19 de junho de 2002
Fabiano: Brian Trottier volta a Nova York. Mas não aos Islanders

Por Fabiano Pereira

A dúvida pairava sobre a ilha de Manhattan. E não, não estamos falando de algum filme cult de Woody Allen. Os Rangers, após duas temporadas sob o comando do técnico Ron Low, ficaram mais uma vez fora dos playoffs e o gerente geral da equipe, Glen Sather, tomou uma decisão acertada: mandou Low embora. Tudo bem que foi uma decisão com um ano de atraso, mas, ainda assim, acertada.

Ficava, então, a dúvida sobre quem seria o novo técnico da equipe. Inicialmente, instauraram-se dois boatos: o primeiro, é que Ken Hitchcock, demitido pelos Stars, seria o provável técnico, ainda durante a temporada. O outro bem cotado era Larry Robinson, dos Devils, que foi substituído por Kevin Constantine. Dois ótimos técnicos disponíveis. Mas Sather resolveu esperar até o fim da temporada e, claro, a desclassificação.

Richter machucou-se, claro. Mas o time ainda não tinha um bom esquema defensivo. Não tinha os destruidores de penalidades certos. Na verdade, tinha um bom time, mas mal treinado. Bem, era de se esperar que aqueles dois técnicos tarimbados acima fossem pelo menos entrevistados. Não foram. E foram para outro lugar. Hitchcock foi para os Flyers e Robinson estranhamente voltou para os Devils, como assistente técnico. E os Rangers?

Eles conversaram com o ex-técnico dos Sabres, Ted Nolan, há muito querendo voltar para a liga, com o ex-técnico da seleção americana de hóquei, Herb Brooks, e com o ex-assistente técnico dos Kings, Dave Tipett, que acabou indo para os Stars.

Foi então que Sather entrevistou Brian Trottier, assistente técnico do Colorado Avalanche e ele foi contratado. Sather viu algo de interessante nele: era o responsável pela defesa e pelos times especiais do Avalanche, e, convenhamos, estas são qualidades a se destacar no time de Denver.

Ótimas qualidades? Sim, com certeza. Mas encaremos pelo lado de torcedor. O nome Brian Trottier não lembra algo? Uma dinastia, da década de 80, que não a dos Oilers? Islanders? Se você disse o nome do outro time de Nova York que não os Rangers, acertou!

Uau! Uma das maiores estrelas dos Islanders no banco dos Rangers? Um dos grandes responsáveis pelos quatro títulos do adversário enquanto jogava de central, talvez um dos melhores ofensiva e defensivamente? Líder da equipe, com mais de 1400 pontos? Ou seja, um símbolo em Long Island.

E lá vai ele, começar a temporada no banco, comandando o maior rival. Tortura para os torcedores dos Blueshirts, que ainda correm o risco de ficar sem seu goleiro símbolo, Mike Richter. Mas chega de bairrismos. Vamos falar sério sobre esta contratação.

Ela foi totalmente correta. Sather e Trottier estão agindo profissionalmente ao separar essa rivalidade fora do gelo. É claro que a rivalidade ainda existe, com Fleury e sua "dança do frango" e que, com certeza, os torcedores dos Isles vão gritar "Trottier, Trottier" quando houver um jogo no Nassaum Coliseum, mas isso precisado ser separado.

Trottier é um empregado dos Rangers e, por mais que seja amado pelos Isles, ele sabe muito bem que tem conta a prestar com uma enorme torcida e, principalmente, com seu GG. Este será o primeiro trabalho dele como técnico na NHL e não vai querer perder a chance com faniquitos de torcedor. Ele é um profissional, competente, motivador, um líder. E o respeito que ele tem de todos os jogadores, inclusive os mais veteranos, como Messier, Leetch e Richter, que já declararam que confiam no treinador, com certeza levará os Rangers aos playoffs novamente.

Realmente, os tempos mudaram. Se realmente acontecerem os playoffs para o time de Manhattan, os torcedores de Long Island poderão sentir aquela alegria irônica de pensar que foi graças a eles que os rivais estarão entre os oito melhores do Leste.

Fabiano Pereira demorou a acreditar na notícia. Mas já está conformado. Afinal, antes nos playoffs com um Islander no banco do que fora mais uma vez com Ron Low.
 
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Página publicada em 17 de junho de 2002.