Por
Humberto Fernandes
Não é segredo para ninguém que o elenco do Detroit
Red Wings é "velho". O mais "velho". Em toda
a NHL, não há média de idade igual em nenhum outro
lugar. Há outras equipes dotadas de "jogadores de idade",
mas nenhuma delas possuía as armas que os Wings utilizaram: Scotty
Bowman e jovens talentos.
Scotty Bowman anunciou sua aposentadoria como treinador imediatamente
após sagrar-se campeão da Stanley Cup pela nona vez em
sua carreira. A torcida, em festa, teve alguns instantes de incerteza
e tristeza pela saída do Mestre, mas, naquele momento, eram os
campeões, e a festa deveria prosseguir.
"Procura-se treinador" é o tipo de anúncio que
sete em cada dez fãs dos Wings detestariam ver no momento. Eles
apostam em Barry Smith e Dave Lewis, os braços direitos de Bowman
(sim, de tão grande, Bowman tinha dois braços direitos).
Assistentes de Bowman por vários anos, Smith e Lewis detêm
o estilo de continuação do trabalho do Mestre, tão
desejado pelos torcedores. Verdade seja dita, quando Scotty anunciou
sua aposentadoria, parte do coração de cada fã
ruiu. Possivelmente o grande responsável pelas vitórias
dos últimos anos, Bowman separava-se dos Red Wings e esta realidade
é inaceitavelmente complicada.
Enquanto Scotty se despede, os jovens talentos da equipe desenvolvem-se
e recebem um novo companheiro, de quem muito se espera. O sueco Henrik
Zetterberg disputará a próxima temporada, após
receber destaque por onde passou.
A seguir, análises dos principais jovens talentos dos Red Wings,
desde o candidato a estrela, Pavel Datsyuk, passando pela feliz realidade
de Jiri Fischer, ao surpreendente Boyd Devereaux e as chances dos demais
prospectos na próxima temporada.
Sean Avery -- "I really, really dislike the Colorado Avalanche"
ficará na memória dos fãs dos Wings por um longo
tempo. Não é qualquer um que chega declarando ódio
ao maior inimigo. Avery jogava pelo Cincinnati Mighty Ducks, ex-afiliado
dos Wings, em liga inferior. Durante uma má fase que parecia
não ter fim, subir Avery para o time principal foi a solução
encontrada. Havia vários outros atacantes que, teoricamente,
possuíam maiores chances, mas "The Savior" foi o escolhido,
e por seu estilo de jogo, contagiante, recebeu o apelido acima citado.
No fim da temporada regular, Avery contundiu-se durante o treinamento
e perdeu o começo dos playoffs. Recuperou-se, mas não
foi utilizado. Para a próxima temporada, tem boas chances de
atuar, por ter conquistado a torcida definitivamente. Com o elenco um
ano mais velho, os veteranos devem ter descansos regulares. É
a chance para Avery.
Pavel Datsyuk -- Estamos diante de um dos melhores prospectos
já vistos em Detroit, seguramente uma das melhores escolhas da
equipe em sua história. Este jovem central russo foi precocemente
comparado ao veterano Igor Larionov, por tamanha habilidade e talento
para criar jogadas e passes. Justificou todas as comparações.
Durante toda a temporada, encheu os olhos dos fãs, sendo por
diversas vezes um dos melhores jogadores da equipe. Os adversários
que o digam. Vários defensores foram vistos rodopiando pelo gelo
enquanto Datsyuk driblava com extrema facilidade. Parece adorar jogar
contra o St. Louis Blues, equipe contra a qual marcou sete pontos em
cinco jogos durante a temporada regular. Ainda não domina o inglês,
precisando da ajuda dos outros russos, mas tem em Larionov um grande
tutor. Certamente será titular na próxima temporada e
um dos artilheiros da equipe.
Boyd Devereaux -- Para quem era conhecido como "Dead-vereaux"
em uma temporada, receber diversos elogios no ano seguinte é
realmente uma glória. Assim resumimos os dois anos de Boyd em
Detroit. Este último foi uma grande surpresa. Ninguém,
absolutamente ninguém mesmo, imaginava que ele pudesse evoluir
seu jogo com tamanha intensidade. De inútil, passou a ser velocista,
distribuir trancos, lutar pelo disco onde quer que ele esteja, com muita
determinação e vontade de vencer. Dominado por estes sentimentos,
conseguiu agradar em cheio os exigentes fãs de Detroit. Passou
quase toda a temporada ao lado de Datsyuk e Brett Hull, formando a única
linha que se manteve fixa também nos playoffs. Devereaux conquistou
seu lugar na equipe e também será titular na próxima
temporada.
