17 de abril de 2002
O Salão da Fama do Hóquei no Gelo

Por Thomaz Alexandre

Nos países desenvolvidos, as pessoas que se destacam em algum campo da sociedade não passam sem ter seus feitos devidamente valorizados, reconhecidos e homenageados. Sejam músicos, militares ou, no caso de nosso interesse, atletas, aqueles que um dia foram chamados de notáveis são imortalizados de diversas maneiras.

Um dos meios mais comuns, pomposos e significativos de homenagem é a criação de um Salão da Fama (Hall Of Fame) dedicado a um determinado ofício. O Salão da Fama funciona como uma espécie de museu, adaptado ao assunto de que trata. Em Cleveland (Ohio, EUA), pode ser encontrado o Salão da Fama do Rock n' Roll, que guarda fotos, instrumentos, roupas e afins de gente como Elvis Presley, Paul McCartney, Fred Mercury e Axl Rose. Da mesma forma, em Toronto (Ontario, Canadá) fica o Salão da Fama do Hóquei, local onde Jean Beliveau, Vladislav Tretiak, Bobby Orr, Mario Lemieux e Wayne Gretzky convivem e conviverão com outras centenas de lendas eternamente.

O edifício e seus ilustres moradores -- Sediado num belo edifício de arquitetura rococó, onde antes funcionava uma filial do Bank Of Montreal, o Salão da Fama acabou por anexar terrenos vizinhos e ampliar seu tamanho em seis vezes. Na parte onde ficava o banco funciona apenas o Bell Great Hall, sala que guarda os originais da Stanley Cup e de todos os outros troféus oferecidos pela NHL.

Hoje, 326 personalidades fazem parte do Salão da Fama, entre jogadores, técnicos, árbitros e executivos. Para fazer parte e ser imortalizado no Salão, é preciso antes receber uma indicação.

O período normal de espera por uma indicação é de três anos após a aposentadoria, porém, no caso de técnicos, fundadores e árbitros de carreira lôngeva, esta pode ser recebida ainda em plena atividade. Scotty Bowman, atual treinador dos Wings, por exemplo, foi indicado em 1991, quando ainda tinha três Stanley Cups a vencer pela frente.

No caso dos jogadores, apenas dez vezes foi abolida a espera de três anos para que um fosse indicado. E, para completar, a NHL já anunciou que não indicará mais ninguém antes de completos três anos de aposentadoria (única justificativa para a não indicação de Raymond Bourque em 2001, por exemplo). Mario Lemieux, em 1997, e Wayne Gretzky, o último, em 1999, são exemplos de jogadores indicados imediatamente após a aposentadoria.

Após indicado, o jogador precisa receber 70% de aprovação dos membros do Salão, diretoria e fundadores para ser incluído como membro. Caso não atinja o percentual, seu nome volta a ser votado no ano seguinte. É muito raro um jogador indicado não ser aprovado pelos membros.

Como símbolo de sua introdução no Salão, o novo membro recebe um anel de ouro, onde estão marcados o logo da instituição e uma figura do edifício, numa cerimônia onde discursa e responde perguntas de uma platéia formada por membros, jornalistas e convidados.

Um passeio pelo Salão -- Uma visita a este local mágico inclui um roteiro que, combinando a tradição do esporte à tecnologia, acaba por entreter até a quem não é um grande fã.

A entrada se dá pelo pavilhão 'Toronto Sun Great Moments', que exibe fotos, gravuras, equipamento, som e vídeo relacionados aos grandes eventos da história do hóquei. Seguindo a proposta histórica, a 'Origins and NHL History Zone' mostra a evolução no jogo, desde o equipamento (originalmente os goleiros se vestiam exatamente como os patinadores, por exemplo) até as regras (o primeiro jogo documentado, ocorrido em 1875, foi disputado no formato nove contra nove). Em 'Grand Ole' Houses of Hockey', um tributo é pago às arenas que serviam de lar para os times chamados 'Seis Originais' (Original Six). A saber: Montreal Forum (Canadiens), Maple Leaf Gardens (Toronto), Chicago Stadium (Blackhawks), Detroit Olympia (Red Wings), Madison Square Garden (New York Rangers) e Boston Garden (Bruins). Finalizando esta etapa vem o 'Blockbuster Video Dressing Room', onde é possível adentrar uma réplica fidelíssima do vestiário do Montreal Canadiens no antigo Forum e por uma janela de vidro tem-se a visão de uma maquete de um vestiário da década de 20, pelo qual podem ser percebidas as gritantes diferenças vindas com o tempo.

