Por
Eduardo Costa
Três vezes vencedor do Troféu Norris como melhor defensor
da temporada (1989, 93 e 96), Chelios concorrerá ao tetra no
dia 20 de junho, em Toronto. Os rivais são seu companheiro de
equipe e atual detentor do Norris, Nicklas Lidstrom, e Rob Blake, do
Colorado Avalanche. O guerreiro Chelios, no entanto, já pode
se considerar um vencedor nesta temporada, e não são poucos
motivos.
Na temporada passada, Chelios jogou apenas 24 partidas, teve que entrar
numa sala de operação três vezes e reconstruir um
de seus joelhos.
Nesta temporada, Chelios tornou-se o primeiro jogador desde Wayne Gretzky
(1984-85) a liderar a liga em mais/menos na temporada regular e nos
playoffs, +40 e + 15, respectivamente, incluindo um +7 nas finais e
+2 no decisivo jogo 5 contra os Canes. Lembrando que nos playoffs ele
"bateu" de frente com pesos pesados como Todd Bertuzzi, Keith
Tkachuk e Peter Forsberg e, mesmo assim, teve um mais/menos altíssimo!
O defensor foi o anjo da guarda do Dominador. Durante a temporada regular
muitos adversários aproveitavam e tiravam uma casquinha do tcheco
até que Chelios prometeu que, se alguém encostasse em
Hasek, sofreria as conseqüências. Pergunte a Mike Keane,
do Colorado Avalanche, se Chelios cumpriu a promessa. E ainda sobrou
tempo para seis gols e 33 assistências. Com isso, eliminou de
vez as dúvidas da torcida, que, de início, não
aprovou um símbolo de Chicago vestnido a camisa dos Wings.
Já na casa dos 40 anos, Chelios jogou 108 partidas na temporada,
se adicionarmos os Jogos Olímpicos de Salt Lake City, em que
foi o capitão da seleção norte-americana. Foi a
terceira olimpíada do defensor, que disputou a competição
anteriormente em Sarajevo, em 1984, e Nagano, em 1998, quando também
era o capitão. A medalha de prata deixou um gosto amargo, mas
nada que uma Copa prateada não minimizasse.
Então vamos a ela. Seja atuando ao lado do garoto Jiri Fischer
ou de Jiri Slegr, Chelios passou segurança. O caso de Slegr exemplifica
bem. O ex-Thrasher atuou pela primeira vez nestes playoffs no decisivo
jogo 5 e comentou após a partida: "Ele faz as coisas parecer
mais fáceis que o normal; na noite anterior ao jogo conversamos
e ele deu a tranqüilidade de que eu precisava para atuar".
E assim foi. Slegr teve uma ótima atuação, sendo
eleito um dos melhores no gelo de maneira quase unânime. Chelios
deu o passe para Larionov, que, com maestria, colocou Holmstrom na cara
do gol de Irbe e abriu o caminho para o título.
Chelios havia sido campeão da Stanley Cup no longínquo
ano de 1986, quando desfilava sua classe em Montreal, para o deleite
dos "habitants". Ele era um dos jovens daquela equipe que
surpreendeu o favorito Calgary Flames. Entre seus companheiros estavam
Patrick Roy, Claude Lemieux, Brian Skrudland e Stephane Richer. Todos
voltaram a vencer a Copa. Menos Chelios.
Ele chegou perto duas vezes. Uma com os próprios Canadiens em
1989, quando o Calgary deu o troco, vencendo os Canadiens em pleno Fórum,
e a outra já com a camisa dos Blackhawks, quando foram varridos
pelo Pittsburgh Penguins de Mario Lemieux em 1992.
Ele deixou a Cidade do Vento em direção a Motown pouco
antes dos playoffs de 1999. Sabia que a única chance de voltar
a vencer era sair de Chicago o mais rápido possível. Após
três playoffs frustrantes, a recompensa.
Com o título, Chelios tornou-se o jogador com maior intervalo
de tempo entre duas conquistas; seus 16 anos de seca superaram o antigo
recordista Mickey Mackay, que venceu com o Vancouver Millionaires em
1915 e só voltou a levantar a taça em 1929, com os Bruins.
Como vai se tornar agente livre agora em junho, a esperança dos
torcedores é que o guerreiro continue, pois dentro do gelo ele
é garantia de segurança. Fora dele ele só tem um
defeito: ter nascido em Chicago.
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Eduardo Costa odeia o Chicago Blackhawks e vai escrever algo zombando
o dono daquela franquia. |
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