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16 de outubro de 2002
Humberto: Bola de cristal revisada

Por Humberto Fernandes

Dia desses, deparei-me com o artigo do Darren Eliot, colunista de hóquei da CNN Sports Illustrated, em que fazia previsões sobre a temporada 2002-03 da NHL. Darren deu ao seu artigo o título de "Bola de Cristal". Eu até queria recomendar que trocasse as pilhas do aparato, mas ele acerta em cheio alguns palpites.

Troféu Hart: José Théodore, Montreal
Não seria difícil imaginar Théodore sendo considerado o jogador mais valioso da temporada novamente. Vamos torcer apenas para que desta vez ele seja o maior merecedor do prêmio — certo, Iginla? Darren acertou ao acreditar que os Canadiens terão uma temporada melhor por estarem melhor no ataque, mas quem carrega mesmo o time é o goleiro.

Troféu Vezina: Nikolai Khabibulin, Tampa Bay
Se Théodore fará uma temporada digna de Hart, como não vencer também o Vezina? Incoerência gritante do colunista. Entretanto, ele aplica a mesma equação aqui: melhor ataque, mais vitórias, maior destaque a Khabibulin. E mais: se o Lightning vencer a Divisão Sudeste, Darren acredita que o russo possa concorrer ao Hart.

Troféu Calder: Stanislav Chistov, Anaheim
Para este prêmio cabe uma tradução livre do que escreveu Eliot. Felizmente, jovens talentos inundam a NHL. Dany Heatley provou em Atlanta na temporada passada que algumas belas jogadas às vezes são mais fáceis de reconhecer em times ruins. Um jovem jogador em um time em desenvolvimento recebe mais minutos de gelo em situações ofensivas — como vantagem numérica — que um novato em um time estabilizado. Por estes motivos, Chistov leva a melhor sobre Alexander Frolov, dos Kings.

Troféu Norris: Nicklas Lidstrom, Detroit
Ei, NHL, este prêmio deveria ser vitalício e se chamar Troféu Nicklas Lidstrom. O único defensor que pode chegar perto dele — a uma distância de dois quilômetros — é Rob Blake, do Avalanche.

Prêmio Jack Adams: Lindy Ruff, Buffalo
Ruff é favorito a este prêmio, desde que consiga chegar aos playoffs. Considerando a boa campanha na segunda metade da temporada passada e a crise financeira dos Sabres, não é difícil imaginar Ruff vencendo — o que é merecido.

Troféu Lady Bing: Paul Kariya, Anaheim
Dois troféus para Anaheim? Impensável, talvez. Mas, tentando recuperar-se de uma temporada ruim, acredita-se que Kariya passará todo o ano patinando na esquerda e marcando pontos, sem se importar com mais nada.

Prêmio Selke: Niklas Sundstrom, San Jose
Segundo Eliot, times com qualidades individuais em suas terceiras linhas — jogadores que são capazes ofensivamente, já efetuando um importante papel defensivamente — são os favoritos para jogar nos times especiais esta temporada. Um dos melhores jogadores de terceira linha é Sundstrom, que finalmente pode ser reconhecido como tal. A concorrência é grande por este prêmio.

Troféu Art Ross: Peter Forsberg, Colorado
Artilheiro dos playoffs da temporada passada, Forsberg deve ser realmente encarado com um dos favoritos ao Art Ross. Ao lado de Sakic, representa uma das melhores duplas em vantagem numérica da liga. Capaz de fazer jogadas incríveis e vencer jogos, ao mesmo tempo em que enfia o taco na cara de um adversário — mesmo que ele tenha melhorado este aspecto após perder toda a temporada por contusão —, é sem dúvida alguma um dos melhores centrais da liga, senão o melhor.

