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23 de abril de 2004
Vale tudo pela Copa Stanley

Por Rafael Roberto

Os playoffs da NHL estão repletos de contos de jogadores contundidos marcando gols que dão a classificação a seus respectivos times ou que se jogam na frente do gol para bloquear um chute. Esse é o espírito que os playoffs da NHL causam nos atletas.

"Você sabe o que está em jogo, sabe o quão grande é o preço no final, sabe o quão recompensador é", diz Alex Tanguay, atacante do Colorado Avalanche, que jogou as finais da Conferência Oeste de 2002 com uma contusão na coxa que começava a calcificar.

Nesta época do ano esse tipo de atitude é comum na NHL. Ombros deslocados se transformam em um leve problema na virilha e tem jogadores que preferem nem dizer que estão machucados até a pós-temporada acabar, e jogam com uma perna fraturada ou até com um tornozelo quebrado. Alguns o fazem desde a primeira rodada até as finais da Copa Stanley. Durante o período entre-temporadas, são comuns as cirurgias de reconstruções.

No vestiário do Dallas Stars, durante as quartas-de-finais da Conferência Oeste deste ano, era comum ver sacos de gelo espalhados pelos corpos de diversos jogadores. Cinco anos atrás, nove dos vinte membros dos Stars que disputavam as finais da Copa Stanley estavam com alguma contusão que, se ocorresse na temporada regular, os impediriam de jogar. Esses nove, incluindo Brett Hull, que marcou o gol do título, tomaram injeções à base de lidocaína no jogo 6 para suportar a dor das contusões. Como a partida foi para a terceira prorrogação, é provável que alguns deles tenham tomado a injeção mais de uma vez.

"Que se dane o perigo, são as finais da Copa Stanley", diz Daryl Reaugh, ex-goleiro e atual comentarista de hóquei.

"É algo que já nasce com você. Mas você também aprende a jogar sentindo dor", explica Shayne Corson, atacante do Stars, enquanto botava um saco de gelo no cotovelo.

Mas não é bem assim que as coisas acontecem, existe uma preocupação com a saúde do atleta e a injeção só é dada se a permanência do jogador no gelo não for causar problemas permanentes. Quando um atleta se machuca ele é sacado do time e depois avaliado. Se a contusão for séria ele permanecerá fora do time.

Se a avaliação constatar que a contusão não é muito séria para o jogador e não causará danos maiores caso ele jogue, o atleta é liberado pelo departamento médico, mas ainda não está apto para entrar no gelo. Antes disso tem que passar por uma entrevista com o treinador, que avalia se ele realmente pode jogar e se ele será útil para o time, mesmo estando machucado.

Quando os torcedores de hóquei lembram os momentos históricos do esporte geralmente há casos envolvendo jogadores machucados. Um desses momentos clássicos ocorreu durante o jogo 6 das finais da Copa Stanley de 1964 quando Bobby Baun, jogador do Toronto Maple Leafs, quebrou seu tornozelo e depois voltou para marcar o gol da vitória do time na prorrogação.

Outro caso é o de Steve Yzerman, do Detroit Red Wings, que jogou os playoffs de 2002 com um problema na perna e ainda assim marcou 23 pontos nos 23 jogos, além de liderar seu time ao título.

Nos playoffs de 2003, Adam Foote, do Avalanche, jogou a sétima partida das quartas-de-final da Conferência Oeste com o pé quebrado, mesma contusão que tirou Joe Sakic do time por cinco semanas durante a temporada regular.

Existem vários motivos para se jogar, mas o principal é a Copa Stanley. Muitos jogadores não ligam para o quão machucados estão, apenas enfaixam, põem gelo, dão pontos e vão jogar, dando tudo de si em busca do troféu mais tradicional de todos os esportes.

Rafael Roberto usou como base para esta coluna a matéria World of hurt orbiting in NHL playoff universe, de Bill Briggs, publicada no Denver Post.

 

 

 

 

 

 

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Página publicada em 23 de abril de 2004.