Por
Marcelo Constantino
Do vencedor e dos outros candidatos ao Conn
Smythe
Nicklas Lidstrom -- Eleito vencedor do Conn Smythe
como jogador mais importante do time nos playoffs. De fato, Lidstrom
era um dos favoritos, seja por atuar bem jogo após jogo, seja
por dois gols marcados que mudaram a cara dos playoffs: o primeiro no
jogo 3 contra os Canucks, do meio da rua, acabando com a alta moral
que Clouthier vinha ganhando. O segundo, no jogo 2 contra os Hurricanes,
em vantagem numérica, que deu a vitória ao time quando
o jogo e o placar estavam bem apertados. Não podemos nos esquecer
também do colossal trabalho de contenção a Forsberg
nos jogos 6 e 7 contra o Avalanche e da média de mais de 30 minutos
por jogo.
Steve Yzerman -- O Capitão começou os playoffs
como destaque solitário de um time que parecia dormindo e via
os Canucks passar. Ele carregou o time nas costas até que a equipe
tomou vergonha na cara e passou a jogar hóquei de Stanley Cup.
Daí em diante, com sua perna cada vez pior, Yzerman discretamente
deixou o trabalho árduo para o grupo e passou a evitar desgastes
desnecessários. O médico dos Wings afirma que a contusão
de Yzerman faria qualquer um ter dificuldades de andar, quiçá
patinar no gelo. Steve é tudo em Detroit.
Sergei Fedorov -- Quem assistiu às finais e aos jogos
contra o Colorado pôde ver o que é um grande jogador sem
precisar pontuar. Sergei Fedorov. Em todos os lugares do gelo, brigando
nas bordas, desviando chutes, na frente, atrás, dando trancos,
até mesmo jogando fisicamente, Fedorov foi definitivamente o
melhor dos grandes atacantes do time nessas duas séries. Que
patinador! É outro que poderia levar o Conn Smythe tranqüilamente.
Dominik Hasek -- Um começo terrível contra os Canucks
para um final com incríveis 6 shutouts e uma das mais baixas
média de gols levados nas finais. Hasek foi cogitado para MVP
dos playoffs, mas dois fatos atentavam contra: ele foi claramente beneficiado
pelo excelente sistema defensivo do time e a quantidade absurda de defesas
acrobáticas ficou para os tempos de Sabres. Hasek não
chegou a vencer sozinho um jogo para os Wings nos playoffs, mas a diferença
entre ter ele ou Osgood atrás é imensa.
As estrelas contribuintes
Brett Hull -- Meteu hat-trick na primeira fase e marcou
um gol que poucos deram a devida grandiosidade: o que empatou o jogo
3 contra o Hurricanes, com pouco mais de 1 minuto para acabar a partida.
Trata-se de um artilheiro pleno, que os Wings não tinham com
Kozlov ou Lapointe, e ainda surpreendeu pelo excelente jogo defensivo.
A linha dele com Datsyuk e Devereaux foi a única que veio da
temporada para os playoffs, quando foi artilheiro do time.
Igor Larionov -- Professor, 41 anos de idade, Gretzky russo (ou
Gretzky que é o Larionov canadense), O playmaker; tudo isso é
Larionov. O gol marcado na terceira prorrogação do jogo
3 foi uma pintura de calma, tranqüilidade e eficiência. A
linha dele era a que menos tinha tempo de gelo, mas todos eram peças
importantes do time de vantagem numérica. Fica a dúvida:
aposentar-se por cima ou voltar para mais um ano. Se sair será
bom para abrir espaço para novatos, mas ninguém no time
tem a mesma visão do gelo que ele.
Chris Chelios -- Vindo de uma temporada monstruosa e de uma primeira
fase idem nos playoffs, quando foi o responsável por marcar o
grandalhão Todd Bertuzzi, Cheli só teve problemas com
Forsberg na frente. Fora isso foi uma raridade vê-lo cometendo
algum erro na defesa. Conseguiu a proeza de liderar a NHL em +/- na
temporada e nos playoffs.
O andar de baixo
Darren McCarty -- Jogador-símbolo em Detroit,
meteu o primeiro hat-trick de sua carreira na NHL justo contra o Colorado
Avalanche, time que não quer vê-lo pela frente nem pintado,
e em plena final de Conferência. Um hat-trick natural, três
gols seguidos. Era o jogador que mais se aproximava do papel de intimidador
do time e seu jogo físico foi eficiente. Não esqueçamos
também do gol de segurança que marcou no dramático
jogo 6 contra o Colorado.
Kris Draper -- A velocidade da grind line,
responsável principal pelas jogadas ofensivas de uma linha teoricamente
defensiva, incansável matador de pênaltis. Passou a maior
parte da temporada jogando à direita de Fedorov, chegou nos playoffs
e voltou à posição em que já conhecia há
mais de 5 anos.
Kirk Maltby -- Como diz Dave Strader, da ESPN, um dos melhores
jogadores da NHL para conseguir que o adversário cometa uma penalidade.
