Por
Fabiano Pereira
E, no jogo desta noite, o Campinas Joes enfrenta o São Paulo
Pittsburghers, pela primeira rodada da pós-temporada da LBH
(Liga Brasileira de Hóquei). Os Joes empataram a série
na última partida, 1-1, com atuação destacada do
asa esquerdo e capitão Todd Ulrich, do defensor Bill Callahan
e do goleiro Adam Barrie. Os Pittsburghers esperam fazer valer seu mando
de jogo, na Geraldo Linhares Arena, e que Rob Sears feche o gol, algo
que não aconteceu ainda nesta série. E, ao contrário
do que têm pregado todos os analistas da liga, esta tem sido uma
série de muitos gols e equilíbrio.
Mas esperem. Que diabos é isso aí, descrito no parágrafo
anterior? LBH? Joes? Pittsburghers? Ulrich? Sears? Estamos falando de
um mundo paralelo, onde o hóquei torna-se o esporte número
1 do País? Será apenas algum devaneio do colunista? Ou
os Irmãos Grim estão criando contos de fadas baseados
na vida real? Não, nada disso. Ainda mantenho todas minhas faculdade
mentais inalteradas. Acho, ao menos. Estou falando de algo real, sim.
Quer dizer, virtual, mas real a quem participa desta liga.
A LBH é uma de várias ligas virtuais espalhadas pelo mundo,
onde participantes reais disputam partidas de acordo com regras pré-estabelecidas
entre os competidores. No caso desta liga, todos os participantes têm
que fazer o download de um programa chamado Hockey League Comissioner
ou, simplesmente, HLC. Nele, o gerente geral papel assumido por
cada competidor tem controle total sobre sua equipe, decidindo
quem será titular em cada partida, se o goleiro precisa descansar,
quem joga com quem em cada linha, como cada linha irá atuar.
Definido quem vai jogar, ele grava um arquivo com as linhas e envia
ao comissário, que controla todas as transações
e é quem faz a simulação dos jogos.
Isso mesmo. Com base nas equipes, o HLC simula situações
e, com base nelas, marca os gols, penalidades, contusões, quantidade
de chutes por período. Com os resultados em mãos, o comissário
atualiza o site (sim, a LBH tem um site!), e envia para uma lista de
e-mails (sim, a LBH tem uma lista de e-mails!) os resultados.
Aí, sim, é que acontece a liga. Com base nos resultados,
cada GG prepara os próximos passos. Aciona outros GG's para tentar
trocas. Altera suas linhas. E o principal: todos interagem, das mais
diversas maneiras. Alguns provocam os outros, o que cria as rivalidades
entre times. Alguns ocupam-se em noticiar os jogos, fazendo resumos
da rodada, descrição de como foi a partida do seu time.
Mas você me pergunta: como falar de um jogo que não se
viu? Ora, meu caro, eu lhe respondo: imaginação. O atrativo
de uma liga como a LBH não está no simulador, mas nas
repercurssões sobre cada um dos jogos.
Para se ter uma idéia, a liga conta com diversas agências
de notícia. Sim, agências de notícia, que cobrem
cada movimentação e ainda contam com colunistas, bem aos
moldes da NHL mesmo. Se existem a ESPN, CBS e Sporting News, na LBH
existem a Agência Hóquei Rio, o Planeta Niteroiense e a
Leafs Press. E a cobertura tem todo o sentido de existir. Na primeira
temporada, foram 16 equipes, e o Hóquei Lions de Recife sagrou-se
campeão. Com a expansão da liga (viram que chique?), o
total subiu para 24 e os playoffs estão ocorrendo neste exato
momento. O jogo do primeiro páragrafo, inclusive, é real.
Deverá ter ocorrido até a publicação deste
artigo. Só não saberei quem venceu.
Mas este tipo de liga, onde existe um comissário concentrador
das simulações, é apenas um exemplo de tipos de
liga existentes. Existem também as ligas de fantasia, baseadas
na NHL, onde os competidores fazem um recrutamento de todos os jogadores
da liga. Imagine poder contar com Peter Forsberg, José Théodore
e Nicklas Lidstrom em um mesmo time? É como estas ligas começam.
E como funcionam? Com o time em mãos, pode-se também trocar
jogadores, definir titulares, mas suas performances são baseadas
em como cada jogador se sai em seus jogos pela NHL.
Exemplo: no jogo da última quinta-feira dos Rangers, contra os
Sabres, Eric Lindros marcou dois gols. Se você tiver Lindros no
time, ganha pontos (de acordo com a regra da liga) por isso. Se você
tiver Olaf Kolzig, dos Capitals, em seu time, com certeza ganharia muitos
pontos, graças a suas 37 defesas em 38 chutes contra os Hurricanes.
Ganha no fim quem tiver mais pontos.
Vai do conhecimento de cada GG montar sua equipe, procurar os jogadores
certos. Pois ter uma grande estrela não significa que ela vai
render o esperado. É conseguir identificar que uma linha está
"pegando fogo", que um goleiro está em boa fase, que
um time vai bem. É descartar rapidamente um jogador machucado
e ter um bom jogador reserva, que, claro, você deveria ter negociado
ou trazido daqueles que sobraram.
Mas e para quem quer realidade? Quero dizer, algo próximo a ela?
Que queira ver os jogadores, ou algo que se pareça com eles?
Neste caso, basta utilizar o recurso da série NHL, da EA Sports,
para jogar on-line. Neste caso, você procura rivais pela rede
ou mesmo algum amigo e o desafia para uma partida, com seu time e com
os times da NHL ou com as seleções de cada país.
E as ligas? Pela internet, é possível encontrar ligas
que se baseiam no jogo para sua disputa.
As pessoas se unem e criam um calendário, mais ou menos como
no futebol e são dados pontos a cada vitória ou empate.
Mas com um diferencial: os participantes se enfrentam, por meio do jogo.
Aí vale a habilidade de cada um no manejo do teclado ou joystick
e das manhas do jogo. Neste caso, o atrativo é realmente o confronto
direto. Não estão sendo testadas as habilidades gerenciais
ou estratégicas dos adversários, mas se ele domina ou
não os comandos para fazer seus jogadores renderem.
Assistir à NHL é sensacional. Vibrar com seu time no gelo,
ver os jogadores desferindo trancos, marcando gols, os goleiros fazendo
defesas espetaculares, tudo isto é a alma do hóquei no
gelo. Mas chega-se a um ponto em que cada torcedor quer mais. Quem não
gostaria de poder decidir por seu time? Evitar determinada troca, mandar
embora algum jogador que não mais está rendendo. Como
isto não é possível, ao menos nas ligas virtuais
pode-se ter um gostinho dos bastidores não revelados da NHL...
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Fabiano Pereira é gerente geral do Campinas Joes, citado
no começo do artigo. Seu amigo de Slot, Alexandre Giesbrecht,
é o gerente do São Paulo Pittsburghers. Quem irá
ganhar este confronto? |
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