Por
Thomaz Alexandre
Nos países desenvolvidos, as pessoas que se destacam em algum
campo da sociedade não passam sem ter seus feitos devidamente
valorizados, reconhecidos e homenageados. Sejam músicos, militares
ou, no caso de nosso interesse, atletas, aqueles que um dia foram chamados
de notáveis são imortalizados de diversas maneiras.
Um dos meios mais comuns, pomposos e significativos de homenagem é
a criação de um Salão da Fama (Hall Of Fame) dedicado
a um determinado ofício. O Salão da Fama funciona como
uma espécie de museu, adaptado ao assunto de que trata. Em Cleveland
(Ohio, EUA), pode ser encontrado o Salão da Fama do Rock n' Roll,
que guarda fotos, instrumentos, roupas e afins de gente como Elvis Presley,
Paul McCartney, Fred Mercury e Axl Rose. Da mesma forma, em Toronto
(Ontario, Canadá) fica o Salão da Fama do Hóquei,
local onde Jean Beliveau, Vladislav Tretiak, Bobby Orr, Mario Lemieux
e Wayne Gretzky convivem e conviverão com outras centenas de
lendas eternamente.
O edifício e seus ilustres moradores -- Sediado num belo
edifício de arquitetura rococó, onde antes funcionava
uma filial do Bank Of Montreal, o Salão da Fama acabou por anexar
terrenos vizinhos e ampliar seu tamanho em seis vezes. Na parte onde
ficava o banco funciona apenas o Bell Great Hall, sala que guarda os
originais da Stanley Cup e de todos os outros troféus oferecidos
pela NHL.
Hoje, 326 personalidades fazem parte do Salão da Fama, entre
jogadores, técnicos, árbitros e executivos. Para fazer
parte e ser imortalizado no Salão, é preciso antes receber
uma indicação.
O período normal de espera por uma indicação é
de três anos após a aposentadoria, porém, no caso
de técnicos, fundadores e árbitros de carreira lôngeva,
esta pode ser recebida ainda em plena atividade. Scotty Bowman, atual
treinador dos Wings, por exemplo, foi indicado em 1991, quando ainda
tinha três Stanley Cups a vencer pela frente.
No caso dos jogadores, apenas dez vezes foi abolida a espera de três
anos para que um fosse indicado. E, para completar, a NHL já
anunciou que não indicará mais ninguém antes de
completos três anos de aposentadoria (única justificativa
para a não indicação de Raymond Bourque em 2001,
por exemplo). Mario Lemieux, em 1997, e Wayne Gretzky, o último,
em 1999, são exemplos de jogadores indicados imediatamente após
a aposentadoria.
Após indicado, o jogador precisa receber 70% de aprovação
dos membros do Salão, diretoria e fundadores para ser incluído
como membro. Caso não atinja o percentual, seu nome volta a ser
votado no ano seguinte. É muito raro um jogador indicado não
ser aprovado pelos membros.
Como símbolo de sua introdução no Salão,
o novo membro recebe um anel de ouro, onde estão marcados o logo
da instituição e uma figura do edifício, numa cerimônia
onde discursa e responde perguntas de uma platéia formada por
membros, jornalistas e convidados.
Um passeio pelo Salão -- Uma visita a este local mágico
inclui um roteiro que, combinando a tradição do esporte
à tecnologia, acaba por entreter até a quem não
é um grande fã.
A entrada se dá pelo pavilhão 'Toronto Sun Great Moments',
que exibe fotos, gravuras, equipamento, som e vídeo relacionados
aos grandes eventos da história do hóquei. Seguindo a
proposta histórica, a 'Origins and NHL History Zone' mostra a
evolução no jogo, desde o equipamento (originalmente os
goleiros se vestiam exatamente como os patinadores, por exemplo) até
as regras (o primeiro jogo documentado, ocorrido em 1875, foi disputado
no formato nove contra nove). Em 'Grand Ole' Houses of Hockey', um tributo
é pago às arenas que serviam de lar para os times chamados
'Seis Originais' (Original Six). A saber: Montreal Forum (Canadiens),
Maple Leaf Gardens (Toronto), Chicago Stadium (Blackhawks), Detroit
Olympia (Red Wings), Madison Square Garden (New York Rangers) e Boston
Garden (Bruins). Finalizando esta etapa vem o 'Blockbuster Video Dressing
Room', onde é possível adentrar uma réplica fidelíssima
do vestiário do Montreal Canadiens no antigo Forum e por uma
janela de vidro tem-se a visão de uma maquete de um vestiário
da década de 20, pelo qual podem ser percebidas as gritantes
diferenças vindas com o tempo.
