Por
Thomaz Alexandre
O que faz de um time como os Penguins cair tanto em dois anos? A falta
de dinheiro para manter suas maiores estrelas, que acabam trocadas por
jovens prospectos ou apostas, como foi o caso com Jagr e Kasparaitis,
ou acabam não tendo seus contratos renovados pelo time, como
Robert Lang, pode ser um motivo. O time que nos anos 90 foi conhecido
pelos seus dois emocionantes títulos, seu ataque sempre poderoso
e uma das maiores, senão a maior dupla de ataque na NHL em 20
anos, Lemieux e Jagr, parece que na década presente irá
construir a fama de time pobre, precisando de arena, que perde paulatinamente
suas estrelas para o dinheiro ou para as contusões e vive sob
a esperança em um Lemieux de quase 40 anos e um Kovalev solitário.
Agora, o que faz de um time que voltou à liga nos anos 90, sob
restrições orçamentárias, saiu em um punhado
de anos da lanterna, tornou-se uma presença constante nos playoffs
e fez sua torcida esperar realisticamente as vitórias entrar
na década seguinte como fator certo nos playoffs, jogando um
jogo sólido, conciso, tudo isso ainda com pouco dinheiro para
gastar?
Perguntem ao Ottawa Senators, pois só eles explicam. Sempre sob
o comando de Jacques Martin, que jamais deixou de ter o apoio da diretoria
e da torcida, o time foi recrutando com sabedoria, colocando um pouquinho
de experiência nada muito caro aqui e ali, para
chegar aonde está.
Sempre muito rígidos na execução de seu esquema
tático, os Sens apareceram para quem assistiu a seus jogos nos
anos mais recentes como uma máquina, um relógio Omega
dos modelos mais baratos: não chama muita atenção,
mas também não pára de funcionar. O time está
constantemente na parte de cima das listas de ataque, defesa, times
especiais e até mesmo nas estatísticas de goleiros, posição
em que Patrick Lalime e o MVP da SM-Liiga finlandesa Jani Hürme
fazem desnecessário uma superestrela. Com uma bela ajuda de seis
blueliners (Salo, Redden, Phillips, Chara, Hnidy e Leschyshyn) rotativos
e sempre a postos, é claro.
E, para aqueles que associam sempre a aplicação tática
a um jogo desinteressante, os Sens respondem com alguns jogadores capazes
de espetáculo, como o forte Marian Hossa, o habilidoso Martin
Havlat e, acima de qualquer suspeita, o capitão Daniel Alfredsson,
dono de jogo completo e o chute forte mais plástico da NHL.
Para a próxima temporada, o time conta com a volta do regular
Shawn Van Allen, central que passou apagado pelo Dallas e participou
da volta dos Canadiens aos playoffs. Outra adição da nova
gerência, que conta com o rodado John Muckler, é o defensor
Brian Pothier, uma aposta ousada, talvez necessária, vinda dos
Thrashers. Pothier tem um bom jogo defensivo e também pode atuar
em vantagem numérica.
Com um baixo orçamento, o time lutou e venceu para renovar com
Daniel Alfredsson. Agora faltam Chris Phillips e Radek Bonk, fatores
constantes na defesa e no ataque, respectivamente, para os Senators.
O time trocou o bom central Shawn McEachern, o que possibilitou um pouco
mais de folga na folha salarial. Espera-se que prospectos como Spezza
e Klepis venham a suprir e até mesmo cobrir perdas deste tipo.
Fazendo Escola -- Quem segue adotando a política dos Sens,
na base do bom e barato, é o Phoenix Coyotes. Com a chegada de
Gretzky, o time dispensou duas estrelas que faziam, juntas, um rombo
de mais de 15 milhões de verdinhas por ano. Eles também
faziam muitos pontos, mas isso...
Na era Gretzky, o Phoenix fixou as figura de Sean Burke, sempre assediado
em dias-limite de trocas, e do capitão/cavalheiro Teppo Numminen,
apostando numa defesa forte. Na companhia de alguns nomes nada cobiçados
pelos leiloeiros dos Rangers, como Radoslav Suchy (+26 no ano), Danny
Markov, companheiro ideal de Numminen em vantagem numérica, e
Drake Berehowsky, eles conseguiram.
