robbie Ftorek. Não eram os Bruins que estavam a um passo de montar um time campeão? Eles mesmos, que, logo após ouvirem coisas do tipo, não renovaram com Byron Dafoe nem com Bill Guerin, perderam Martin Lapointe para a enfermaria e tiveram todas as propostas recusadas por Kyle McLaren? O Boston Bruins, que deveria ser um dos piores times do Leste após perder seu melhor defensor "fica-em-casa", seu brigador mais valioso, seu goleiro titular e seu atacante mais badalado?

Repasse a pergunta aos Capitals. Ao destruir o time da capital ianque por 7-2, os Bruins chegaram a oito jogos invictos, numa campanha de 6-0-2 e uma vitória sobre os Avs no caminho. E com muitas histórias de goleiro pra contar, também.

Contrariaram toda a imprensa ao escolher John Grahame como titular, ao invés de Steve Shields. Grahame está contundido gravemente, e Shields deu seu passo à frente. Assim como o calouro (mas, com mais de 25 anos, ele não é considerável pelas regras do Troféu Calder) Tim Thomas. Com 35 defesas nos já citados 7-2 e ainda um 4-3 sobre o Edmonton, Thomas nem pôde sentir o gostinho da AHL 2002-03.

Não que ele quisesse.

À frente de Thomas e de Shields, Nick Boynton é a sensação, com seu jogo sem furos, ao lado do ofensivo Bryan Berard e do experiente Hal Gill. Michael Grosek é um dos atacantes que também não se importa em proteger o que é de seus goleiros.

Na artilharia pesada estão o 17.º capitão Joe Thornton, o goleador Glen Murray e seu já inseparável Josef Stumpel, além do russo "vai-ou-não-vai" Sergei Samsonov, pontuadores surpreendentes como Per-Johan Axelsson e Brian Rolston, além do intimidador e favorito da torcida P.J. Stock. Esse grupo deixa os mais que favoritos Leafs com metade de seus pontos.

Já viemos de St. Louis (aquela mesma), estamos no Leste e precisamos descer ao Sudeste. Para aprender a falar St. Louis (diferente do nome da capital do Missouri, agora com sotaque francês).

É, apesar de toda a surpresa dos Blues, o St. Louis mais interessante da temporada está mesmo em Tampa Bay. E seu primeiro nome é Martin (com sotaque, igual ao treinador dos Sens).

Com 1,74 m (E.J. Hradek, da ESPN, diz que já o viu sem patins e não passa muito de 1,65 m), muita habilidade, velocidade e uma dedicação além do comum para jogadores deste perfil, Martin St. Louis vem sendo o artilheiro de seu time e um dos principais na liga.

Se ser um dos 5 mais na liga jogando pelo Lightning não fosse pouco, ele ainda poderia dizer que ajuda a fazer do Lightning deste ano um time diferente. Pelo menos por enquanto, como nos conta Alessander Laurentino. O que já é surpreendente, sabendo que este time conseguiu perder mais do que vencer em nove de dez anos, e ficar fora da pós-temporada na mesma proporção.

St. Louis é um dos melhores jogadores em cinco-contra-cinco na liga, carregando, por enquanto, um +9. Se não bastasse, 20% de seus pontos foram marcados nos cinco últimos minutos das partidas, e seu chute é hoje o mais temido da NHL, tendo convertido 9 gols em 28 tentativas (33%).

É bom aprender a pronunciar seu nome e sobrenome de agora em diante...

Quando aprender, você, jogador dos NHLs da EA Sports, quem sabe queira montar o time personalizado dos melhores nomes do hóquei. Me despeço com a dica:

Tkachuk - Reinprecht - Jaromir Jagr (linha enrola-línguas)
Fedor Fedorov - Mats Sundin - Martin St Louis
Stu Barnes - Lemieux - Boyd Devereaux
Dixon Ward - Espen Knutsen - Smirnov

Niinimaa (sem comer nenhuma vogal...) - Leschyshyn (...nem consoante)
Derek Morris - Vishnovsky
Hamrlik - Sekeras

Khabibulin
Hnilicka (sem esquecer de pronunciar o "c" mudo separado do "ka")
Pasi Nurminen

Reservas: Lecavalier, Rick Nash, Pascal Dupuis

Thomaz Alexandre espera que a contusão de Tkachuk não mande sua coluna e seu time personalizado pelos ares.
DIVIS DEFENDE Lenda Austríaca, top na AHL, invicto na NHL (BBCi Sports - 13/02/2001)
 
PRONTO PARA MARCAR Em cerca de um segundo Martin St, Louis vai marcar um gol contra Dan Blackburn, dos Rangers (Mark Lennihan/AP - 21/10/2001)
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Página publicada em 4 de novembro de 2002.