Jason Williams -- Anteriormente apontado como grande promessa,
demorou a se consolidar e não aproveitou bem os oito jogos que
Bowman lhe concedeu no início da temporada. Acabou retornando
ao time apenas em março, marcando oito gols, metade deles em
vantagem numérica. Atuou ainda em nove partidas nos playoffs,
tendo a honra de centrar uma linha com Brendan Shanahan e Steve Yzerman.
Williams conseguiu impor seu jogo e demonstrou capacidade de atuar pela
NHL. Com o problema no joelho de Yzerman, Williams deve ser titular
por pelo menos os dois primeiros meses da temporada. Suas chances podem
aumentar caso Larionov se aposente ou Zetterberg não se adapte.
Henrik Zetterberg -- Este é o cara. Uma indescritível
expectativa o aguarda em Detroit. O jovem central sueco tem tudo para
arrebentar na NHL. Recebe elogios diariamente de todas as fontes esportivas,
até mesmo de jogadores. Mats Sundin, capitão do Toronto
Maple Leafs e da Suécia, descreveu Zetterberg como tendo um estilo
muito semelhante ao de Peter Forsberg, astro do Avalanche. Há
anos Zetterberg é considerado o grande prospecto dos Red Wings
e agora finalmente sua carreira na NHL irá começar. Espera-se
que ele encante os fãs como fez Datsyuk ou então será
uma frustração. Possivelmente começará a
temporada como titular, caso esbanje seu talento nos treinos que antecedem
a temporada.
Jiri Fischer -- Maduro, seguro, constante. Estas características
se adaptam perfeitamente ao Fischer que vimos durante toda a temporada.
Jogando ao lado de Chris Chelios, foi um bom aluno e recebeu total confiança
de Bowman, desenvolvendo seu estilo de jogo e aprendendo a atacar. Encantou
a torcida nos playoffs, marcando três gols nos primeiros onze
jogos. Em toda a sua carreira, somava três gols, mas em 187 jogos
de temporada regular. É um dos melhores defensores da equipe
e titular incontestável. Alguns o apontam como um dos futuros
líderes da equipe, em um elenco renovado e pós-era Yzerman.
Maxim Kuznetsov -- Iniciou a temporada como titular, quando Mathieu
Dandenault ainda atuava no ataque e Steve Duchesne não era titular.
Voltou a aparecer apenas em dezembro e depois no fim da temporada regular,
em março e abril, quando vários titulares foram poupados.
Defensor de estilo semelhante ao de Fischer, bastante físico,
mas que ainda precisa conquistar a confiança da gerência.
Alguns fãs da equipe vêem em Kuznetsov um grande talento,
outros já o querem como moeda de troca. De fato, a equipe preferiu
mantê-lo, demonstrando que ainda há esperança no
desenvolvimento deste Russo. Com a saída de Olausson, e caso
Chelios ou Slegr não continuem, deve conquistar um lugar sólido
na defesa.
Jesse Wallin -- Esteve no gelo muito menos vezes que Kuznetsov,
mas parece ter conquistado maior confiança da torcida que o companheiro
de equipe. Concentra-se totalmente no jogo, permanece firme, distribui
trancos e aparenta boa segurança. Sofreu com várias contusões
antes mesmo de a temporada começar, passou por cirurgias e esteve
pronto para o jogo apenas em janeiro, atuando bastante em fevereiro
e poucas vezes em março. Quando esteve no afiliado de liga inferior
sempre demonstrou enorme talento, prometendo ser um dos grandes defensores
dos Wings no futuro. A próxima temporada pode ainda não
ser a sua. Depende dos mesmos fatores que Kuznetsov, ou seja, Chelios
e Slegr precisam sair para que ele possa jogar regularmente.
São oito bons prospectos disputando posições na
equipe e a certeza de que, em um futuro próximo, todos eles podem
ser titulares da equipe. Hoje parece estranho pensar em "Fischer,
capitão dos Red Wings", "Wallin, vencedor do troféu
Norris" ou "Datsyuk, considerado o jogador mais valioso da
Liga", mas não podemos prever o futuro. Apenas estes jovens
podem escrever, com seus patins e tacos, o que o futuro reservou para
o Detroit Red Wings.
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Humberto Fernandes, apostando em Zetterberg como novato do ano
na próxima temporada. |
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