Agora, eles fizeram o cobiçado Amonte, que esperava-se conseguir
um contrato-monstro de Dallas ou New York, assinar por US$ 4,5 milhões
anuais. Como? Simples: Amonte viu mais credibilidade, solidez e seriedade
em Phoenix do que nos Tios Patinhas concorrentes. Concordo com ele.
Falando em Amonte, seus queridos Blackhawks não se desesperaram
com sua perda. A confiança em Brian Sutter é grande
não é para menos , e a contratação
pouco falada de Sergei Berezin pode pagar dividendos. A um convidativo
custo/benefício.
Numa escala menor, os Blue Jackets fazem um bom trabalho longe dos holofotes.
Acreditando no resgate de um investimento em Denis no recrutamento de
expansão, o time trocou o bem pago goleiro Tugnutt por uma escolha
no recrutamento. Com sua própria, trouxe Rick Nash, que chamou
a atenção dos Jackets no grupo deste ano. Renovaram seu
goleador de 2000, Geoff Sanderson, e trouxeram experiência e profundidade
na defesa com Scott Lachance e Luke Richardson. Não vão
vencer a copa, não devem sonhar com playoffs, mas ruins como
de 2000 a 2002 é difícil que continuem a ser.
Outro pequeno seguindo no caminho correto é o Atlanta Thrashers.
Depois da decepção com o calouro Patrick Stefan, eles
acertaram na mão com os calouros de 2002. Apesar de perderem
Ray Ferraro, que já estava para virar comentarista permanente
mesmo, eles voltam em 2003 adicionando experiência. Pascal Rheaume
já tinha vindo durante a temporada passada, tendo boa química
com Heatley e Kovalchuk. Agora trazem o experiente central Shawn McEachern,
que deixou sua marca em Pittsburgh e Ottawa, além do explosivo
Vyacheslav Kozlov, que se sentiu muito valorizado com a troca e promete
deslanchar na Georgia. Para a defesa, veio de Buffalo o duríssimo
agente livre Richard Smehlik, que carrega um retrospecto de + 67 na
carreira. Todos estes sem quebrar a banca.
Notas:
- Só mesmo uma competição ferrenha e a má
sorte podem explicar a exclusão dos Oilers nos playoffs do ano
passado. Mas com Mike York, de quem os Rangers não precisam (para
que talento jovem e consistente se existem os dólares?) e com
a ascenção de alguns prospectos como Ales Hemskey e os
finlandeses Jani Rita (estrela em mundiais de diversos níveis)
e do segredo bem guardado Tony Salmelainen (ex- Ilves Tampere), além
da renovação com Eric Brewer, nada estranho o Canadá
ter mais um representante na pós-temporada em 2003.
- Belfour em Toronto? Esperem por Schwab ou Barrasso tomando a titularidade.
- Red Wings campeões um ano mais velhos menos Hasek mais Cujo
= outra copa. Esta equação não fecha.
- Daigle de volta, pelos Sharks. Ou a carreira de ator e produtor cultural
deu muito errado (se bem que um show de Sheryl Crow no GP do Canadá
em Montreal não foi nada mal), ou quem sabe o quê, quando
se trata de Alexander Daigle? Ainda mais agora, que ele admitiu lutar
pela vaga no time e, se preciso, jogar nas minors.
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Thomaz Alexandre é estatístico, gerente de time
virtual, músico, blogueiro e redator também em paradisemetal.com.
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TONY SALMELAINEN recrutado
50 escolhas antes de Mike Comrie, traz esperanças de semelhante
impacto aos Oilers. Acima, ainda no pelo Ilves Tampere , da SM-Liiga
finlandesa (ilves.com) |
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ALFREDSSON DÁ TRABALHO A BRODEUR
Ottawa preteriu McEachern para sabiamente renovar com o capitão
sueco (Bill Kostroun/AP) |
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VAN ALLEN COMEMORANDO EM MONTREAL
De volta aos Senators para trazer experiência a um bom preço
(Slam) |
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