Por
Thomaz Alexandre
Eric Lindros demorou cinco jogos para marcar seu primeiro gol da temporada.
Nada de estranho para um jogador que, por mais qualificado que seja,
perdeu um jogo e fração de outro nos quatro compromissos
anteriores.
Não, vocês erraram. Lindros não estava dando sinais
de mais uma temporada empesteada de contusões e mais contusões.
Pelo menos por enquanto.
O fato é que, por quase metade dos jogos disputados até
agora, Lindros esteve uma vez suspenso e outra expulso. Mesmo após
uma temporada relativamente tranqüila eu disse relativamente,
com 138 minutos de penalidade em sua estréia pelos camisas
azuis, a indisciplina e eventual covardia do antigo capitão Flyer
não devem deixar de ser motivo de discussão.
Logo no segundo jogo da temporada, Lindros desferiu um golpe alto com
a lâmina do taco contra o defensor Stephane Quintal, dos Canadiens.
Nada de mais ocorreu com Quintal, e Lindros foi penalizado normalmente
no momento da falta. Incapaz de produzir ofensivamente na noite, Lindros
viu seus Rangers cair por 4-1 para os Habs, time que haviam varrido
na temporada passada.
No dia seguinte o comitê disciplinar da NHL resolveu suspender
Eric por uma partida. No cumprimento da suspensão, Lindros viu
seus Rangers ser envergonhados na Mellon Arena pelos Penguins. 6-0 para
o time da casa, que contava com seu goleiro reserva, Jean-Sebastien
Aubin.
Para compensar aquilo que deixara faltar nas noites anteriores, Lindros
certamente iria mostrar contra o Toronto Maple Leafs o vencedor do Troféu
Hart para jogador mais valioso da liga que há alguns anos foi,
jogando como um homem que é capaz de destruir um time.
O mais próximo que esteve foi de destruir o seu próprio
time.
Com cinco minutos decorridos no segundo período, os Rangers perdiam
por 1-0. Numa corrida pelo disco, Lindros chegou atrasado e acabou fazendo
colidir a cabeça do também grandalhão Wade Belak
contra as bordas. Lindros recebeu uma penalidade maior, uma advertência
de 10 minutos por conduta anti-desportiva e, como previsto nas regras
da NHL, uma expulsão automática.
Coincidência ou não, a linha principal de Nova York acordou
para o jogo com a saída do seu camisa 88 e o deslocamento de
Jamie Lundmark para a mesma. Participando de três gols, a linha
alimentou uma reação do time, que venceu os Leafs: 5-4.
Após o jogo, várias reclamações do gerente
geral Glen Sather quanto ao rigor dos árbitros para com Eric
Lindros foram ouvidas. Ao que parece, sem nenhum sucesso junto a Andy
Van Hellemond, ex-juiz, membro do Salão Da Fama, que hoje dirige
o corpo de arbitragem da NHL.
Sather não está de todo enganado quando afirma que Eric
é um jogador visado pelos oficiais. Agora, não é
por ele ter maneirado durante seu ano de estréia em Manhattan
que essa postura da arbitragem deixaria de ser justificada.
Lindros é uma figura grande e forte. Um dos maiores talentos
da liga. Só que também sabe, e seus adversários
não menos, que sua saúde é suspeita e que está
sempre ao alcance das lesões. E, mesmo assim, parece que não
é capaz de amadurecer e perceber que sua postura de garoto metido
a malvado só pode prejudicar a si mesmo: não apenas nas
mãos da arbitragem, mas também nas mãos de um Wade
Belak ou qualquer outro intimidador. Todos eles podem resistir a mais
golpes na cabeça que você, Eric.
Não há dúvidas de que esse mesmo jogador foi instrumental
para que fosse salvo um empate contra os desgovernados Sabres. Mas quantas
vezes na temporada será esse Eric Lindros a entrar no gelo? E
vou além: quantas vezes qualquer uma das facetas de Eric Lindros
lhe permitirão jogar, em meio a contusões e desvios de
comportamento?
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Thomaz Alexandre aposta que os Rangers 2003 vão custar
mais milhões de dólares por ponto ganho do que qualquer
time na história. Até que a versão 2004 venha
batê-los, é claro. |
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