Por
Alexandre Giesbrecht
Dá para perceber que as brigas na NHL estão em baixa quando
você vê que a estrela Saku Koivu lidera o Montreal Canadiens
em minutos de penalidade e que o capitão do Toronto Maple Leafs,
Mats Sundin, acumula mais minutos que o durão Tie Domi. Koivu,
que lidera o time apesar de ter sido penalizado apenas oito vezes nesta
temporada, brinca com o assunto: "Acho que agora vou ter de arrumar
minha primeira briga e ganhar uma penalidade de cinco minutos".
Até o zagueiro Stephane Quintal jogar as luvas para o lado contra
Kevin Sawyer, do Anaheim, na última terça-feira, nenhum
jogador dos Canadiens tinha uma penalidade de por briga. Embora isso
pudesse ser considerado excepcional em temporadas passadas, hoje é
só mais um exemplo da tendência pacifista da liga.
Esta tendência tem feito com que jogadores consagrados, que normalmente
seriam candidatos ao Troféu Lady Byng por fair play, se tornem
líderes inverossímeis de penalidades, enquanto alguns
durões parecem ter se esquecido do caminho para o banco de penalidades.
Sundin está empatado com outros quatro companheiros de time na
liderança dos Maple Leafs, com apenas 12 minutos de penalidade
cinco a mais que Domi, que só foi conseguir sua primeira
penalidade por briga no décimo jogo do time na temporada, na
última segunda-feira. Alguns torcedores já se inquietam
com seu início pacífico, mas ele responde de forma ríspida:
"Tenho 3 mil minutos de penalidade na minha carreira, então
não preciso que ninguém me ensine como fazer o meu trabalho".
Numa temporada em que o total de minutos de penalidade está lá
em cima graças à rigidez da NHL no combate à obstrução,
a média de brigas por jogo caiu de 1,4 na última temporada
para 1,3 nesta. Em mais da metade dos jogos até aqui simplesmente
não houve brigas. A média em meados dos anos 80 era de
2,1 por jogo.
Existem várias teorias tentando explicar por que o número
de brigas tem declinado. Certamente começou a declinar em 1986-87,
quando a liga instituiu a penalidade de dois minutos por instigar uma
briga. Koivu diz que uma outra razão pode ser a abundância
de jogadores europeus, como ele, na NHL, já que as brigas não
fazem parte do jogo na Europa.
Mas nesta temporada as brigas diminuíram ainda mais e isso pode
ter a ver, sim, com a rigidez em relação à obstrução.
Faz sentido: com menos agarra-agarra, há menos chance de alguém
ficar frustrado.
Outro fator pode ser a nova regra de apressar os face-offs, que não
deixa tempo para os jogadores ficarem trocando insultos antes de o disco
cair, um freqüente precursor de brigas.
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Alexandre Giesbrecht, publicitário, confessa que um dos
principais motivos por que começou a gostar de hóquei
foram as brigas. |
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