Por
Fabiano Pereira
A dúvida pairava sobre a ilha de Manhattan. E não, não
estamos falando de algum filme cult de Woody Allen. Os Rangers, após
duas temporadas sob o comando do técnico Ron Low, ficaram mais
uma vez fora dos playoffs e o gerente geral da equipe, Glen Sather,
tomou uma decisão acertada: mandou Low embora. Tudo bem que foi
uma decisão com um ano de atraso, mas, ainda assim, acertada.
Ficava, então, a dúvida sobre quem seria o novo técnico
da equipe. Inicialmente, instauraram-se dois boatos: o primeiro, é
que Ken Hitchcock, demitido pelos Stars, seria o provável técnico,
ainda durante a temporada. O outro bem cotado era Larry Robinson, dos
Devils, que foi substituído por Kevin Constantine. Dois ótimos
técnicos disponíveis. Mas Sather resolveu esperar até
o fim da temporada e, claro, a desclassificação.
Richter machucou-se, claro. Mas o time ainda não tinha um bom
esquema defensivo. Não tinha os destruidores de penalidades certos.
Na verdade, tinha um bom time, mas mal treinado. Bem, era de se esperar
que aqueles dois técnicos tarimbados acima fossem pelo menos
entrevistados. Não foram. E foram para outro lugar. Hitchcock
foi para os Flyers e Robinson estranhamente voltou para os Devils, como
assistente técnico. E os Rangers?
Eles conversaram com o ex-técnico dos Sabres, Ted Nolan, há
muito querendo voltar para a liga, com o ex-técnico da seleção
americana de hóquei, Herb Brooks, e com o ex-assistente técnico
dos Kings, Dave Tipett, que acabou indo para os Stars.
Foi então que Sather entrevistou Brian Trottier, assistente técnico
do Colorado Avalanche e ele foi contratado. Sather viu algo de interessante
nele: era o responsável pela defesa e pelos times especiais do
Avalanche, e, convenhamos, estas são qualidades a se destacar
no time de Denver.
Ótimas qualidades? Sim, com certeza. Mas encaremos pelo lado
de torcedor. O nome Brian Trottier não lembra algo? Uma dinastia,
da década de 80, que não a dos Oilers? Islanders? Se você
disse o nome do outro time de Nova York que não os Rangers, acertou!
Uau! Uma das maiores estrelas dos Islanders no banco dos Rangers? Um
dos grandes responsáveis pelos quatro títulos do adversário
enquanto jogava de central, talvez um dos melhores ofensiva e defensivamente?
Líder da equipe, com mais de 1400 pontos? Ou seja, um símbolo
em Long Island.
E lá vai ele, começar a temporada no banco, comandando
o maior rival. Tortura para os torcedores dos Blueshirts, que ainda
correm o risco de ficar sem seu goleiro símbolo, Mike Richter.
Mas chega de bairrismos. Vamos falar sério sobre esta contratação.
Ela foi totalmente correta. Sather e Trottier estão agindo profissionalmente
ao separar essa rivalidade fora do gelo. É claro que a rivalidade
ainda existe, com Fleury e sua "dança do frango" e
que, com certeza, os torcedores dos Isles vão gritar "Trottier,
Trottier" quando houver um jogo no Nassaum Coliseum, mas isso precisado
ser separado.
Trottier é um empregado dos Rangers e, por mais que seja amado
pelos Isles, ele sabe muito bem que tem conta a prestar com uma enorme
torcida e, principalmente, com seu GG. Este será o primeiro trabalho
dele como técnico na NHL e não vai querer perder a chance
com faniquitos de torcedor. Ele é um profissional, competente,
motivador, um líder. E o respeito que ele tem de todos os jogadores,
inclusive os mais veteranos, como Messier, Leetch e Richter, que já
declararam que confiam no treinador, com certeza levará os Rangers
aos playoffs novamente.
Realmente, os tempos mudaram. Se realmente acontecerem os playoffs para
o time de Manhattan, os torcedores de Long Island poderão sentir
aquela alegria irônica de pensar que foi graças a eles
que os rivais estarão entre os oito melhores do Leste.
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Fabiano Pereira demorou a acreditar na notícia. Mas já está conformado.
Afinal, antes nos playoffs com um Islander no banco do que fora
mais uma vez com Ron Low. |
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