A parte mais interativa do passeio começa na 'TSN/RDS Broadcast
Zone', cujo objetivo é revelar ao visitante todos os segredos
da transmissão de hóquei pela TV. Uma reprodução
perfeita tanto interna quanto externamente de uma unidade móvel
de TV exibe e explica como cada detalhe de uma transmissão ao
vivo funciona. Aqui é possível narrar e gravar em VHS
uma jogada ou comandar sua própria "mesa redonda".
A interatividade sai um pouco de cena na próxima atração,
o 'Hartland Molson Theatre'. Este pequeno cinema exibe as mais variadas
produções sobre o esporte, com destaque para: 'The Rivalry',
centrada na rixa ferrenha entre Montreal Canadiens e Toronto Maple Leafs;
'Dynasties', que em 37 minutos passeia pelas nove dinastias que passaram
pela NHL; e, como não poderia faltar, um tape de 44 minutos com
imagens de jogo, entrevistas e intimidade com um certo canadense que
vestia o número 99...
Um dos maiores baratos sem dúvida é o 'McDonalds Impact
Zone'. Dividido em duas partes, o pavilhão apresenta primeiro
um museu com artefatos pertencentes às lendas que compõem
a lista de membros, pertencentes às quatro categorias. Também
existe muito material sobre o hóquei internacional e ligas já
finadas, como a IHL. Na parte interativa, 'NHL Full Impact', é
possível se vestir de goleiro num simulador de realidade virtual
e tentar parar um ataque da dupla que fez história até
1988 no Edmonton Oilers e sete anos depois no New York Rangers: Wayne
Gretzky e Mark Messier. Mas, para quem preferir queimar alguns neurônios
ao invés de ser bombardeado por pucks, há um dificílimo
jogo de trivia disponível. Na próxima zona interativa,
'Coca-Cola Rink', o lance é disparar o disco contra Dominik Hasek,
enquanto os mais preguiçosos assistem sentados em bancos retirados
das arenas dos Seis Originais.
'Household Family Zone' tenta retratar a realidade das famílias
envolvidas com hóquei. Desde as crianças brincando com
cards ou bubble hockey até a preocupação de pais
que vão levar seus meninos e meninas para jogar, passando ainda
por uma sala de estar dos anos 50, onde uma família se reúne
para assistir pela TV a mais uma edição de 'Hockey Night
In Canada'.
Por falar em Canadá, as duas seções seguintes dividem
as atrações por seus aspectos geográficos. 'Ford
North American Zone' e 'Royal Canadian Mint World Of Hockey' tratam
da importância das ligas infantis, juvenis, juniores e também
das competições internacionais, onde atletas precisam
carregar na alma o desejo de representar seu país.
A próxima sala, 'Esso Theatre', é o local dos eventos,
recepções, premiações e seções
de autógrafos. Ao sair dela volta-se ao já citado 'Bell
Great Hall'.
No fim do passeio, é claro, uma loja, 'The Spirit Of Hockey',
com os mais variados produtos sobre hóquei, de qualquer liga,
organização ou time que se possa imaginar, custando todo
e qualquer preço que se possa imaginar também...
Informação -- O Salão da Fama edita duas
revistas trimestrais/eventuais. Uma é feita em formato americano,
a 'Teammates', que traz matérias especiais e notícias
sobre as novas aquisições da instituição.
As edições são compostas de 12 páginas.
Não há anúncios nessa revista.
Já a 'Hockey Hall Of Fame Magazine' é feita em páginas
menores, porém mais abundantes (são 72). Ela traz tudo
sobre os mais recentes indicados, lista de membros, guia para o Salão,
os times campeões de todas as ligas do mundo, a lista de todos
os campeões da Stanley Cup, do mundial e da Canadian Hockey League
Memorial Cup (júnior) até hoje, além de matérias
especiais sobre membros e variedades relacionadas ao jogo. Já
esta publicação está repleta de patrocinadores.
Ambas foram usadas como fonte para este artigo.
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AMOSTRA Duas pequenas amostras
do Salão da Fama. Quer ver mais? Vá até Toronto.
Passagens a partir de R$ 2.060 pela Delta Air Lines (The Slot BR
- Arquivo) |
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PARA SABER MAIS |
Site oficial |
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