Por
Marcelo Constantino
A construção deste time na verdade data da temporada de
1999-2000. Naquela temporada e na seguinte, a gerência optou por
não fazer grandes investimentos no mercado de jogadores com passe
livre, assim como não fez nenhum grande movimento no dia limite
de trocas. Eles sabiam que o verão de 2001 traria uma excelente
leva de grandes jogadores disponíveis e economizaram para isso.
Chegou o verão norte americano de 2001 e logo veio a primeira
bomba: o Detroit contrata Dominik Hasek. Um dos grandes problemas do
time, desde a conquista de 1998 inclusive, era Chris Osgood que, além
de não vencer partidas para o time, ainda perdia algumas com
falhas grotescas. Os Wings mandaram Slava Kozlov - jogador de grande
utilidade para o time nos anos anteriores, mas em franca decadência
-, e escolha(s) de primeira rodada, pra variar.
Somente esta contratação já colocaria os Wings
de volta ao topo, ao lado dos times realmente candidatos ao título.
O time havia sido eliminado na primeira fase dos playoffs pelos Kings,
a moral estava baixa e Osgood havia feito uma temporada medíocre,
onde Manny Legace foi o goleiro reserva que mais disputou partidas.
Com Hasek, o time agora se equiparava ao Colorado Avalanche de Patrick
Roy, que eliminou o Detroit nos playoffs de 1999 e 2000.
Mas ainda havia espaço no orçamento. Havia a questão
Martin Lapointe, que ganhara passe livre, tendo recusado uma oferta
de renovação do Detroit. Lapointe acabou assinando com
os Bruins por praticamente o dobro do que os Wings ofereciam.
Assim que souberam que Luc Robitaille havia considerado acintosa a renovação que o Los Angeles Kings havia lhe oferecido
- na qual baixava o salário do ídolo local - lá
foi a gerência e fechou rapidamente com ele.
Antes disso os Wings namoravam Alexander Mogilny, que havia disputado
a Stanley Cup com o New Jersey Devils no ano anterior. Mogilny soava
como um parceiro ideal para Larionov ou Fedorov, mas um entrave atravancou
as negociações: o russo queria um contrato de longo prazo,
5 anos, e os Wings decididamente tinham como teto contratos de 3 anos.
Nada de acordo, acabaram fechando com Lucky Luc e preenchendo esta vaga.
Acabou até melhor para o cofres do clube, já que Mogilny
viria na faixa de US$ 5 milhões/ano e Robitaille veio na faixa
de US$ 3,5 milhões/ano.
Daí em diante, ficaram algumas especulações aqui
e ali, a maioria sobre defensores que os Wings talvez fossem atrás.
A gerência já havia buscado na Europa o subvalorizado -
e barato, sobretudo - defensor Fredrik Olausson, que havia feito boas
temporadas anos antes com o Anaheim Mighty Ducks.
Felizmente venceu a corrente interna que queria ver mais tempo de gelo
para os novatos Jiri Fischer, Maxim Kuznetsov e Jesse Walin e a afirmação
de Mathieu Dandenault como defensor.
Havia ainda uma última tacada para tornar o time uma máquina
pelo título. Brett Hull estava livre no mercado, ainda não
havia acertado com ninguém e seu clube anterior, o Dallas Stars,
não o queria mais. O salário de Hull estouraria o já
altíssimo orçamento do clube e aí veio uma daquelas
atitudes que demonstram o quanto os jogadores querem realmente conquistar
a Stanley Cup.
Steve Yzerman, Nicklas Lidstrom, Brendan Shanahan e Chris Chelios aceitaram
retificar seus contratos, de forma a ganhar menos nesta temporada e,
assim, abrir espaço para a vinda de Brett Hull.
O time estava pronto para a corrida rumo ao título, onde qualquer
coisa abaixo disso seria um fracasso.
A temporada normal foi um verdadeiro passeio, praticamente não
havia adversários do mesmo nível pela frente e até
mesmo os times mais fortes pareciam não se empenhar devidamente
nos confrontos com os Wings.
Um final de temporada bisonho e um início cambaleante nos playoffs
quase colocam tudo a perder. Mas para isso o time tem Steve Yzerman que,
mesmo numa perna só, liderou o Detroit na virada da série.
E, claro, o gol de Nicklas Lidstrom do meio do gelo no jogo 3, que definitivamente
mudou a história da série e dos playoffs.
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Marcelo Constantino Monteiro sentiu as saídas de Lapointe e Kozlov,
mas sabe que Robitaille e Hull estão num nível evidentemente superior.
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DOMINIK HASEK Sem dúvida alguma,
a mais importante aquisição dos Wings antes da temporada (Carlos
Osorio/AP - 13/06/2002) |
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