A parte mais interativa do passeio começa na 'TSN/RDS Broadcast Zone', cujo objetivo é revelar ao visitante todos os segredos da transmissão de hóquei pela TV. Uma reprodução perfeita tanto interna quanto externamente de uma unidade móvel de TV exibe e explica como cada detalhe de uma transmissão ao vivo funciona. Aqui é possível narrar e gravar em VHS uma jogada ou comandar sua própria "mesa redonda".

A interatividade sai um pouco de cena na próxima atração, o 'Hartland Molson Theatre'. Este pequeno cinema exibe as mais variadas produções sobre o esporte, com destaque para: 'The Rivalry', centrada na rixa ferrenha entre Montreal Canadiens e Toronto Maple Leafs; 'Dynasties', que em 37 minutos passeia pelas nove dinastias que passaram pela NHL; e, como não poderia faltar, um tape de 44 minutos com imagens de jogo, entrevistas e intimidade com um certo canadense que vestia o número 99...

Um dos maiores baratos sem dúvida é o 'McDonalds Impact Zone'. Dividido em duas partes, o pavilhão apresenta primeiro um museu com artefatos pertencentes às lendas que compõem a lista de membros, pertencentes às quatro categorias. Também existe muito material sobre o hóquei internacional e ligas já finadas, como a IHL. Na parte interativa, 'NHL Full Impact', é possível se vestir de goleiro num simulador de realidade virtual e tentar parar um ataque da dupla que fez história até 1988 no Edmonton Oilers e sete anos depois no New York Rangers: Wayne Gretzky e Mark Messier. Mas, para quem preferir queimar alguns neurônios ao invés de ser bombardeado por pucks, há um dificílimo jogo de trivia disponível. Na próxima zona interativa, 'Coca-Cola Rink', o lance é disparar o disco contra Dominik Hasek, enquanto os mais preguiçosos assistem sentados em bancos retirados das arenas dos Seis Originais.

'Household Family Zone' tenta retratar a realidade das famílias envolvidas com hóquei. Desde as crianças brincando com cards ou bubble hockey até a preocupação de pais que vão levar seus meninos e meninas para jogar, passando ainda por uma sala de estar dos anos 50, onde uma família se reúne para assistir pela TV a mais uma edição de 'Hockey Night In Canada'.

Por falar em Canadá, as duas seções seguintes dividem as atrações por seus aspectos geográficos. 'Ford North American Zone' e 'Royal Canadian Mint World Of Hockey' tratam da importância das ligas infantis, juvenis, juniores e também das competições internacionais, onde atletas precisam carregar na alma o desejo de representar seu país.

A próxima sala, 'Esso Theatre', é o local dos eventos, recepções, premiações e seções de autógrafos. Ao sair dela volta-se ao já citado 'Bell Great Hall'.

No fim do passeio, é claro, uma loja, 'The Spirit Of Hockey', com os mais variados produtos sobre hóquei, de qualquer liga, organização ou time que se possa imaginar, custando todo e qualquer preço que se possa imaginar também...

Informação -- O Salão da Fama edita duas revistas trimestrais/eventuais. Uma é feita em formato americano, a 'Teammates', que traz matérias especiais e notícias sobre as novas aquisições da instituição. As edições são compostas de 12 páginas. Não há anúncios nessa revista.

Já a 'Hockey Hall Of Fame Magazine' é feita em páginas menores, porém mais abundantes (são 72). Ela traz tudo sobre os mais recentes indicados, lista de membros, guia para o Salão, os times campeões de todas as ligas do mundo, a lista de todos os campeões da Stanley Cup, do mundial e da Canadian Hockey League Memorial Cup (júnior) até hoje, além de matérias especiais sobre membros e variedades relacionadas ao jogo. Já esta publicação está repleta de patrocinadores.

Ambas foram usadas como fonte para este artigo.

AMOSTRA Duas pequenas amostras do Salão da Fama. Quer ver mais? Vá até Toronto. Passagens a partir de R$ 2.060 pela Delta Air Lines (The Slot BR - Arquivo)
 
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Página publicada em 15 de abril de 2002.