8 de maio de 2002
Fabiano: Zebra Carolina de Raleigh bate os favoritos Devils

Por Fabiano Pereira

Para o Carolina Hurricanes, apelidados de "Horrorcanes" e jogando na "Southleast Division", vencer o New Jersey Devils, apontado como favorito mesmo não tendo o mando de jogo nesta série, não seria nada mal. Após bater o recorde de sete empates consecutivos em casa, praticamente todos -- acho que inclusive os torcedores do time -- duvidaram que a equipe comandada por Ron Francis chegaria muito longe nos playoffs. "Talvez perder de 4-2 seja um bom resultado".

Pois bem. Contrariando todos e quaisquer prognósticos (inclusive o nosso, da Slot), os Hurricanes não só vencerem a série, mas venceram bem. Placar final: 4-2.

Contando com estrelas como Scott Stevens, Martin Brodeur, Patrik Elias, Brian Rafalski, Scott Niedermayer, Joe Nieuwendyk e Bobby Holik, fora jogadores muito bons em todas as posições, os Devils eram francos favoritos, mesmo tendo se classificado em sétimo lugar. Afinal, engrenaram nos últimos jogos, enquanto seu adversário, o vencedor da divisão mais fraca da liga, vinha se arrastando para segurar os Capitals e chegou desacreditado.

Após vencer o primeiro jogo por 2-1 em Raleigh, gols de Brind'Amour e do calouro Eric Cole, com Elias descontando para os Devils, todos prontificaram-se a dizer: "Calma, os Devils ainda estão na parada, vão virar o resultado".

Segundo jogo e novamente os Hurricanes venceram, mesmo placar, sendo que o gol da vitória foi marcado na prorrogação, por Bates Battaglia, com Bobby Holik abrindo o placar para os Devils e novamente o calouro Cole marcando para os Canes, empatando a peleja até aquele momento. Novamente, vieram os defensores dos Devils: "Sim, mesmo assim, eles vão vencer. São um time acostumado a adversidades".

Vindo com tudo para cima do goleiro Arturs Irbe, que fora sensacional nos dois jogos anteriores, os Devils explodiram ofensivamente, com um retumbante placar de 4-0, cortesia de Brian Gionta (que perdera o disco que originou o gol da vitória dos Canes na prorrogação do jogo 2), Rafalski (dois gols) e Holik. Brodeur, sem muito trabalho, conseguiu seu 13.º shutout em jogos de playoffs. Enquanto isso, o diminuto goleiro letão dos Hurricanes foi tirado, em favor do reserva Kevin Weekes, após levar três gols em apenas nove chutes. Weekes, por sua vez, levou apenas um gol em 23 chutes. É, os Devils estavam de volta a East Rutherford e pareciam de volta à série.

E realmente estavam, ao vencer o quarto jogo, por outro bom placar: 3-1, não dando chances novamente a Irbe, que novamente foi tirado do jogo, após levar dois gols em oito chutes. Com Weekes novamente no gelo não foi o suficiente, apesar de ter pego 13 de 14 chutes. Do outro lado estava Martin Brodeur, quente como nunca, com 23 defesas em 24 chutes. Gionta, Holik e Rafalski foram novamente os grandes responsáveis pela vitória, marcando os gols.

Sabemos o quanto os Devils são um time encardido, que joga duro e não se intimida. Por isso, a série parecia dominada e qualquer chance de reviravolta dos Hurricanes estava sepultada. Mais ou menos o que aconteceu na série Detroit Red Wings x Vancouver Canucks, em que os Wings venceram quatro jogos seguidos depois de perder os dois primeiros.

Analistas e palpiteiros de plantão, pasmem: o time da Carolina do Norte veio forte em seus domínios e despachou os Devils, com os apertados placares de 3-2 (gol da vitória na prorrogação) e 1-0, graças a uma sábia decisão do técnico Paul Maurice: começar com Weekes no gol. Apesar de tudo o que Irbe representa para a franquia dos Hurricanes, sendo o goleiro mais vitorioso em toda sua história, Weekes era a escolha certa e não decepcionou.

Apesar de um trabalho exaustivo dos dois goleiros, Weekes aproveitou-se de seu tamanho e parou o ataque dos Devils em ambos os jogos. No quinto jogo, seu primeiro como titular, ele fez 40 defesas. E no sexto jogo, um shutout, seu primeiro em playoffs. Impressionante, não?

Parece que os deuses do hóquei estavam conspirando a favor dos Hurricanes. Davi contra Golias?

Exatamente! Davi derrotou Golias e calou palpiteiros, analistas e torcedores em geral. Mas fica a pergunta: poderão os Hurricanes surpreender e derrotar os Canadiens, que vêm com tudo após derrotar o campeão do Leste Boston Bruins? Isso, meus amigos, vai depender dos deuses do hóquei...

Fabiano Pereira não mandou um descritivo para o rodapé, não se sabe se por esquecimento ou por algum motivo relacionado a um certo time chamado "Joes".
 
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Página publicada em 6 de maio de 2002.