Por
Alexandre Giesbrecht
O Boston Bruins tem competido bem na liga durante os últimos
15 anos, chegando a duas finais da Copa Stanley e a duas finais de conferência,
além de algumas temporadas com bons resultados nos 82 jogos iniciais.
O Detroit Red Wings teve mais sucesso ainda, com consecutivas temporadas
vitoriosas, incluindo aí três títulos da Copa Stanley
e um vice-campeonato. O Montreal Canadiens não anda à
altura de seu passado, mas ganhou uma Copa Stanley há dez anos
e teve alguns bons playoffs depois disso. O New York Rangers, apesar
de ser a eterna piada da liga por causa da sua alta folha salarial,
que nunca tem retorno algum, livrou-se de um tabu em 1994, e chegou
às finais de conferência três anos depois. O Toronto
Maple Leafs tem competido consistentemente na última década.
Todos os times citados acima fazem parte dos Seis Originais e têm
tido alguma forma de sucesso nos últimos anos. Tudo bem que os
Leafs não ganham a Copa desde os tempos em que os Seis Originais
eram os Únicos Originais, mas a torcida lota os estádios
na esperança de que seu time, sempre competitivo, finalmente
saia da fila.
Mas faltou um dos Seis Originais. O time que tem experimentado menos
sucesso nos últimos tempos. Nas últimas quatro décadas,
para ser mais exato. O Chicago Blackhawks hoje é o time da liga
há mais tempo na fila. Sua última conquista foi em 1961.
Nos últimos tempos, seu sucesso (?) tem sido microscópico.
É bem verdade que eles chegaram ao vice-campeonato da Copa em
1992, mas foram varridos pelos Penguins. Tiveram também a melhor
campanha durante a temporada regular um ano antes, mas acabaram eliminados
na primeira fase dos playoffs. E também chegaram às finais
de conferência em 1995, mas ali o fator sorte foi determinante,
e o consenso foi de que o time só foi longe graças à
queda prematura de outros adversários: quando enfrentaram o único
adversário que passou por seu caminho, o Detroit, o time caiu
rapidamente de quatro, sendo eliminado com extrema facilidade.
Agora, depois de anos jogando um hóquei meia-boca, ausente ou
eliminado precocemente dos playoffs, o time volta a dar esperanças
à torcida. Não que esteja jogando por música; está
muito longe disso. Mas, numa era em que a média de gols dá
um passeio (espero que de curta duração) pela casa abaixo
dos 5 por jogo, sua eficiência na defesa tem obscurecido a incompetência
no ataque e, ainda melhor, o time tem conquistado pontos importantes.
Esse estilo não é exatamente uma novidade. Afinal, os
Hawks adotaram-no com sucesso há duas temporadas, quando o time
voltou aos playoffs depois de uma ausência de cinco anos e o técnico
Brian Sutter foi indicado ao Troféu Jack Adams. Mas na temporada
passada não funcionou.
Pode-se comparar os Hawks ao Minnesota Wild, pelas poucas caras reconhecíveis
no elenco. A diferença, além do esquema, é que
os desconhecidos são fruto do pão-durismo do dono do time,
Bill Wirtz. Com uma equipe assim, só mesmo um sistema bem implantado
e aceito pelos jogadores pode levar ao sucesso. Foi o que aconteceu
em 2001-02. Foi também o que deu errado em 2002-03.
Em 2003-04, ao menos por enquanto, as coisas estão dando certo.
Ninguém vai esperar uma campanha de 82-0, claro, por isso os
atuais 6-6-3 têm sido bem vistos pela imprensa local, ainda que
esta possa ser leniente pelo costume de ver seus times se dando mal
os Bears não têm nenhum título da NFL nos
últimos 18 anos, têm um nos últimos 40; os White
Sox não ganham um título da MLB desde 1918; e os pobres
Cubs, desde 1917; há um outro time na cidade, mas sobre esse
esporte não se lerá nada nos meus artigos.
É bem verdade que o time se deu mal no último fim de semana,
com uma derrota na prorrogação para os Avs, e sofrendo
um shutout dos rivais de divisão Wings, mas o simples fato de
ainda estar no páreo passado um quarto da temporada (!) já
é motivo de comemoração para um time que tem se
acostumado a estar na lanterna desde os primeiros jogos do ano.
Outro motivo de esperança é a saída do agora ex-gerente
geral Mike Smith. "Já foi tarde" foi uma das frases
mais ouvidas entre os torcedores nos dias que se seguiram à decapitação.
Por enquanto, Bob Pulford ocupa o cargo, mas comenta-se que o assistente
de GG Dale Tallon pode assumir nas próximas semanas. A saída
de Smith deve provocar uma virada (para melhor) de 180º nos rumos
do time, mas a poeira ainda leva um tempo para baixar, e a indefinição
do novo GG não ajuda muito.
Se os Hawks chegarem aos playoffs, já vão poder comemorar.
Ir longe ainda não parece possível, mas se as promessas
começarem a se tornar estrelas e ficarem no clube, pode ser que
a torcida volte a ter orgulho ao citar o nome do time junto aos demais
Seis Originais.
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Alexandre
Giesbrecht, publicitário, está planejando com
mais dois colegas de SLot BR uma visita à terra dos Oilers.
Os Oilers brasileiros (de Macaé), bem entendido. |
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ROSTOS DESCONHECIDOS Scott
Nichol e Travis Moen comemoram gol dos Hawks (Aynsley Floyd/AP -
02/11/03) |
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