Troféu Rocket Richard: Markus Naslund, Vancouver
Após duas temporadas atingindo a marca dos 40 gols, Naslund pode subir um degrau e atingir meia centena. Os Canucks tentam se firmar e emergir para a elite, com bons jogadores — Bertuzzi, por exemplo — e um treinador admirado em Vancouver — somente lá. Naslund está no gelo para marcar gols, tanto em vantagem numérica quanto em condições normais. Tem competência suficiente para vencer a concorrência.

Darren fez previsões também sobre os campeões:

Atlântico: NY Rangers (concordo)
Com Trottier, Holik, Kasparaitis, Bure, Lindros, Messier, agora vai? Se não conseguirem será culpa dos Devils.

Nordeste: Ottawa (discordo)
A cada início de temporada a imprensa de Ottawa diz que o time está melhor em relação ao ano anterior. Cada vez de uma maneira diferente. Entretanto, não inspiram minha confiança. O Noroeste é novamente dos Maple Leafs.

Sudeste: Carolina (discordo)
Quem é Carolina? Vice-campeão na temporada passada por pura incompetência dos adversários, não devem fazer nada neste ano. A Divisão Sudeste nem merece aparecer nas resenhas, mas fica registrado o favoritismo dos Capitals (como em todos os anos).

Central: Detroit (concordo)
Nenhuma dúvida. Divisão Central rima com Detroit Red Wings. E os adversários concordam.

Noroeste: Colorado (concordo)
Divisão Noroeste e Colorado Avalanche são a mesma "pessoa", não? Canucks, Oilers, Flames e Wild nunca negaram.

Pacífico: Los Angeles (discordo)
Eu também queria apostar nos Kings para o Pacífico, mas, depois de perderem os playoffs da temporada passada e reforçar ainda mais o time, Stars favoritos, com Kings logo atrás, deixando os Sharks em terceiro.

Campeões de Conferência

Leste: Ottawa (discordo)
A menos que os Leafs sejam eliminados por outra equipe, os Senators jamais chegarão a uma final de conferência. Eles até têm mais chances este ano, já que o inimigo (Curtis Joseph) não mora mais ao lado (Toronto). Mas não há como imaginar este time na Stanley Cup. Eu aposto irracionalmente nos Rangers.

Oeste: Colorado (discordo)
Discordo, sim, porque os Red Wings são superiores, mas com um porém: se os Wings não levarem, os Avs levam. São os dois melhores times da NHL há vários anos. Detroit e Denver já podem vender antecipadamente os ingressos para a final de conferência entre seus times. E Detroit campeão.

Campeão da Stanley Cup: Colorado (discordo)
Mesmos comentários do tópico anterior. Vale ressaltar que o Oeste será campeão novamente, ou com os Wings ou com o Avalanche. Fico com os Wings, claro.

Eliot também comentou sobre a equipe que será surpresa (Montreal), o jogador que vai surpreender (Derek Morris, do Colorado), a equipe decepcionante (St. Louis), o jogador decepcionante (Ed Belfour, do Toronto), o jogador subvalorizado (Daniel Alfredsson, do Ottawa) e o supervalorizado (Jiri Dopita, do Edmonton).

Destes, quero comentar apenas sobre Belfour. Quase toda a liga o ofende com coros de "Eddie, the Chicken". Será possível que ninguém viu as finais da Stanley Cup 2000, quando ele fez incontáveis defesas nos últimos jogos? Somente vendo aqueles jogos conclui-se que ele é bom, muito bom. Sem falar nos números de sua carreira, estatísticas, contra o que não há questionamento. Após uma temporada ridícula, é hora de Belfour dar a volta por cima e calar os críticos.

No fim das contas, esta temporada promete (e muito!). Eu não costumo apoiar times pequenos, mas seria interessante ver Eliot e eu errarmos todos os palpites acima — desde que Penguins e Avalanche não sejam mencionados.

Humberto Fernandes não tem vocação alguma para Mãe Dinah, mas gosta de chutar alguns palpites.
 
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Página publicada em 14 de outubro de 2002.