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6 de novembro de 2002
Futebol "who"? Eu quero é hóquei!

Por Cláudio Aguiar

Talvez eu não seja a pessoa mais indicada para escrever um artigo sobre a cobertura da NHL no Brasil, uma vez que nunca tive TV por assinatura e fico sabendo da cobertura do esporte na televisão por meio de amigos fãs de hóquei. Mas vou dar meus dois centavos mesmo assim, afinal, se hoje eu não tenho TV por assinatura é porque esta não tem hóquei.

Bons tempos aqueles em que não existia a programação diferenciada da ESPN para a América Latina, com seus campeonatos de homem mais forte do mundo, melhor bombeiro do mundo, cachorro mais inteligente do mundo etc. O Brasil tinha o privilégio de receber uma programação de jogos da NHL equivalente à americana. Mas, infelizmente, o hóquei no gelo não é um esporte difundido no país. Por motivos óbvios: não se pode praticar hóquei no gelo desde criancinha como se joga uma pelada lá no terraço do prédio ou num campo num terreno baldio. Não há gelo! E, assim, os brasileiros deixam de conhecer esse esporte que tem tantas semelhanças com o futebol: uma meta (gol), um goleiro, vários jogadores, falta, impedimento... Conceitos muito mais fáceis de se absorver para quem assiste a um jogo de hóquei pela primeira vez do que um leigo em beisebol tentando acompanhar sua primeira partida.

Sem audiência não há transmissão. Temos que concordar com isso, apesar de nada me tirar da cabeça que dá mais audiência transmitir uma partida da NHL do que um campeonato de homem mais forte do mundo ou reprisar uma mesma partida de futebol quatro vezes (seguidas). Onde assistir hóquei no Brasil então? A única emissora autorizada a transmitir jogos da NHL para cá é a ESPN, que detém os direitos de exclusividade de transmissão do esporte para a terra tupiniquim. Mas não há nenhum respeito para com os fãs locais. Raríssimas partidas são transmitidas, sendo em sua maioria VT's. Jogos anunciados previamente simplesmente não são exibidos e, quando são, sofrem cortes constantes. Não é raro se descobrir uma partida passando por acaso — às vezes ao vivo —, "zapeando" pelos canais. A maior esperança brasileira de se assistir à NHL é na época do Master Series de tênis, cujos direitos de transmissão a ESPN não detém. Aí, para "tapar o buraco", temos hóquei!

Por que gastar uma fortuna comprando os direitos de exclusividade de um esporte que você não pretende transmitir? Essa é a pergunta que não quer calar. Não podemos nem contar com um pacote Center Ice pela DirecTV aqui no Brasil, simplesmente porque a ESPN tem exclusividade sobre o esporte. E não adianta pedir para eles transmitirem mais partidas, pois será enviada a resposta padrão: "Obrigado pela sugestão; estamos encaminhando ao setor responsável". Ainda há gente que luta por isso divulgando o email da ESPN para que sejam enviadas reclamações. Quem sabe um dia...

Se não podemos contar com a ESPN, que tal ir direto à fonte? Pensando assim, fui ter com a NHL no ano passado, antes do início da temporada 2001-02. Consegui contato com a diretora de transmissão internacional da NHL, Susanna Mandel-Mantello, que foi bastante atenciosa e, aparentemente, prestativa. Coloquei-a a par da situação local, da falta de transmissão de jogos por parte da ESPN, ao mesmo tempo em que ela possui direitos de exclusividade. Durante alguns meses de contato, Susanna afirmou ter tentado conversar com a ESPN, Globosat, além de outras reuniões para discutir o assunto, e nada. Cheguei mesmo a telefonar para lá, conversei alguns minutos com ela, que disse que nada mais poderia fazer, já que a ESPN detém os direitos de transmissão e faz o que quiser com eles. Voltamos à estaca zero.

A cada ano que passa, vemos diminuída a programação de NHL para cá. E o futuro promete ser ainda mais negro, com a redução até mesmo da programação americana. Infelizmente, vamos ter que nos contentar em acompanhar a liga por meio de reportagens e de rádio pela Internet. Ou, bem, alguém aí sabe até quando vai o contrato da ESPN com a NHL?

Claudio descobriu a NHL por meio do NHL 93 para Mega Drive, quando adorava
jogar com o New York Rangers, que tinha "aquele Mark Messier, que é bom pra
caramba", mas nem sabia que aquilo tudo existia de verdade.
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Página publicada em 4 de novembro de 2002.