Por
Marcelo Constantino
Os Bruins tiveram 101 pontos na temporada. Obtiveram também o
primeiro lugar na Conferência Leste. Tinham confiança e
a expectativa por uma boa passagem nos playoffs era grande. Afinal,
quem imaginaria que chegariam tão alto na temporada? Para consolidar
tudo isso, tinham atacantes veteranos -- inclusive dois com mais de
40 gols - e um bom goleiro. Com tudo isso, o sucesso nos playoffs era
bem provável.
Não foi. A esperança de trazer a Stanley Cup para Boston
pela primeira vez em mais de 30 anos esvaiu-se na derrota de 2-1 para
o bravo e brilhante Montreal Canadiens, no Molson Centre, logo na primeira
fase. Era apenas o sexto e último jogo da pós-temporada.
Se os Bruins eram os favoritos, o Montreal era o time que provavelmente
contava com a maior simpatia na NHL. Claramente um time sem uma grande
estrela, tendo jogado toda a temporada sem seu capitão Saku Koivu
-- que lutou e venceu um câncer no abdome -- e tendo se classificado
graças ao seu goleiro, o espetacular José Théodore,
de 25 anos de idade. O goleiro acaba de ser indicado aos troféus
Hart e Vezina, com grandes chances de conquistar este último.
Os Canadiens seguem adiante, além do que imaginavam. E como fica
o Boston, que parou bem antes do que pretendiam? Difícil dizer.
As estrelas Bill Guerin e Byron Dafoe terão passe livre neste
verão norte-americano e sabe-se lá se o jogo 6 contra
o Montreal foi o último de suas carreiras em Boston.
Agora que as séries acabaram, alguns pontos precisam ser observados:
O terceiro período -- Os Bruins marcaram apenas dois
gols nesta etapa durante os jogos com o Montreal, enquanto os Habs meteram
dez -- inclusive o gol que fechou a série.
Vantagem numérica -- Os Bruins tiveram apenas uma
chance nos últimos dois jogos. Os Habs marcaram ambos os gols
da partida final nessa situação.
Linhas -- Quando ficou evidente que Jozef Stumpel não
estava jogando nada na série (apenas duas assistências),
o técnico Robbie Ftorek poderia ter colocado Brian Rolston ali,
mas não o fez. Rolston foi o melhor atacante do time nos playoffs
e também joga como central.
Penalidades -- Critiquem o quanto quiserem os juizes nos playoffs;
será em vão. Entretanto, houve momentos em que os Bruins
realmente jogaram sem qualquer disciplina e acabaram pagando bem caro
por isso. Um taco alto (high sticking) de Joe Thornton levou
a uma penalidade dupla que durou do fim do segundo período e
início do terceiro e assim saiu o gol da vitória dos Habs.
E lembrar que, quando os Bruins meteram 5-2 no jogo 4, foi o mesmo Thornton
que provocou uma penalidade semelhante, perdendo ainda três dentes
com a tacada de Jan Bulis recebida na boca. O Boston marcou dois gols
na vantagem numérica obtida.
Mesmo sem Richard Zednik -- o melhor atacante dos Canadiens na série
-- os Bruins foram eliminados. Se houve ou não alguma intenção
de eliminar Zednik dos playoffs, o final tornou-se mais lamentável
ainda com isso. Conseguiram a antipatia de toda a liga e ainda perderam
a série. Nem houve como os fins justificarem os meios -- algo
comum nos playoffs da NHL em casos assim --, porque não foram
sequer alcançados.
Talvez seja tempo de rever alguns passos dados lá atrás.
Como a contratação superfaturada do bom jogador Martin
Lapointe e, analogamente, a liberação de Jason Allison
-- uma quase-estrela da liga --, que pedia quantia semelhante para renovar
contrato.
O Dallas Stars começou assim também, fazendo uma grande
temporada em 1996-1997 e sendo eliminado na primeira fase dos playoffs.
Até chegarem ao título, em 1999.
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Marcelo Constantino Monteiro torce para os Red Wings e para que
um dos times canadenses chegue à final da Stanley Cup. |
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