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14 de novembro de 2003
O Original que parece expansão

Por Alexandre Giesbrecht

O Boston Bruins tem competido bem na liga durante os últimos 15 anos, chegando a duas finais da Copa Stanley e a duas finais de conferência, além de algumas temporadas com bons resultados nos 82 jogos iniciais. O Detroit Red Wings teve mais sucesso ainda, com consecutivas temporadas vitoriosas, incluindo aí três títulos da Copa Stanley e um vice-campeonato. O Montreal Canadiens não anda à altura de seu passado, mas ganhou uma Copa Stanley há dez anos e teve alguns bons playoffs depois disso. O New York Rangers, apesar de ser a eterna piada da liga por causa da sua alta folha salarial, que nunca tem retorno algum, livrou-se de um tabu em 1994, e chegou às finais de conferência três anos depois. O Toronto Maple Leafs tem competido consistentemente na última década.

Todos os times citados acima fazem parte dos Seis Originais e têm tido alguma forma de sucesso nos últimos anos. Tudo bem que os Leafs não ganham a Copa desde os tempos em que os Seis Originais eram os Únicos Originais, mas a torcida lota os estádios na esperança de que seu time, sempre competitivo, finalmente saia da fila.

Mas faltou um dos Seis Originais. O time que tem experimentado menos sucesso nos últimos tempos. Nas últimas quatro décadas, para ser mais exato. O Chicago Blackhawks hoje é o time da liga há mais tempo na fila. Sua última conquista foi em 1961. Nos últimos tempos, seu sucesso (?) tem sido microscópico.

É bem verdade que eles chegaram ao vice-campeonato da Copa em 1992, mas foram varridos pelos Penguins. Tiveram também a melhor campanha durante a temporada regular um ano antes, mas acabaram eliminados na primeira fase dos playoffs. E também chegaram às finais de conferência em 1995, mas ali o fator sorte foi determinante, e o consenso foi de que o time só foi longe graças à queda prematura de outros adversários: quando enfrentaram o único adversário que passou por seu caminho, o Detroit, o time caiu rapidamente de quatro, sendo eliminado com extrema facilidade.

Agora, depois de anos jogando um hóquei meia-boca, ausente ou eliminado precocemente dos playoffs, o time volta a dar esperanças à torcida. Não que esteja jogando por música; está muito longe disso. Mas, numa era em que a média de gols dá um passeio (espero que de curta duração) pela casa abaixo dos 5 por jogo, sua eficiência na defesa tem obscurecido a incompetência no ataque e, ainda melhor, o time tem conquistado pontos importantes.

Esse estilo não é exatamente uma novidade. Afinal, os Hawks adotaram-no com sucesso há duas temporadas, quando o time voltou aos playoffs depois de uma ausência de cinco anos e o técnico Brian Sutter foi indicado ao Troféu Jack Adams. Mas na temporada passada não funcionou.

Pode-se comparar os Hawks ao Minnesota Wild, pelas poucas caras reconhecíveis no elenco. A diferença, além do esquema, é que os desconhecidos são fruto do pão-durismo do dono do time, Bill Wirtz. Com uma equipe assim, só mesmo um sistema bem implantado e aceito pelos jogadores pode levar ao sucesso. Foi o que aconteceu em 2001-02. Foi também o que deu errado em 2002-03.

Em 2003-04, ao menos por enquanto, as coisas estão dando certo. Ninguém vai esperar uma campanha de 82-0, claro, por isso os atuais 6-6-3 têm sido bem vistos pela imprensa local, ainda que esta possa ser leniente pelo costume de ver seus times se dando mal — os Bears não têm nenhum título da NFL nos últimos 18 anos, têm um nos últimos 40; os White Sox não ganham um título da MLB desde 1918; e os pobres Cubs, desde 1917; há um outro time na cidade, mas sobre esse esporte não se lerá nada nos meus artigos.

É bem verdade que o time se deu mal no último fim de semana, com uma derrota na prorrogação para os Avs, e sofrendo um shutout dos rivais de divisão Wings, mas o simples fato de ainda estar no páreo passado um quarto da temporada (!) já é motivo de comemoração para um time que tem se acostumado a estar na lanterna desde os primeiros jogos do ano.

Outro motivo de esperança é a saída do agora ex-gerente geral Mike Smith. "Já foi tarde" foi uma das frases mais ouvidas entre os torcedores nos dias que se seguiram à decapitação. Por enquanto, Bob Pulford ocupa o cargo, mas comenta-se que o assistente de GG Dale Tallon pode assumir nas próximas semanas. A saída de Smith deve provocar uma virada (para melhor) de 180º nos rumos do time, mas a poeira ainda leva um tempo para baixar, e a indefinição do novo GG não ajuda muito.

Se os Hawks chegarem aos playoffs, já vão poder comemorar. Ir longe ainda não parece possível, mas se as promessas começarem a se tornar estrelas e ficarem no clube, pode ser que a torcida volte a ter orgulho ao citar o nome do time junto aos demais Seis Originais.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, está planejando com mais dois colegas de SLot BR uma visita à terra dos Oilers. Os Oilers brasileiros (de Macaé), bem entendido.
 
  ROSTOS DESCONHECIDOS Scott Nichol e Travis Moen comemoram gol dos Hawks (Aynsley Floyd/AP - 02/11/03)

 

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Página publicada em 12 de novembro de 2003.