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23 de outubro de 2002
Giesbrecht: Duas histórias de uma (ex-)rivalidade

Por Alexandre Giesbrecht

Na última quinta-feira o Minnesota Wild recebeu o Dallas Stars no Xcel Energy Center, em St. Paul, Minnesota. O Wild venceu por 3-1, chegando ao seu quarto jogo invicto neste início de temporada. Foi um jogo movimentado, mas sem uma rivalidade que poderia ser muito mais forte.

Os fãs mais recentes vão me perguntar por que deveria haver rivalidade entre dois times que, apesar de estarem na mesma conferência, estão em divisões diferentes e separados por alguns milhares de quilômetros. Ora, a razão é bem simples se dermos uma olhada na história da liga nos últimos dez anos. O fato é que o Dallas Stars é o antigo Minnesota North Stars.

Quando os North Stars deixaram o estado em 1993, teve início um debate que se prolongou por anos. Como pôde o hóquei profissional dar errado num estado onde as crianças ganham patins no seu primeiro aniversário? A resposta, hoje, é: "Não deu errado". No início da terceira temporada do Minnesota Wild, o hóquei profissional teve um retorno em grande estilo às cidades gêmeas de Minneapolis e St. Paul. Desde o início, todos os jogos no Xcel Energy Center estiveram lotados.

Principalmente na primeira temporada, o estádio ficava elétrico quando os Stars o visitavam. A primeira visita, inclusive, ficará gravada na memória dos fanáticos: sonoros 6-0 aplicados pelo Wild, classificados como a vingança perfeita. Só que os Stars ganharam os três jogos seguintes, acalmando um pouco os ânimos.

E é até normal isso acontecer. Afinal, Norm Green, o homem que tirou os North Stars de Minnesota, não é mais o dono do time. Apenas três ex-North Stars ainda estão no elenco do Dallas: Mike Modano, Derian Hatcher e Richard Matvichuk. E o Wild está formando suas próprias rivalidades, com outros times.

Como bem diz o técnico Jacques Lemaire: "O Dallas pode ser um rival para a torcida. Mas não acho que os jogadores vejam deste jeito. Eu não acho que eles nos vejam como rivais. Eles têm jogadores que ganharam a Stanley Cup".

Ou seja, o Wild não é bom o suficiente para ser rival do Dallas. Ainda. Porque a pré-temporada e este início de temporada dão a entender que o Wild vai ser mais do que um mero espectador da corrida para os playoffs. E o Dallas, depois de uma temporada fracassada no ano passado, melhorou seu time e deve brigar pelas primeiras posições.

A rivalidade, portanto, fica para depois. Quem sabe depois de uma série de playoffs. Aquela história de que "a vingança é um prato que se come frio" já não cola mais. O Wild comeu seu prato frio em 17 de dezembro de 2000, quando dos já citados 6-0. Para se sustentar, a rivalidade precisar ter um motivo mais sólido. A torcida do Wild é isso aí: a torcida do Wild. Não é (mais) a torcida dos North Stars.

Ou... Ou pode ser que haja uma outra explicação. Na verdade, a torcida do Wild quer é torcer contra os North Stars, independente da cidade onde eles estejam sediados.

Explico: Minneapolis e St. Paul têm, desde sempre, uma rivalidade no hóquei. Em 1967, quando da primeira expansão da NHL, St. Paul acreditava que o time ficaria lá. O time acabou indo para o outro lado do rio e uma parte dos fãs torceu o nariz. Então, quando a World Hockey Association foi fundada, em 1971, um dos primeiros candidatos foi o Minnesota Fighting Saints, que jogava em... Certo, St. Paul.

Basicamente, tinha-se torcedores de um lado do Mississipi que torciam pelos North Stars e torcedores do outro lado, que torciam pelos Saints. E essa lealdade prosseguiu mesmo com o fim da WHA.

É questionável se essa específica rivalidade ainda existe, ainda mais com os North Stars jogando no sul, mas que pode ser uma explicação, isso pode. E isso também significa que ela nunca vai morrer. Se for isso mesmo, mal posso esperar para a primeira série de playoffs entre os dois times!

Alexandre Giesbrecht, 26 anos, lembra-se da época em que toda vez que jogava o NHL Hockey para Mega Drive o jogo que aparecia na tela de abertura era Pittsburgh Penguins x Minnesota North Stars.
EX-RIVALIDADE? O goleiro Manny Fernandes, do Minnesota, defende chute de Bill Guerin, do Dallas (Ann Heisenfelt/AP - 17/10/2002)
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Página publicada em 21 de outubro de 2002.