Eu o chamo de Mike Ricci de Detroit. Fez uma temporada abaixo do esperado,
mas reencontrou-se na grind line, onde está
em casa. Para fechar, ainda meteu dois importantes gols em desvantagem
numérica.
Boyd Devereaux -- Um batalhador. Ele era o homem-velocidade da
linha, mas brigava como poucos pelo disco nas bordas. Impressionou-me
a vontade dele em cada jogo que eu assisti. Foi recompensado, claro,
com roubadas e passes cruciais, que resultaram em gols de Brett Hull.
Tomas Holmstrom -- Este é definitivamente um jogador de
playoffs. Quando o jogo fica mais duro, nada melhor que ter um Tomas
Holmstrom no time, que está no gelo para ficar na frente do goleiro
e levar bordoadas mesmo - além de fazer gols em desvios e rebotes.
Ele marca tantos gols nos playoffs quanto em toda a temporada - e isso
não é de hoje -, o que já diz tudo.
Fredrik Olausson -- Cometeu alguns erros, como o que resultou
no gol de Brind'Amour em desvantagem numérica nas finais, mas
buscou compensá-los com um bom trabalho ofensivo ao lado do MVP
dos playoffs. O gol salvador na prorrogação do jogo 3
contra o Avalanche é um exemplo disso.
Steve Duchesne -- Outro que cometeu erros com alguma freqüência
e que também buscou compensar com uma produção
ofensiva. Um dos fatos mais impressionantes desses playoffs pra mim
é que Duchesne perdeu todos os dentes da frente no jogo 6 das
finais. Sete dentes. Levantou-se, foi para o vestiário e voltou
para jogar, ainda no mesmo período, sem se abater.
Mathieu Dandenault -- Definitivamente firmou-se na posição
de defensor, algo sobre o qual ainda havia dúvidas no ano passado.
Possui uma velocidade incomum e utilizou-a bem nos playoffs, embora
sua produção ofensiva não tenha sido grande, se
pensarmos em números finais. Até porque sempre foi o defensor
com menor tempo de gelo da equipe. Aliás, se o porteiro da Arena
Joe Louis jogar na defesa dos Wings, Bowman lhe daria mais tempo de
gelo que Dandenault.
Jiri Slegr -- Na única partida, logo a final, atuou surpreendentemente
bem, com generosos 16 minutos de gelo.
Os novatos
Jiri Fischer -- Jogar ao lado de Chelios tem sido
uma verdadeira aula para este jovem defensor, em que os Wings apostam
para o futuro como um dos grandes da Liga. Tem uma boa mobilidade para
o tamanho dele, mas falta-lhe ainda aquele olhar - e a atitude conseguinte
- compenetrado, concentrado, que ele deve ganhar com a idade e experiência.
Foi ótimo nos playoffs, mesmo com o lamentável cross-check
que o tirou da final.
Pavel Datsyuk -- A maior surpresa do time na temporada. Ainda
mal fala inglês, mas tem um controle do disco fenomenal para um
novato. Começou mal contra os Canucks, mas logo readquiriu seu
jogo contra os Blues e firmou-se até o fim. Precisará
melhorar fisicamente, já que a linha de Vasicek o superava amplamente
neste ponto.
Jason Williams -- Toda vez que precisou jogar, substituindo seja
Datsyuk, seja Larionov, Williams deu conta do recado. Sem contar que
ele acabou centrando uma linha com Yzerman e Shanahan de cada lado.
Um sonho para qualquer garoto, em plenos playoffs. E saiu-se muito bem,
sem tremer, sem amarelar.
Os que ficaram abaixo
Luc Robitaille -- Peça praticamente nula nos
playoffs, achei que melhorou quando colocado ao lado de Yzerman e Fedorov,
em alguns shifts no jogo 3. Gostei mais dele no jogo 4, embora tenha
chegado ao fim ainda claramente bem abaixo do esperado.
Brendan Shanahan -- Sim, Shanahan está aqui. Os dois gols
na grande final, incluindo o gol do título apenas acendem a apagada
atuação dele ao longo dos playoffs. Um grande estouro
no jogo 5 contra os fregueses Blues e uma boa posição
na pontuação geral encobrem atuações que
não produziram ofensivamente, nem fisicamente. Detroit idolatra
Shanahan e esperava mais dele.
O que não existiu
Uwe Krupp -- O que foi isso?
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Marcelo Constantino Monteiro dá atenção especial a (quase) todos
jogadores que ele já viu serem campeões em Detroit. Saudações a Konstantinov,
Fetisov, Kocur, Kozlov, Lapointe, Sandstrom, Rouse, Ward, Pushor,
Murphy, Brown, Macoun, Gilchrist, Vernon e Osgood. Ericksson e Mironov,
assim como Slegr desta vez, nem tanto. Krupp não. |
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NICKLAS LIDSTROM Eleito o
jogador mais importante dos playoffs, é daqueles que você
precisa puxar pela memória para lembrar quando foi a última vez
que teve uma má atuação (letsgowings.com
- 13/06/2002) |
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